Endoscopia digestiva alta:

Um exame de diagnóstico e tratamento gastrointestinal
Cancro
Prevenção e bem-estar
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Rápida e segura, a endoscopia digestiva alta é um exame que facilita diagnósticos, mas também permite tratar diversas doenças de forma minimamente invasiva.

Existem vários procedimentos endoscópicos gastrenterológicos, que avaliam o aparelho digestivo e outros órgãos a ele associados. Liliana Carvalho Araújo e Jorge Canena, gastrenterologistas CUF, explicam em que consiste a endoscopia digestiva alta e para que casos está indicada. Segundo Jorge Canena, “a endoscopia digestiva é hoje em dia uma área do conhecimento muito complexa que permite a visualização e intervenção em múltiplos segmentos do tubo digestivo”. E Liliana Carvalho Araújo lembra que, “apesar de ser um exame invasivo”, tem baixo risco de complicações e potencial terapêutico, podendo evitar uma intervenção cirúrgica, o que pode ser realmente uma vantagem.



Que tipos de procedimentos endoscópicos existem?

“Um procedimento endoscópico é um termo antigo que significa a exploração de uma cavidade do organismo através de um aparelho flexível, com uma câmara na ponta, que permite a visualização dessa mesma cavidade”, explica Jorge Canena, gastrenterologista CUF. Podem ser realizadas endoscopias em todos os orifícios naturais do corpo, como os ouvidos, o nariz e o trato urinário. No caso do sistema digestivo, “os procedimentos endoscópicos podem ser a endoscopia digestiva alta e a endoscopia digestiva baixa” (também conhecida como colonoscopia), afirma Liliana Carvalho Araújo, detalhando que se trata da introdução de um aparelho na boca ou no ânus. A gastrenterologista CUF lembra ainda a ecoendoscopia digestiva, “que permite fazer uma ecografia das estruturas do organismo através do tubo de digestivo - a alta é feita no estômago e no duodeno, e a baixa através do reto”; e a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, ou CPRE, através da boca, “para a avaliação das vias biliares”.

 

O que é a endoscopia digestiva alta?

Jorge Canena descreve esta endoscopia como um procedimento que, utilizando uma câmara, “pretende mostrar várias partes do tubo digestivo, nomeadamente o esófago, o estômago e as duas primeiras porções do duodeno”. Permite “fazer diagnóstico, vigilância de lesões e tratamento de algumas situações também”, completa Liliana Carvalho Araújo.

Em termos práticos, segundo o gastrenterologista Jorge Canena, “introduz-se um aparelho fino e flexível pela boca, que tem como objetivo explorar a parte alta do tubo digestivo”. Liliana Carvalho Araújo explica o percurso: “Passamos pelo esfíncter esofágico superior, pelo esófago, esfíncter esofágico inferior, vamos fazer essa avaliação, depois chegamos ao estômago e avaliamos toda a morfologia gástrica”. Já no intestino delgado, “vamos para o duodeno e avaliamos até à segunda porção duodenal”, descreve a gastrenterologista CUF, acrescentando que também é possível fazer até à quarta porção do duodeno, quando é necessário.

 

Para que situações está indicada a endoscopia digestiva alta?

“A endoscopia digestiva alta está indicada para a patologia do foro gastrointestinal”, afirma Liliana Carvalho Araújo, “nomeadamente a dor de estômago, a chamada epigastralgia ou dor abdominal, a dispepsia, a sensação de enfartamento, ardor gástrico, no caso de azia”. Também a anemia, “que é muito frequente na população”, é motivo para uma endoscopia deste tipo, para “perceber se há perdas gastrointestinais de sangue através do estômago, do duodeno, ou do esófago”. A gastrenterologista lembra ainda “a vigilância de lesões pré-malignas como a metaplasia e a atrofia, e, por exemplo, na vigilância do esófago de Barrett, que poderá estar associado à doença do refluxo gastroesofágico”.

Por seu turno, Jorge Canena refere que “uma endoscopia depende dos sintomas da pessoa e também do plano de vigilância da saúde”. Ou seja, “é fundamental fazer-se o rastreio dos cancros do cólon e do estômago - pessoas como uma determinada idade, que em Portugal é geralmente acima dos 45 anos, devem fazer uma endoscopia digestiva alta e uma colonoscopia”. Fora dessa idade, “o exame também pode ser feito a pessoas que tenham sintomas do tubo digestivo, de forma a esclarecer essas queixas e verificar se estão associadas a algum tipo de doença”, explica o gastrenterologista.

