Pneumonia
O que é a pneumonia?
A pneumonia consiste numa inflamação do parênquima pulmonar - a área do pulmão onde se dão as trocas gasosas, essenciais para a manutenção da vida. Na pneumonia, os alvéolos e os bronquíolos respiratórios são afetados e ficam preenchidos com líquido resultante da inflamação, não sendo capazes de realizar as trocas gasosas e reduzindo a elasticidade do pulmão devido à consolidação das zonas do parênquima, o que provoca dificuldade respiratória.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, é a principal causa de mortalidade nas crianças em todo o mundo. Por ano, morrem cerca de 700 mil crianças com menos de 5 anos, ou seja, 2.000 mortes por dia. Estas mortes são ainda mais lamentáveis quando se sabe que podiam ter sido evitáveis e protegidas e que o tratamento é simples e barato.
A pneumonia, de um modo geral, tem uma causa infecciosa, bacteriana ou não. Estima-se que a “pneumonia da comunidade”, a forma mais comum, possa atingir, em todas as idades, até cerca de 12 pessoas por mil habitantes por ano. Nas crianças e nos idosos, as formas da doença são potencialmente mais graves, constituindo o maior número de internamentos. É também uma das principais causas de hospitalização e mortalidade em Portugal.
Tipos de pneumonia
A chamada pneumonia da comunidade (PAC) pode ser classificada em pneumonia típica e pneumonia atípica. Na pneumonia típica, os sintomas são sobretudo respiratórios. Já na pneumonia atípica os doentes referem muitas queixas extra-respiratórias, o que significa uma infeção mais generalizada. Esta classificação é importante porque o tratamento é diferente.
A pneumonia adquirida na comunidade é definida como a apresentação de sinais, sintomas e alterações radiológicas comuns a esta patologia num doente que vem da comunidade e que desenvolve este quadro normalmente até 48h após a admissão no hospital. A pneumonia hospitalar ou nosocomial é aquela que ocorre 48h após o internamento e que não estava em incubação na altura da admissão.
Sintomas de pneumonia
A doença pode não apresentar sintomas específicos que permitam um diagnóstico imediato. O que normalmente se observa são queixas comuns a outras enfermidades do aparelho respiratório e de outros sistemas, podendo incluir:
- Febre;
- Arrepios e suores frios;
- Tosse com ou sem expetoração;
- Expetoração de cor amarelada, esverdeada ou cor de ferrugem;
- Dificuldade respiratória ou falta de ar;
- Respiração acelerada;
- Dor torácica e ao tossir;
- Dores de cabeça ou musculares;
- Confusão mental (em idosos);
- Fadiga;
- Temperatura abaixo do normal (em idosos e pessoas com o sistema imunitário comprometido);
- Náuseas, vómitos ou diarreia;
- Perda de apetite.
Estes sintomas instalam-se geralmente de forma rápida e podem, ou não, coexistir. Na maioria dos casos, a evolução é benigna com tratamento, embora alguns doentes tenham um mau prognóstico. Na realidade, apesar do aparecimento de novos medicamentos e técnicas de tratamento, a pneumonia da comunidade continua a causar a morte em cerca de 1 % dos doentes.
A sua gravidade depende do agente responsável, da idade, do estado de saúde prévio do paciente e de uma terapêutica adequada. Um diagnóstico precoce e um tratamento correto são a chave para o sucesso.
A pneumonia é contagiosa?
A doença em si não é contagiosa, no entanto, os agentes infecciosos que causam a pneumonia são frequentemente transmitidos de pessoa para pessoa, muitas vezes adquiridos através da aspiração de bactérias que existem normalmente na parte superior da nasofaringe e se tornam agressivas em determinadas condições. E também podem surgir através de inalação de gotículas infetadas provenientes de outros doentes, como no caso das pneumonias virais.
Em situações menos frequentes, surge após a inalação destas gotículas a partir do meio ambiente ou com origem em animais. Nem todas as pessoas a quem são transmitidos os agentes infecciosos desenvolvem pneumonia e existe uma forma que não é contagiosa: a pneumonia provocada por fungos.
Causas de pneumonia
Os agentes que provocam a pneumonia podem ser bactérias, vírus ou fungos, sendo os mais comuns:
- Streptococcus pneumoniae: a causa mais frequente de pneumonia bacteriana;
- Haemophilus influenzae type b (Hib): a segunda pneumonia bacteriana mais comum;
- Vírus Sincicial Respiratório (VSR), a origem viral mais comum.
Uma pessoa com pneumonia pode permanecer contagiosa durante semanas, mas o tratamento reduz substancialmente esse risco. Quando se trata de uma bactéria, dois dias de antibiótico e o fim da febre são normalmente suficientes para impedir a transmissão. No caso dos vírus, o fim dos sintomas significa também que já não se está contagioso.
