Simone de Oliveira

“Tenho a obrigação de ser uma mulher feliz.”

Há cerca de três décadas que a cantora e atriz Simone de Oliveira é assistida na CUF. Em conversa com a +VIDA, destaca o envolvimento dos profissionais de saúde que a têm acompanhado e deixa conselhos para quem pretende envelhecer com saúde.

 

Aos 82 anos de idade, tem uma vida ativa e bastante preenchida a nível profissional, social e familiar. Que cuidados mantém com a sua saúde?

Sou muito cuidadosa comigo. Tento não comer coisas que me fazem mal. Tomo apenas a medicação que tenho de tomar: uma coisinha para o estômago, uma coisinha para o sistema nervoso à noite, mas nada de muito especial. Tenho uma certa cautela. Não sou obsessiva.

Tenho tido muita sorte. Já tive coisas complicadas, mas passaram. Tenho uma vida normal. Enquanto puder bastar-me a mim própria, ter a cabeça no lugar, continuar a andar, a cantar e a representar, tenho a obrigação de ser uma mulher feliz.

 

Afirmou, no passado, que o seu maior receio é perder a memória. Adota algum comportamento específico que a ajude a treinar o cérebro e a estimular a memória?

Faço um espetáculo com 14 canções e não tenho um papel à frente – acho que isto é suficiente. Até hoje nunca foi preciso mais nada. Leio, não sou dependente da televisão mas vejo bastantes programas, faço palavras cruzadas, sou muito atenta ao que está à minha volta. Tenho aqueles esquecimentos normais de qualquer pessoa, de não saber onde pus as chaves ou os óculos e estão à minha frente ou na cabeça. Mas é só. 

 

E que cuidados tem com a voz, tão importante na sua carreira e com a qual até já teve alguns contratempos no passado? 

Nenhuns. Tenho aulas de voz, uma vez por semana, há cinco anos. O que vou fazer mais aos 82 anos? É continuar a cantar, que é uma coisa ótima. Se eu cantar todas as semanas ou de 15 em 15 dias, faço o exercício absoluto. 

 

Ainda se recorda da primeira vez que entrou numa unidade de saúde CUF?

Lembro-me muito bem. Tinha 50 anos, cancro da mama, e fui tratada no Hospital da CUF, onde fiz uma mastectomia. Regressei 15 ou 16 anos depois, com cancro no outro peito, mas desde os 50 anos que entro na CUF com uma certa regularidade.

 

Ao longo destes anos de acompanhamento na CUF, lembra-se de algum momento que a tenha marcado particularmente?

Talvez o acompanhamento que me foi feito na primeira vez, quando fiz a mastectomia. Tenho as melhores e as mais gratas recordações, bem como o maior respeito, por todas as enfermeiras, médicos e pessoas que tratam de nós. Sobretudo pelo setor da enfermagem. Estou extremamente grata a todos. 

E da segunda vez em que eu entrei pela mesma razão, no outro peito, fez-me uma certa ternura, porque a enfermeira que me levou para o bloco era a mesma da outra vez. E ela chorava. E eu dizia: “Não me chore, senhora enfermeira! Se a vejo a si a chorar, então começo a chorar aqui baba e ranho.”

 

Quais considera as qualidades essenciais de um médico?

Tem de ser bem-educado. Razoavelmente simpático. Acolhedor. Para a pessoa acreditar e ter coragem de dizer tudo. Eu sou de dizer tudo a qualquer médico, não escondo nada. Quero é saber. Já disse várias vezes: “Não me escondam as coisas, não quero que ponham paninhos quentes.” Mas é sobretudo a simpatia, o acolhimento. Gosto muito das mãos, dos olhos, da voz dos médicos.

 

Recorda-se de algum conselho que um profissional de saúde CUF lhe tenha dado e que ainda hoje segue?

Não emagrecer e não engordar. Porque, se emagrecer, fica logo tudo muito aflito a perguntar: “O que é que ela tem?” E engordar é porque, realmente, com próteses nas duas ancas e no joelho, mais do que 69 quilos não pode ser. 

 

Que conselhos deixaria às pessoas para um envelhecimento com mais saúde?

Não fiquem fechadas em casa, tentem sair. E não olhem para trás, não vale a pena. Eu também sei como é. Vejo-me na RTP Memória. Mas aquela Simone deu lugar a esta. Tenho uma saudade lavada e tem sido das coisas que mais me têm ajudado. Tenho saudades do meu pai, da minha mãe, do Varela [o falecido marido], da minha filha que vive no estrangeiro há 35 anos, de dois netos que vivem fora – um em Berlim, outro em Luxemburgo. Não estou a dizer que é fácil. Não é. Mas, apesar dos apesares, não me deixo ficar no sofá. Por favor saiam, divirtam-se, vão ao cinema, vão ao teatro, conversem, vão tomar um café, vão ver o mar, arranjem coisas para fazer. 

 

Simone de Oliveira