 

Sabia que...

Além dos exames ao tubo digestivo, uma endoscopia também permite avaliar os órgãos próximos. Liliana Carvalho Araújo explica que uma ecoendoscopia “permite ver através das paredes do estômago, do duodeno e do cólon e até fazer punções, ou seja, com agulhas, fazer biópsias de órgãos que estão à volta”.

 

Tratamentos que podem ser feitos através de endoscopia digestiva alta

“Há muitos tratamentos que são possíveis de fazer por comparação com a cirurgia e que são minimamente invasivos”, avança Jorge Canena, “ou seja, impedem a agressividade da cirurgia e permitem resolver problemas que, no passado, eram do domínio da cirurgia”. Liliana Carvalho Araújo destaca alguns dos casos em que o tratamento pode ser feito durante uma endoscopia digestiva alta:

  • Excisão de lesões pré-malignas ou malignas precoces através de polipectomia, mucosectomia e disseção endoscópica da submucosa;
  • Tratamento de angiodisplasias e lesões potencialmente sangrantes;
  • Tratamento de úlceras pépticas sangrantes;
  • Tratamento endoscópico de esófago de Barrett;
  • Tratamento endoscópico de varizes esofágicas/gástricas ou duodenais.

 

Quais as vantagens de uma endoscopia digestiva alta?

No geral, Jorge Canena lembra que os tratamentos através de endoscopia têm vantagens “em termos de duração, conforto e riscos para o doente”. A alternativa a uma cirurgia é o principal benefício, indica também Liliana Carvalho Araújo, reforçando que “é mais fácil e mais cómodo para o doente do que sujeitar-se a uma cirurgia e será obviamente mais vantajoso e benéfico, sobretudo para aqueles doentes que têm mais comorbilidades (ou seja, outras patologias)”. A gastrenterologista CUF lembra igualmente o “papel pré-terapêutico” da vigilância e dos rastreios, que ajudam a “prevenir que o doente venha a ter uma lesão maligna”. Dá como exemplo “o rastreio de lesões pré-malignas ou lesões precoces”.

Médico gastrenterologista realiza endoscopia digestiva alta

Endoscopia com anestesia: por que é vantajoso

Hoje em dia, a maioria dos procedimentos endoscópicos são realizados com anestesia. Jorge Canena, gastrenterologista CUF, destaca diversas vantagens: “Primeiro, é muito mais confortável para o doente, ou seja, não está associado a nenhuma forma de dor e de incómodo. Segundo, torna a tarefa do endoscopista muito mais fácil”. Isso acontece porque “o doente está a dormir, está sedado e, portanto, não sente aquilo que está a acontecer”, completa Liliana Carvalho Araújo. Jorge Canena lembra também que “há procedimentos muito complexos, que duram duas a três horas, e que têm que ser feitos com anestesia”.

 

Existem riscos numa endoscopia digestiva alta?

Embora muito baixos, “a endoscopia digestiva alta, como qualquer procedimento endoscópico e médico, tem riscos associados”, acerca dos quais o doente é informado, explica a gastrenterologista CUF. Reforçando que são raras as ocorrências, Liliana Carvalho Araújo indica “a hemorragia pós-procedimento, a perfuração, que também é muito baixa, e, ainda mais baixa, a infeção pós-procedimento”. Jorge Canena lembra também “o risco anestésico, embora se trate de uma sedação profunda, feita por um anestesista, portanto, tem menos riscos que uma anestesia geral com intubação do doente”. Os riscos associados à anestesia, segundo a gastrenterologista CUF, “poderão ter que ver com a aspiração do vómito, com pneumonias de aspiração ou com alterações do ponto de vista respiratório e cardíaco”.

Para prevenir esses riscos, Liliana Carvalho Araújo destaca que a endoscopia digestiva alta deve ser realizada em locais com toda a segurança clínica, ou seja, em hospitais ou clínicas dotados de profissionais habilitados e competentes, e com instalações que tenham recobro, local onde o doente recupera e é monotorizado após a realização do exame, para prevenir e antecipar complicações imediatas. Acima de tudo, “é muito importante fazer estes procedimentos em locais onde a pessoa se sinta segura, com equipas que tenham experiência e estejam preparadas para tal”, reforça Jorge Canena.

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Publicado a 17/07/2024