Fatores de risco para pneumonia
Quando o sistema imunitário está debilitado, o risco de pneumonia é mais elevado, como acontece na desnutrição, infeção pelo VIH/SIDA ou no caso de existirem outras doenças associadas. A poluição, o tabaco e os espaços densamente habitados são também fatores de risco de pneumonia.
Quanto a grupos sociais, as crianças, os idosos, as pessoas que vivem em instituições sociais ou lares, doentes crónicos e com dependência de álcool ou toxicodependentes também têm maior incidência da patologia.
As pneumonias adquiridas no hospital são particularmente graves porque nestas instituições existe uma grande variedade de microrganismos, alguns dos quais muito resistentes a antibióticos, e que podem causar a pneumonia nos doentes internados por outros motivos. A situação é agravada pelo facto de muitas pessoas terem outras patologias associadas ou estarem sujeitas a medicações que diminuem a sua capacidade de defesa.
Diagnóstico de pneumonia
A identificação da doença depende da história clínica e do exame médico. A radiografia torácica confirma o diagnóstico e exclui outras doenças que possam ter sintomas semelhantes. É imprescindível se não houver melhoria em 48 a 72 horas ou se o doente tem fatores de risco que facilitem o aparecimento de complicações a realização de Rx de tórax e/ ou de tomografia computorizada (TC) a qual pode fornecer imagens de melhor resolução. Podem ainda ser necessárias análises ao sangue (que ajudam a identificar o agente infeccioso) ou à expetoração. Em situações mais graves, pode ser recomendada a colheita de líquido pleural ou a realização de uma broncoscopia.
Tratamento da pneumonia
Na maioria dos casos, cerca de 80 %, o tratamento faz-se em ambulatório, não sendo necessário internamento. A hospitalização está indicada quando o doente apresenta outros problemas de saúde, quando a evolução não decorre de modo favorável e quando surge um agravamento dos sintomas ou do quadro clínico e quando surgem complicações.
O tratamento baseia-se em antibióticos, quase sempre por via oral, e outras medidas de apoio conforme necessário e a gravidade incluem soro intravenoso, oxigénio, medicamentos para a febre, tosse, entre outros. Nas pneumonias virais, são utilizados os medicamentos antivirais.
Prevenção da pneumonia
A vacina da gripe, a vacina pneumocócica e a da COVID-19 são formas de prevenir a pneumonia e podem ser administradas ao mesmo tempo, mas em locais distintos. Protegem as pessoas das formas mais agressivas da doença devendo, por isso, ser administradas quando existe maior risco, como nas pessoas com idade superior a 65 anos, os que vivem em lares ou noutras instituições, os que têm doenças crónicas, os que estão sujeitos a tratamentos que debilitam as suas defesas, as grávidas, os prestadores de cuidados de saúde e a todos os que convivem com pessoas em risco.
Além disso, uma nutrição adequada estimula as defesas naturais e ajuda a prevenir o seu desenvolvimento. O controlo da exposição a ambientes poluídos, não fumar e a adoção de uma boa higiene, sobretudo em casas ou locais de trabalho com muitas pessoas, são outras medidas importantes.
A vacina da pneumonia dura quanto tempo?
Em Portugal, são comercializadas duas vacinas contra os pneumococos, as principais bactérias responsáveis pelas pneumonias. Tanto a Pn20 como a Pn23 são injetáveis, sendo constituídas por fragmentos de vários tipos de pneumococos responsáveis pela maioria das infeções mais graves provocadas por esta bactéria.
A vacina pneumocócica pediátrica Pn20 deve ser administrada três vezes: aos 2, 4 e 12 meses de idade. Pode haver reforço, no entanto, a Pn20 normalmente não é usada a partir dos 2 anos. Trata-se de uma proteção adequada e eficaz para a maioria das pessoas, até aos 65 anos, não estando incluídas em grupos de risco.
Já a outra vacina antipneumocócica poliosídica comercializada no país, a Pn23, confere proteção contra 23 tipos diferentes de pneumococo. Está indicada para crianças com idade superior a 2 anos que necessitem da vacina, para adultos de grupos de risco e para todos os idosos a partir dos 65 anos.
Além da vacinação infantil, o esquema vacinal varia de pessoa para pessoa consoante o seu risco. No entanto, o tempo de espera entre doses de Pn23 é normalmente de 5 anos.
Atualizado a 11/11/2025
American Lung Association, outubro de 2025
Centers for Disease Control and Prevention, novembro de 2012
Direção Geral da Saúde, outubro de 2025
Fundação Portuguesa do Pulmão
Guimarães, C. e col., Pneumonia associada aos cuidados de saúde versus pneumonia adquirida na comunidade: entidades diferentes, abordagens distintas, Ver. Port. Pneumol. 2011; 17: 168-71
Mayo Clinic, outubro de 2025
Mayo Foundation for Medical Education and Research, abril de 2012
UNICEF, outubro de 2025
Sistema Nacional de Saúde, outubro de 2025
World Health Organization, abril de 2013