Em que casos devemos tomar comprimidos de iodo?

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Os fármacos com iodeto de potássio são habitualmente recomendados na pré-conceção, gravidez e amamentação. Explicamos-lhe porquê.

O iodo é um nutriente essencial a uma vida saudável, com um papel muito importante na nossa tiroide. Esta glândula precisa de iodo para produzir hormonas. Quando há défice de iodo e não são produzidas hormonas tiroideias em quantidade suficiente, podem surgir problemas de saúde, como hipotiroidismo.

Destaca-se que a deficiência de iodo é a principal causa de deficiência intelectual prevenível em todo o mundo, uma vez que as hormonas tiroideias têm um papel crucial no desenvolvimento cerebral do feto.

Os comprimidos com iodeto de potássio estão recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pela Direção-Geral da Saúde para suplementação em certos grupos da população que podem ter défice de iodo, como grávidas e mulheres a amamentar.



O iodo e a tiroide

A grande função da tiroide prende-se com a produção de hormonas, que são libertadas no sangue e chegam a todos os tecidos do nosso corpo.

Mas para que servem estas hormonas? Têm várias tarefas, como:

  • Ajudar o corpo a usar energia
  • Manter a temperatura corporal quente
  • Assegurar o bom funcionamento de vários órgãos, como cérebro e coração, e dos músculos
  • Regular o metabolismo celular
  • Contribuir para um adequado crescimento e desenvolvimento (por exemplo, o iodo é muito importante para o desenvolvimento do cérebro e de outros órgãos)

 

Quando não consumimos iodo suficiente, a tiroide não produz hormonas nas quantidades necessárias e estas funções corporais podem ser comprometidas.

Algumas consequências negativas que podem estar associadas ao consumo insuficiente de iodo são:

  • Hipotiroidismo
  • Bócio
  • Deficiências intelectuais em bebés e crianças (no caso de mulheres que tiveram carência de iodo durante a gestação)

 

As quantidades ideais de iodo

O corpo humano não produz iodo e os adultos precisam de 140 microgramas por dia. A maioria das pessoas consegue obter estas quantidades apenas através da adoção de uma alimentação equilibrada e variada.

Por outro lado, mulheres em pré-conceção, grávidas e lactantes precisam de quantidades superiores para garantir não só que as suas necessidades são supridas, mas também para a maturação do sistema nervoso central do bebé e para que o seu desenvolvimento ocorra de forma adequada.

 

Quem deve tomar iodeto de potássio?

Há recomendações claras para a toma de medicamentos com iodeto de potássio por mulheres em pré-conceção, grávidas e lactantes, como forma de suplementação, pois as suas necessidades em termos de iodo são maiores comparativamente ao resto da população em geral. O médico avaliará se não há contraindicação para a toma do iodo e as doses a tomar, contudo, a dose diária recomendada é de 250 microgramas por dia para mulheres grávidas e lactantes e de 150 microgramas por dia para mulheres em fase de pré-conceção.

Também as pessoas que seguem uma dieta vegana (que exclui todos os alimentos de origem animal) podem ter indicação para a toma de um suplemento alimentar de iodo.

É importante seguir à risca as indicações do seu médico assistente quanto à dose a tomar, não devendo esta ser ultrapassada. Quantidades muito elevadas deste medicamento aumentam o risco de efeitos adversos.

Em Portugal, estes medicamentos são sujeitos a receita médica, pelo que só devem ser tomados caso haja indicação por um profissional de saúde.

 

Atenção!

Em mulheres com doenças de tiroide, a toma de iodeto de potássio pode estar contraindicada. A situação deve ser sempre avaliada pelo médico assistente.

 

Será que o suplemento com iodo pode proteger-nos da radiação nuclear?

A tiroide é a parte do nosso corpo mais sensível ao iodo radioativo que é libertado para a atmosfera num acidente nuclear.

O iodeto de potássio, presente nalguns medicamentos e suplementos alimentares, pode ser utilizado como medida de prevenção contra os efeitos da radiação. Mas como? A tiroide absorve o iodeto de potássio (quando tomado no momento e dose certos) e acaba por ficar sobrecarregada, evitando assim que absorva o iodo radioativo em caso de exposição.

Os medicamentos e suplementos alimentares que contêm iodeto de potássio utilizados em caso de acidente nuclear (com 65 mg desta substância) não são os mesmos que são tomados para combater deficiências nutricionais ou para prevenir defeitos de desenvolvimento fetais.

Nas dosagens em que são comercializados em Portugal, os fármacos com iodeto de potássio não são eficazes a proteger-nos dos efeitos das radiações que podem resultar de um acidente nuclear. Seriam necessárias doses muito mais elevadas.

É também importante ter em consideração que o iodeto de potássio não protege os restantes órgãos e sistemas do nosso corpo do iodo radioativo, apenas a tiroide. Além disso, não reverte os problemas de saúde ou danos na tiroide que possam já ter resultado da exposição.

Caso haja recomendação para a toma de iodeto de potássio para proteção contra efeitos da radiação, as autoridades de saúde darão todas as indicações necessárias, por exemplo, sobre a dose adequada, que irá variar consoante alguns fatores, como a idade. O iodeto de potássio não deve nunca ser tomado de forma preventiva antes da exposição à radiação.

Caso precise de esclarecimentos relativamente à toma ou utilidade de medicamentos com iodeto de potássio como medida preventiva contra radiações, fale com o seu médico assistente ou farmacêutico.

 

O que acontece se tomar demasiado iodeto de potássio

A toma de elevadas doses de iodeto de potássio - mais de 1100 microgramas por dia - de forma prolongada pode levar a alterações na forma como a tiroide funciona, podendo causar vários sintomas, como o ganho ou perda de peso, ou mesmo arritmias graves.

Fale com o seu médico assistente sobre os suplementos com iodo, mesmo que sejam naturais.

Fontes:

American Thyroid Association, março de 2022

Eat Right, Academy of Nutrition and Dietetics, março de 2022

National Health Service, março de 2022

Netfarma, março de 2022

Ordem dos Farmacêuticos, março de 2022

U.S. Food and Drug Administration, março de 2022

WebMD, março de 2022

Publicado a 28/04/2022