O que é?

A sépsis é uma resposta imunológica extrema a uma infeção, que pode levar à falência dos órgãos e até à morte. Por outras palavras, é uma resposta tóxica e hiperativa do nosso corpo a uma infeção grave.

Geralmente, o nosso sistema imunitário combate bactérias, vírus, fungos ou parasitas para controlar as infeções. Quando as infeções se instalam no nosso organismo, muitas vezes necessitamos de antibióticos, antivirais, antifúngicos ou antiparasitários para fazer frente à doença infecciosa. No entanto, por vezes o sistema imunológico não consegue controlar os organismos invasores e surge uma infeção generalizada. Este é o princípio da sépsis. Assim, numa pessoa com sépsis, perante uma infeção grave o sistema imunológico luta contra si próprio, podendo causar lesões fatais em tecidos e órgãos do organismo.

De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, 22% dos internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos devem-se a situações de sépsis, originando uma mortalidade hospitalar global de cerca de 40%. A mortalidade das formas mais graves da sépsis, como o choque séptico, é de cerca de 51%.

Sintomas

A sépsis é diagnosticada através de um conjunto de sinais e de sintomas no decorrer de uma infeção grave:

  • Febre superior a 38ºC
  • Sudorese (transpiração) intensa
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Aumento da frequência respiratória - respiração ofegante
  • Calafrios ou prostração

 

A sépsis pode evoluir para uma forma mais grave da doença, em que os sintomas são:

  • Estado de confusão mental
  • Náuseas e vómitos
  • Diminuição / ausência de urina
  • Pele pálida ou manchada
  • Alterações da função hepática (fígado)
  • Tensão arterial mais baixa do que o normal

 

Quanto mais depressa se iniciar o tratamento da sépsis, maior a probabilidade de sucesso da cura.

Causas

Ainda não é totalmente conhecido o porquê de o sistema imunológico poder responder de forma alterada perante uma infeção. Pensa-se que pode ter que ver com certos fatores relacionados com o doente em causa e também com o organismo que causa a infeção, que pode ter origem em:

  • Infeções bacterianas (mais comuns)
  • Infeções fúngicas e parasitárias
  • Infeções virais

 

O patógeno pode entrar no corpo através de uma ferida ou através de uma infeção que pode passar despercebida inicialmente por não originar muitos sintomas. Os locais de infeção inicial mais comuns são os pulmões, o cérebro e o aparelho urinário, mas também pode atingir a pele e outros órgãos.

Diagnóstico

No diagnóstico da sépsis utilizam-se critérios clínicos e laboratoriais que se conjugam com Índices de gravidade, como os critérios da Síndrome da Resposta Inflamatória Sistémica (SIRS - Systemic Inflammatory Response Syndrome): temperatura corporal acima dos 38ºC ou abaixo dos 36ºC, aumento da frequência respiratória, superior a 20 incursões respiratórias / minuto, aumento da frequência cardíaca, superior a 90 batimentos cardíacos / minuto ou ao aumento ou redução significativos do número de leucócitos no sangue; e o índice SOFA - Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment, uma ferramenta de avaliação que se concentra na disfunção orgânica: insuficiência respiratória apresentada, número de plaquetas no sangue, pelos valores de bilirrubina, creatinina, frequência cardiovascular, classificação da escala de coma de Glasgow e débito urinário.

Embora seja essencial tratar a sépsis o mais depressa possível, o diagnóstico precoce é desafiante, já que muitos dos sintomas, como a febre, por exemplo, ocorrem perante muitas outras doenças. O médico deverá assim tentar saber o historial do doente, incluindo quaisquer infeções recentes, todos os sintomas e os exames laboratoriais necessários para identificar a doença.

Tratamento

Após o diagnóstico, o tratamento da sépsis baseia-se no tratamento da causa original da infeção, recorrendo-se a:

  • Antibióticos, se a infeção for bacteriana
  • Fluídos intravenosos e oxigénio para garantir o fluxo sanguíneo para os órgãos
  • Ventilação de suporte ou outro meio de respiração assistida, se necessário
  • Remoção cirúrgica de tecidos danificados, se necessário

 

Entre os grupos de maior risco de sépsis no decorrer de uma infeção estão os idosos, doentes crónicos, recém-nascidos, pessoas com o sistema imunitário débil ou comprometido. Para os mais idosos, os tratamentos a administrar podem prevenir ainda úlceras de pressão ou tromboses venosas profundas.

Em Portugal, a utilização de protocolos como a Via Verde da Sépsis permite um diagnóstico e terapêutica mais eficazes, como a estabilização hemodinâmica de doentes em choque séptico. Neste estadio grave da sépsis, utilizam-se substâncias farmacológicas, como a fluidoterapia no sentido de controlar a hipotensão.

Prevenção

Tomar medidas para prevenir infeções ou tratá-las imediatamente caso surjam pode reduzir o risco de contrair sépsis. A prevenção de feridas ou a sua desinfeção correta caso surjam, bem como lavar muito bem as mãos e procurar ajuda médica imediata se houver sinais do agravamento de uma infeção.

O tratamento precoce da sépsis pode ser eficaz, mas a doença pode evoluir, tornando-se difícil de tratar. Doentes que sofreram de sépsis podem também sentir efeitos a longo prazo na sua saúde, como cansaço e incapacidade para diferentes atividades.

Fontes:

Medical News Today, junho de 2021

Sepsis Alliance, junho de 2021

Serviço Nacional de Saúde, junho de 2021

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