Saúde no feminino

Rui Viana

“No caso concreto das mulheres, as rotinas de vigilância da mama, que incluem mamografias e ecografias mamárias regulares que permitem detetar eventuais doenças quando estas ainda se encontram em fase infraclínica (antes de serem observadas ao exame da doente e não uma manifestação ligeira), bem como a citologia para rastreio do cancro do colo do útero, são muito importantes e não devem ser adiadas. “O mesmo acontece com a consulta para avaliação ginecológica, que permite fazer o diagnóstico de doença uterina e do ovário”, explica Rui Viana, Coordenador de Ginecologia do Hospital CUF Descobertas. “Todas estas situações estão acauteladas nos hospitais e clínicas CUF, onde foram criadas uma série de condições de segurança que permitem recorrer a estes serviços sem medo.”



Estas rotinas são particularmente relevantes em determinados grupos, etários, nomeadamente em mulheres em menopausa, sobretudo nas que fazem terapêutica hormonal de substituição, casos em que a vigilância pode ter de ser feita em intervalos mais curtos. “Em idade fértil a rotina anual habitualmente é suficiente, mas por vezes há sinais e sintomas que surgem no período entre consultas que têm de ser valorizados”, alerta o médico. Estes sinais podem ser, por exemplo, uma retração ou corrimento anómalo pelo mamilo, o aparecimento de um nódulo, sinais inflamatórios ou uma zona mais densa na mama, uma hemorragia uterina anómala, entre outros. “São sintomas que não devem ser ignorados ou subvalorizados por medo”, alerta Rui Viana. Sinais inflamação da mama podem indicar “uma mastite que, se for detetada atempadamente, pode ser resolvida com um antibiótico oral mas, se não for tratada em poucos dias, pode progredir para um abcesso da mama, evoluindo para uma situação que requer tratamento cirúrgico.” Para o médico, é muito importante que a mulher faça o autoexame da mama para que conheça melhor o próprio corpo e identifique alterações mais facilmente.

Por outro lado, hemorragias fora do período menstrual, durante o ato sexual ou em fase de menopausa, bem como hemorragias excessivas durante a menstruação, são situações que devem ser avaliadas pelo médico, de modo a que se perceba se se trata de um caso de doença – estes sintomas podem estar associados a miomas, pólipos, alterações ao nível do colo do útero ou ao espessamento excessivo do interior do útero – ou apenas uma variação inofensiva ao que é considerado normal, mas têm de ser avaliados.

É igualmente imperativo impedir a progressão de sintomas associados a infeção vaginal, como corrimento vaginal abundante e com cheiro intenso, dor abdominal ou dor durante a relação sexual. “À semelhança do que ocorre na mastite, estes sintomas podem ser bem controlados com medicação oral e tratamento local, mas se não forem tratados podem evoluir para situações mais graves”, explica Rui Viana.

Em situações de urgência, como a gravidez ectópica (extra uterina), o diagnóstico precoce tem um caráter ainda mais importante. “Temos assistido a casos em que mulheres com este diagnóstico chegam ao hospital já com rutura da trompa e hemorragia interna, algumas a necessitar de transfusões de sangue e cirurgias de emergência no bloco operatório, porque protelaram a vinda ao hospital e ficaram vários dias em casa à espera”, lamenta o responsável. Já no caso do cancro da mama, deixa o alerta: “Não se pode protelar a ajuda durante semanas depois da deteção de um nódulo mamário. Após o diagnóstico ainda há um percurso a fazer, que leva tempo. Há claramente uma influência no prognóstico se houver atraso no diagnóstico e no início do tratamento.”