Diagnóstico precoce no cancro: a chave para o sucesso

Ana Raimundo e Encarnação Teixeira

Todos os anos, são diagnosticados em Portugal cerca de 50 mil novos casos de cancro em rastreios e em consulta. A deteção precoce da doença é essencial para o prognóstico, para o tipo de tratamento e até para as taxas de letalidade associadas a cada tipo de cancro. Por este motivo, a redução de 85% no número de novos diagnósticos registados nos hospitais CUF – o maior diagnosticador privado do país – durante os meses de março e abril é preocupante.

“Isto não significa que o número de cancros reduziu, apenas que o diagnóstico não foi feito”, alerta Ana Raimundo, Diretora Clínica da CUF Oncologia. “É importante ter em mente que, com a implementação de rastreios como os do cancro da mama, do colo do útero e do cancro colorretal, os diagnósticos são feitos de uma forma mais precoce. Quanto mais cedo o cancro é diagnosticado, maior é a probabilidade de poder ser tratado e de o doente ficar curado.”



Também o acesso facilitado a médicos e meios complementares de diagnóstico permite uma maior probabilidade de sucesso. Por tudo isto, a CUF apostou num Plano de Diagnósticos, designado Via Verde Diagnóstico de Cancro,  no qual equipas multidisciplinares – que incluem médicos especialistas, equipas de imagiologia e de outros meios complementares de diagnóstico – atuam de forma integrada para garantir o melhor diagnóstico num espaço de tempo o mais curto possível.

“É importante perceber a importância de, a partir de uma determinada idade ou perante antecedentes familiares, se fazerem rastreios mais apertados”, explica Ana Raimundo. Em algumas neoplasias, como o cancro da mama, um dos tumores mais frequentes no sexo feminino, o rastreio anual permite inclusive detetar lesões ainda não palpáveis. “Outro aspeto relevante são sintomas suspeitos: emagrecimento, mal-estar, fadiga constante, um nódulo ou uma massa que se palpa, alteração dos hábitos intestinais. Tudo isto deve fazer soar o alerta”, refere a responsável da CUF Oncologia. 
Algumas semanas podem fazer toda a diferença. “Em tumores de crescimento mais rápido, e outros de comportamento biológico mais agressivo como no pâncreas, esperar três ou quatro semanas pode significar uma redução significativa na possibilidade de cura. As pessoas devem ter presente que, se têm um sintoma persistente, este deve ser estudado.” 

A opinião de Ana Raimundo é partilhada por Encarnação Teixeira, Pneumologista no Hospital CUF Descobertas, que, durante os meses de confinamento, registou menos 50% de primeiras consultas. Sendo o cancro do pulmão uma patologia de desenvolvimento rápido e com taxas de letalidade significativas – mata, por ano, cinco mil pessoas em Portugal –, este é um dado preocupante que é importante reverter. “Sabemos que, aos cinco anos, estão vivos cerca de 16% de todos os doentes com cancro do pulmão. No estadio 1 podemos chegar aos 80%. Mas, dos doentes diagnosticados num estadio IV, só 5% ou menos estão vivos passados cinco anos”, explica a médica.

“Se conseguirmos diagnosticar numa fase em que seja possível a cirurgia, as possibilidades de cura e sobrevivência são maiores”, continua Encarnação Teixeira. “Para isso, o diagnóstico precoce é fundamental. No nosso dia a dia, verificamos que a cirurgia só é possível em 20% dos casos, no máximo 30%, o que significa que os restantes têm doença localmente avançada ou metastática”. A pneumologista explica ainda que, em fases mais avançadas, o doente fará quimioterapia, radioterapia e eventualmente imunoterapia mas terá uma sobrevida mais curta.

“Particularmente os fumadores – e a maioria dos doentes de cancro do pulmão têm hábitos tabágicos – devem valorizar as alterações das características da tosse. Por exemplo, se passaram a ter mais tosse ou expetoração; se tiverem expetoração com sangue; se emagrecerem subitamente; se tiverem uma quebra do estado geral, cansaço, dificuldade respiratória, pieira, rouquidão e dor torácica permanentes. Todas estas situações devem levar as pessoas a procurar o médico”, alerta Encarnação Teixeira.

O cancro do pulmão está associado ao tabaco e por isso os doentes tendem a ter outras comorbilidades, nomeadamente a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e doenças cardiovasculares. Para além do cancro do pulmão, o tabaco é também responsável por outros tumores. “Muitas vezes o primeiro tumor de um doente fumador não é no pulmão. Pode ser na laringe, faringe, boca, bexiga. Outras vezes, tumores muito pequeninos a nível pulmonar podem provocar metástases a nível pulmonar- isto é, quando o cancro se espalha para outra parte do corpo, e a sintomatologia até pode ser a da metástase”, explica a pneumologista. “É natural que na fase de confinamento as pessoas tivessem medo de vir ao hospital. Mas os hospitais conseguiram criar fluxos diferenciados, mudar as estruturas e tornar seguras as idas ao médico e aos tratamentos.”

Via Verde Diagnóstico de Cancro

A pensar em quem precisa de uma resposta rápida para um diagnóstico oncológico, a CUF Oncologia reforçou os seus processos e recursos para disponibilizar um maior acesso às suas vias verdes internas, sempre acionáveis nos casos de suspeita de cancro. Nesta fase, a prioridade será dada aos tumores com maior incidência – cancro da mama, cancro colorretal, cancro da próstata e cancro do pulmão – mas a oferta poderá ser reforçada noutras áreas caso seja necessário.

 

Uma resposta imediata

Todo o processo relativo à Via Verde Diagnóstico de Cancro está organizado de modo a garantir uma resposta célere e atempada. “Temos equipas multidisciplinares que abordam o doente, comunicam entre si e, se for necessário fazer um exame, é-lhe dada prioridade”, explica Ana Raimundo, Diretora Clínica da CUF Oncologia. “Tudo está organizado de modo a ter um diagnóstico rápido que permita que o doente inicie o tratamento o mais rapidamente possível. Serão, nesse sentido, criadas mais vagas para que exames complementares possam ser feitos no mesmo dia ou logo que possível.”

 

Quem deve recorrer?

Devem recorrer à Via Verde Diagnóstico de Cancro as pessoas com suspeita de doença oncológica, que tenham feito exames que revelem alterações ou que apresentem sintomas persistentes, como alteração dos hábitos intestinais, fadiga constante, emagrecimento inexplicado ou um nódulo palpável. Os interessados deverão fazer a marcação da consulta através da linha gratuita da CUF Oncologia: 800 100 077. Para mais informações, pode também consultar o site cufoncologia.pt.