Proteína C-reativa: sabe qual a sua importância?
Uma análise ao sangue permite detetar o nível de proteína C-reativa, um biomarcador da inflamação que ajuda a diagnosticar diversas doenças.
O funcionamento do sistema imunitário, o combate do organismo a todo o tipo de agentes patogénicos, começa antes mesmo de os primeiros sintomas de uma infeção ou doença serem notados. Há diversas reações químicas que ocorrem a nível celular, variações nos níveis de constituintes do sangue que permitem identificar rapidamente essa mesma agressão. Um desses biomarcadores é a proteína C-reativa (PCR), que ajuda a confirmar se existe uma inflamação ou infeção no corpo, servindo também para despistar diferentes doenças.
O que é a proteína C-reativa?
A PCR é uma substância produzida no fígado e que circula no sangue. Normalmente, os valores desta proteína são baixos, mas quando existe uma resposta inflamatória do organismo, é libertada uma maior quantidade na corrente sanguínea. A PCR desloca-se para a zona inflamada e atua tanto sobre os agentes agressores como na substituição de células danificadas. Sendo uma proteína de resposta aguda, os níveis começam a baixar quando a inflamação está a ser debelada, a não ser em pessoas com doenças inflamatórias crónicas.
Uma vez que os níveis de PCR são habitualmente baixos, ou estáveis nos estados não inflamatórios, a subida dos níveis no sangue servem como biomarcador de inflamações. Quando é detetada uma variação anormal dos níveis da PCR no sangue - definidos em função da idade, sexo, origem ou outros fatores -, é sinal da presença de uma inflamação.
Sabia que...
Apesar da sigla PCR, a análise que deteta a proteína C-reativa não está relacionada com os testes PCR, usados para identificar a presença de vírus como o que causa a COVID-19, através da amplificação de ADN.
A proteína C-reativa permite diagnosticar doenças?
Enquanto marcador de inflamações, a PCR não permite saber as causas das mesmas ou o local atingido - quando não se trata de uma lesão visível ou não se consegue associar a uma causa ou dor muito específica -, mas pode ser um indicador da gravidade dessa inflamação ou infeção, ou se esta se encontra a evoluir favoravelmente. É frequente ser usado o resultado como linha de base para monitorizar a evolução de uma doença infecciosa ou autoimune. Para se concluir um diagnóstico são usados paralelamente outros exames e análises.
Em que doenças o nível de PCR pode ser um indicador importante?
A avaliação da proteína C-reativa no sangue ajuda no diagnóstico ou despiste de inflamações e infeções, agudas ou crónicas, e também doenças autoimunes, distúrbios do sistema imunitário que provocam uma resposta inflamatória exacerbada, aumentando também os níveis de PCR.
Entre as doenças em que pode estar indicado avaliar o nível de PCR estão:
- Infeções bacterianas (por exemplo, apendicite aguda ou abcesso);
- Sépsis;
- Infeções fúngicas;
- Infeções dos ossos (osteomielite por exemplo);
- Doença inflamatória pélvica e dos intestinos;
- Doenças autoimunes como lúpus, artrite reumatoide ou vasculite;
- Febre reumática;
- Doenças pulmonares como pneumonias;
- Cancro;
- Problemas cardíacos como pericardite.
Que sintomas motivam uma análise da proteína C-reativa?
O médico assistente pode pedir uma análise PCR se houver sinais de uma infeção, ou então caso suspeite de uma doença crónica, que esteja a manter uma inflamação elevada. Os sintomas de infeção ou inflamação na generalidade incluem:
- Febre;
- Arrepios;
- Respiração acelerada (taquipneia);
- Batimento cardíaco rápido (taquicardia);
- Náusea e vómitos.
Caso já exista uma doença crónica ou infeção diagnosticada, o médico pode usar a análise PCR para avaliar a inflamação e o estado do seu tratamento.
Sabia que...
Os níveis de PCR no sangue começam a subir 4 a 6 horas após o início da resposta inflamatória. Duplicam a cada 8 horas antes de atingir o pico entre as 36 a 50 horas. Uma contagem sem descidas após este período pode motivar uma reavaliação clínica.
Como é feita a análise da PCR?
Trata-se de um procedimento simples, que normalmente não requer restrições como um período de jejum. O valor da PCR pode ser afetado por medicações que se esteja a tomar, pelo que o médico avaliará essa situação. É importante indicar todo o tipo de medicamentos ou suplementos de toma regular ou recente. Os resultados da análise apresentam, além do nível de PCR detetado, o intervalo mínimo e máximo considerado normal para aquela situação.
Quais são os níveis normais de proteína C-reativa no sangue?
A presença da PCR no sangue depende de vários fatores relacionados com a pessoa, não ultrapassando normalmente os 0,9 miligramas por decilitro. Existem situações que podem fazer este valor subir apenas ligeiramente, não sendo por si só indicadores de uma inflamação. Os níveis basais de PCR podem ficar mais elevados em caso de:
- Ser fumador;
- Ter uma constipação leve;
- Depressão;
- Diabetes;
- Insónias;
- Gengivite ou periodontite;
- Gravidez;
- Ferimentos recentes.
As mulheres e os idosos têm normalmente valores de PCR mais elevados também.
O que indicam os valores mais elevados de proteína C-Reativa?
Entre 1,0 miligramas e 10 miligramas por decilitro considera-se um nível moderado de PCR, um possível indicador de:
- Inflamações sistémicas e outras doenças autoimunes;
- Ataque cardíaco;
- Pancreatite;
- Bronquite.
Entre os 10 miligramas e os 50 miligramas trata-se de um nível elevado, mais relacionado com infeções ou traumas graves:
- Infeção bacteriana;
- Infeção viral;
- Vasculite sistémica;
- Ferimentos graves.
Acima dos 50 miligramas considera-se um nível grave de PCR, estando associado na maioria dos casos a uma infeção bacteriana aguda.
Cleveland Clinic
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National Center for Biotechnology Information
Revista Portuguesa de Cardiologia
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