Difteria
O que é a difteria?
A difteria é uma doença infecciosa grave provocada por toxinas libertadas pela bactéria Corynebacterium diphtheriae, que após a transmissão se instala e multiplica na garganta e vias respiratórias superiores. A difteria é pouco comum nos países mais desenvolvidos, principalmente devido à vacinação e condições de saúde, mas está presente em países com piores condições de vida, onde o contágio é mais frequente, podendo provocar surtos.
Na maioria das situações de infeção, trata-se de difteria respiratória, com diversos sintomas associados ao nariz, à garganta e à laringe. Nos países onde a doença é mais comum também ocorre a difteria cutânea, manifestando-se na pele os sintomas provocados pelas toxinas da bactéria. Menos comum, mas potencialmente mais grave para a saúde pública, é a presença de infetados assintomáticos ou com manifestações ligeiras. Sendo a difteria altamente contagiosa, essas pessoas estão frequentemente na origem de surtos.
Transmissão da difteria
A bactéria Corynebacterium diphtheriae é mais comum na Ásia, Médio Oriente, Europa de Leste, Caraíbas e Pacífico Sul. O contágio noutras regiões é normalmente feito após viagens e é mais comum a partir de contacto direto. Os principais meios de transmissão são:
- Contacto com gotículas de saliva transmitidas por espirros ou tosse;
- Contacto com feridas e outras lesões abertas de pessoas infetadas;
- Contacto físico próximo com infetados;
- Contacto com objetos, roupas ou toalhas infetadas (menos comum).
Apenas pessoas não vacinadas são infetadas pela doença, podendo a transmissão ocorrer mais do que uma vez. Uma pessoa infetada fica contagiosa durante quatro semanas se não receber tratamento. O período de incubação da doença é curto, surgindo os sintomas normalmente entre dois a cinco dias após o contágio, por vezes até dez dias.
Quais os sintomas de difteria?
As bactérias libertam toxinas que danificam os tecidos do sistema respiratório, deixando um revestimento acinzentado, que pode afetar as cordas vocais e a respiração.
Os principais sintomas de difteria são:
- Cansaço, desconforto geral;
- Dores de garganta;
- Febre ligeira;
- Gânglios do pescoço inflamados.
Os sintomas podem evoluir para:
- Febre e arrepios;
- Secreções e membranas espessas nas mucosas;
- Rouquidão;
- Inchaço dos gânglios do pescoço;
- Dificuldade em engolir;
- Dificuldade respiratória ou respiração rápida.
No caso da difteria cutânea, os sintomas incluem:
- Feridas abertas ou úlceras com rebordo evidente;
- Vesículas com pus nos braços, mãos e pernas;
- Feridas que não cicatrizam;
- Dores;
- Irritação na pele com escamas;
- Vermelhidão;
- Inchaço.
Menos comum, a infeção pode atingir o sistema nervoso, rins e coração.
Complicações da difteria
A difteria é uma doença grave, principalmente nas crianças e pessoas com sistema imunitário mais comprometido. Nos casos graves da difteria respiratória com envolvimento cardíaco, mesmo com tratamento, é mortal em um em cada dez doentes.
Caso não exista um tratamento adequado e atempado, as principais complicações da difteria são:
- Obstrução das vias aéreas (“garrotilho”);
- Falência cardíaca e renal;
- Danos no músculo cardíaco;
- Inflamação e lesões nos nervos;
- Letargia;
- Paralisia, principalmente dos músculos de deglutição;
- Infeções pulmonares ou pneumonia;
- Perda de capacidade respiratória.
Diagnóstico da difteria
Além da descrição e observação de sintomas, bem como do exame físico, o diagnóstico de difteria é confirmado através de análises laboratoriais. São recolhidas secreções do fundo da garganta ou das lesões na pele. No entanto, caso haja suspeitas de difteria, o tratamento é iniciado imediatamente, mesmo antes de serem conhecidos os resultados de análises.
Qual o tratamento da difteria?
O tratamento para a difteria é feito com uma injeção de antitoxinas para travar as lesões provocadas pela infeção, e antibióticos para a combater, normalmente eritromicina ou penicilina. Pessoas não vacinadas que tenham estado em contacto próximo com o doente podem receber antibióticos ou uma vacina como forma de prevenção.
Os doentes com difteria devem ser isolados, para impedir o contágio, ficando por vezes em ambiente hospitalar, a receber tratamento. É necessário ter duas análises negativas com 24 horas de intervalo, depois de cumprido o tratamento, para terminar o período de isolamento. O tratamento dura entre duas a três semanas, mas as úlceras e lesões na pele, caso existam, demoram dois a três meses a desaparecer e deixam marcas. Recuperar de difteria não confere imunidade, pelo que os doentes curados devem receber vacinas para impedir nova infeção.
Prevenção da difteria
O método mais eficaz para prevenir a difteria é a vacinação e 97 % das pessoas desenvolvem anticorpos logo após a primeira vacina. O Programa Nacional de Vacinação envolve a administração da vacina aos 2, 4 e 6 meses (primovacinação); reforços aos 18 meses, 5, 10, 25, 45 e 65 anos; e a cada dez anos após essa idade. As grávidas também devem ser vacinadas durante a gestação.
Ter cuidado ao viajar para países onde a difteria é endémica, nomeadamente evitando grandes aglomerações, pode ajudar a prevenir o contágio, mas não o impede totalmente, sendo a falta de vacinação um risco tanto para a pessoa como para os que a rodeiam. A consulta do viajante é recomendada para todas as pessoas que viajam para regiões remotas, como a Ásia e países tropicais. Caso o plano de vacinação não esteja atualizado, deverá receber a vacina para a difteria antes de viajar.
Cleveland Clinic, março de 2025
Direção Geral da Saúde, março de 2025
Mayo Clinic, março de 2025
NHS, março de 2025
Portal Europeu de Informação sobre Vacinação, março de 2025
Sistema Nacional de Saúde, março de 2025
U.S. Centers for Disease Control and Prevention, março de 2025