Vírus Sincicial Respiratório

O que é?

O vírus sincicial respiratório (VSR) é muito comum, sendo responsável por infeções respiratórias frequentes e com sintomas semelhantes aos provocados pelas constipações vulgares. Ainda assim, pode desencadear infeções graves, sobretudo em crianças, idosos e pessoas com doenças cardiopulmonares ou com o sistema imunitário comprometido.

O VSR é o principal causador de bronquiolites e pneumonias virais em bebés e crianças pequenas. A probabilidade de infeção grave provocada pelo VSR é maior em:

  • Crianças prematuras
  • Crianças até aos 2 anos que nasceram com doenças de coração ou pulmão
  • Bebés e crianças cujo sistema imunitário está enfraquecido devido a doença ou tratamento médico
  • Bebés com menos de 8 a 10 semanas de vida

 

A Organização Mundial da Saúde estima que, no mundo inteiro, se registem anualmente 33 milhões de infeções das vias aéreas inferiores causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR) em crianças abaixo dos 5 anos, das quais 3,3 milhões implicam internamento. Cerca de 60 mil destas crianças hospitalizadas acabam por perder a vida devido a complicações.

 

Sintomas do Vírus Sincicial Respiratório (VSR)

A infeção pelo vírus sincicial respiratório geralmente manifesta-se cerca de quatro a seis dias após o contágio e entre os principais sintomas contam-se:

  • Corrimento nasal
  • Perda de apetite
  • Tosse
  • Espirros
  • Febre
  • Pieira / respiração sibilante

 

Regra geral, estes sintomas não aparecem todos em simultâneo, mas vão-se sucedendo e alguns podem nem se manifestar. Nos bebés muito pequenos, é possível que os únicos sintomas do VSR sejam irritabilidade, diminuição da atividade, recusa alimentar ou dificuldade respiratória. Em crianças com menos de 6 meses de idade, a apneia (obstrução do fluxo de ar para os pulmões) pode ser o sintoma inicial de VSR.

Em adultos saudáveis e crianças mais velhas, a doença é geralmente ligeira e pode ser praticamente assintomática ou manifestar-se apenas como uma constipação comum, sem febre.

 

Causas

À semelhança de outros vírus causadores de infeções respiratórias, também o vírus sincicial respiratório (VSR) é transmitido através das secreções do nariz ou da boca. O contágio é fácil e pode ocorrer por contacto direto (por exemplo, ao beijar a cara de uma criança infetada) ou através de gotículas expelidas quando se fala, tosse ou espirra. O vírus pode ainda permanecer em diversas superfícies durante algumas horas, e este aspeto é de grande importância, tendo em conta que a partilha de brinquedos é uma das formas mais comuns de contágio do VSR entre crianças nas creches e infantários.

As epidemias costumam ser sazonais, com o pico a registar-se habitualmente entre dezembro e janeiro, ainda que o vírus possa circular noutras alturas do ano. O facto de se ter sido infetado uma vez não protege de reinfeções seguintes, mas os anticorpos que se vão desenvolvendo contra o VSR contribuem para uma diminuição progressiva da gravidade da doença.

O período de contágio começa dois dias antes de aparecerem os sintomas e só termina quando a infeção está completamente controlada. Todavia, algumas crianças e pessoas com o sistema imunitário debilitado podem continuar a disseminar o vírus mesmo já sem sintomas, durante quatro semanas.

 

Diagnóstico do Vírus Sincicial Respiratório

O diagnóstico do vírus sincicial respiratório (VSR) é geralmente feito com base na história clínica e observação do doente, incluindo a auscultação dos pulmões. O médico tem ainda em consideração a época do ano e a circulação do vírus no momento.

Embora não seja o mais habitual, é possível que o clínico recorra a alguns exames, sobretudo se a doença apresentar gravidade, se houver internamento ou se houver necessidade de descartar outros diagnósticos.

Entre os exames a que o médico assistente pode recorrer incluem-se:

  • Análises ao sangue e à urina com o objetivo de identificar complicações associadas à infeção ou outras causas (por exemplo, infeções por bactérias) que expliquem os sintomas.
  • Radiografia torácica para procurar indícios de pneumonia ou identificar complicações pulmonares associadas ao VSR.
  • Testes rápidos de antigénio, testes PCR ou cultura viral.

 

Tratamento do Vírus Sincicial Respiratório (VSR)

A maior parte das infeções por vírus sincicial respiratório acaba por desaparecer ao fim de uma semana ou duas, não sendo necessário mais do que o alívio dos sintomas, à semelhança do que se faz para a generalidade das constipações.

Não existe tratamento específico para o VSR, pelo que, em regra, aconselha-se a gerir a febre e as dores com antipiréticos / analgésicos e a beber muitos líquidos, de preferência água, para prevenir a desidratação e ajudar a fluidificar as secreções.

Embora o tratamento possa ser feito em casa, é importante que se monitorize a evolução da situação e que se procure um médico em caso de dificuldade respiratória, desidratação ou agravamento dos sintomas.

Antes de se administrar qualquer medicamento a uma criança é necessário pedir aconselhamento ao médico assistente, tendo em conta que nem todos os fármacos são adequados a idades pediátricas.

As pessoas com dificuldade respiratória podem ser hospitalizadas (especialmente crianças e idosos) e, dependendo do quadro clínico, os médicos podem tratá-las com oxigénio, hidratação endovenosa e medicamentos ou procedimentos (intubação) para desobstruir as vias respiratórias.

 

Prevenção

As principais medidas para prevenir a infeção pelo vírus sincicial respiratório (VSR) são semelhantes às das restantes infeções virais respiratórias, nomeadamente:

  • Higiene: lavagem frequente das mãos com água corrente e sabão. Se a lavagem não for possível, aconselha-se o uso de álcool-gel, nomeadamente em locais públicos. Limpar com frequência as superfícies de maior contacto, tais como maçanetas, corrimões, interruptores, ecrãs de dispositivos eletrónicos, etc.
  • Etiqueta respiratória: quem apresenta sintomas de infeção respiratória deve usar máscara, sobretudo se contactar com crianças pequenas ou idosos. Nas situações em que não se usa máscara, há que proteger o nariz e a boca com um lenço descartável ou o antebraço para espirrar ou tossir, deitar fora os lenços de papel usados e lavar de imediato as mãos.
  • Evitar contacto próximo: quem apresenta sintomas compatíveis com o VSR deve evitar o contacto próximo com outras pessoas, nomeadamente, beijar, tocar nas mãos e partilhar copos, chávenas ou talheres. O cuidado deve ser redobrado se em causa estiver o contacto com crianças e idosos que apresentam um risco elevado de infeções graves por VSR.
  • Proteger as crianças: as crianças em maior risco de doença grave devem ser especialmente resguardadas de contactar com pessoas doentes, as suas mãos devem ser bem lavadas com frequência, deve evitar tocar-se nas suas faces com as mãos não lavadas e o tempo que passam na creche deve ser reduzido, especialmente durante a época de maior circulação do vírus.

 

Embora estejam a ser desenvolvidas, ainda não existem vacinas disponíveis para prevenir o vírus sincicial respiratório (VSR), mas o fármaco palivizumab pode ser administrado a nível hospitalar como medida profilática a um grupo reduzido de crianças em maior risco de infeção grave, reduzindo as hospitalizações.

Fontes:

Centers for Disease Control and Prevention, novembro de 2021

Manual MSD, novembro de 2021

Organização Mundial da Saúde, novembro de 2021

Sociedade Portuguesa de Pediatria, novembro de 2021

WebMD, novembro de 2021