O que é?

A apendicite é uma inflamação do revestimento interno do apêndice, pequena estrutura situada na primeira porção do intestino grosso, no lado direito do abdómen.

É um processo relativamente comum que se faz acompanhar de manifestações muito diversas e, por vezes, enganadoras que simulam outros quadros clínicos, o que implica um atraso no diagnóstico. A apendicite ocorre mais frequentemente entre os 10 e 30 anos, com discreto predomínio no sexo masculino e pode ter uma taxa de mortalidade de 0.25%. A apendicite aguda é a principal causa de cirurgia abdominal urgente em idade pediátrica. Se não for tratada, pode associar-se a diversas complicações, como a perfuração do apêndice ou a septicémia (infeção generalizada).

Sintomas

Na apendicite o quadro mais habitual é a presença de perda de apetite, dor abdominal em torno do umbigo seguida de náusea. A dor tende a deslocar-se para a região inferior direita do abdómen e acompanha-se de vómitos. Este quadro está presente em cerca de 50% dos casos. Podem também ocorrer diarreia ou obstipação. Nas fases iniciais, a febre não está presente. Os sintomas costumam durar menos de 48 horas mas podem ser mais extensos em pessoas com idade mais avançada ou quando ocorre perfuração. Contudo, a apendicite pode simular outras doenças como uma infeção urinária, uma cólica renal, uma gastrite ou um problema ginecológico.

Causas

A apendicite é causada pela obstrução do apêndice, provocando a sua inflamação, congestão, insuficiência de irrigação arterial com consequente necrose e potencial perfuração. Essa obstrução pode estar associada a uma doença inflamatória intestinal, infeções, tuberculose, parasitas, corpos estranhos, neoplasias ou formação de fecalitos (acumulação de material fecal).

Diagnóstico

O diagnóstico não se baseia apenas num sinal, sintoma ou exame. Sendo a apendicite uma doença potencialmente grave, é essencial que essa identificação seja correta de modo a que se evite uma cirurgia desnecessária e outras complicações. O exame médico, como sempre, é muito importante. Neste caso, como a apendicite pode simular diversas patologias, esse estudo é ainda mais relevante. A realização de análises ao sangue e urina, uma ressonância magnética, tomografia computorizada e uma ecografia, são bastante utilizadas. Como alguns resultados podem demorar tempo, por vezes o diagnóstico implica a realização de uma intervenção cirúrgica exploradora, sobretudo nos casos em que a suspeita é forte e existe o risco de perfuração.

Tratamento

A cirurgia (apendicectomia) continua a ser o único tratamento curativo. O momento ideal para a intervenção depende do estádio da doença e, por vezes, pode ser necessário aguardar. Por exemplo, se existir um abcesso será importante um tratamento prévio com antibióticos por via intravenosa e apenas depois proceder à operação.

Prevenção

Existem estudos que sugerem que o risco de apendicite é menor nos países com dietas mais ricas em fibras. Uma razão possível é seu o efeito sobre as fezes, tornando-as mais moles e, deste modo, tornando mais difícil a obstrução do apêndice. As fibras estão presentes em alimentos como os cereais, pão, arroz, massas, vegetais com raiz, como as cenouras, e na fruta.

Fontes

Medscape Reference, Outubro 2012

Ebell, M. H. Diagnosis of Appendicitis: Part I. History and Physical Examination, Am Fam Physician, 2008 Mar 15;77(6):828-830.

Gonçalves, Jean-Pierre e col., Validação do score de Alvarado no diagnóstico de apendicite aguda em crianças e adolescentes no Hospital de Braga, Acta Med Port 2011; 24(S2): 583-588

Butsch J., Appendicitis, Common Surgical Diseases, 2008, pp 157-159