O que é?

Em comparação com outras áreas do corpo, a articulação da anca é um modelo de resistência. Na realidade, é necessária força considerável para lesar uma anca saudável porque os grandes músculos da coxa, da região lombar e dos glúteos suportam esforços muito intensos. Mesmo assim, podem ocorrer lesões relacionadas com o desporto. 

As lesões da anca são bastante comuns, correspondendo a cerca de 5% a 6% das queixas músculo-esqueléticas no adulto e a cerca de 10% a 24% das queixas nas crianças. 

Este tipo de lesões é mais comum em alguns tipos de atletas, como os que se dedicam à dança, corrida e futebol, dado o esforço acrescido e os movimentos extremos da anca envolvidos nessas atividades.

A dor regional da anca é um problema complexo que pode estar relacionado com a coluna lombar e com a região glútea, irradiando com frequência para a região da virilha.

Sintomas

A dor regional da anca é uma queixa comum que afeta a anca ou as estruturas em torno da anca e que pode estar associada a diversos problemas. A localização mais precisa da dor pode fornecer informação muito útil para a identificação da causa subjacente.

De um modo geral, os problemas na articulação da anca originam uma dor na região interna da articulação ou na virilha. Quando a dor se localiza na região externa da anca, na parte superior da coxa ou na região dos glúteos, a causa tende a localizar-se nos músculos, ligamentos, tendões ou nos tecidos moles que circundam a articulação da anca.

Por vezes, a dor regional da anca pode ser causada por doenças com origem noutras áreas do corpo, como a coluna lombar ou os joelhos.

Ocasionalmente surgem outros sintomas, como a perda de peso, suores noturnos, febre, queixas abdominais ou genitourinárias e, nestes casos, a doença de base poderá ter uma origem distinta.

Causas

Os principais fatores de risco para as lesões da anca no desporto são um mau aquecimento e um aumento demasiado rápido do ritmo de treino.

Quase sempre, a causa da dor regional da anca no contexto desportivo é um evento traumático, como uma queda ou um impacto violento.

A lesão pode também resultar de um movimento extenso e repetido.

A dor regional da anca no atleta pode envolver diversos diagnósticos que variam com a idade. Nos jovens e adolescentes são mais comuns as lesões nas extremidades dada a falta de ossificação nas placas de crescimento, e as sinovites. Nos atletas mais idosos ocorrem tendinites e bursites, como a trocanterite já abordada. 

Eis uma lista com algumas das doenças que podem causar dor regional da anca:

  • Artrite (artrite reumatóide, osteoartrite, artrite da psoríase, artrite séptica)
  • Lesões (bursite, deslocações, fractura da anca ou da pélvis, tendinites)
  • Nervos comprimidos (disco herniado, sacroileíte, ciática, aperto do canal espinal)
  • Cancro (metástases ósseas de outros tumores, leucemias)
  • Outros problemas (necrose avascular, doença de Legg-Calve-Perthes, osteomalácia, osteomielite, osteoporose, doença de Paget do osso, sinovites)

As fraturas são uma das causas mais comuns e mais graves de dor regional da anca. Essas fraturas são mais comuns nas pessoas mais idosas, dada a presença de osteoporose que torna os ossos mais frágeis.

Este tipo de fratura afecta de um modo significativo a qualidade de vida. De facto, menos de 50% das pessoas com fractura do colo do fémur conseguem retornar aos seus níveis anteriores de atividade.

Diagnóstico

O exame médico permite identificar a causa da dor regional da anca e os estudos radiográficos complementam essa informação. Esse exame médico baseia-se muito na história clínica, na idade do paciente e num conjunto de testes que procuram identificar a origem da dor.

O exame médico assenta na observação, palpação e testes específicos de força e mobilidade muscular e articular. 

Os exames radiológicos, a tomografia computorizada e a ressonância fornecem informações adicionais, sendo, por vezes, úteis estudos laboratoriais para excluir outros diagnósticos.

Tratamento

Considerando o vasto número de doenças e lesões que se podem associar à dor regional da anca, não é possível rever aqui todos os tratamentos, uma vez que eles dependerão de cada diagnóstico.

Como aspectos importantes, vale a pena referir a necessidade de uma consulta médica sempre que as queixas persistam de modo a se fazer um diagnóstico correto e precoce.

Prevenção

Será sempre pertinente evitar as atividades que agravam a dor e recorrer a anti-inflamatórios não esteróides, sob supervisão médica.

O uso de uma almofada entre as pernas durante a noite pode ajudar a reduzir as dores.

No que se refere ao exercício físico e ao desporto, é essencial nunca esquecer o aquecimento e o arrefecimento adequados antes e depois do exercício. Os músculos da anca devem ser devidamente esticados e aquecidos.

Deve-se evitar correr em superfícies inclinadas para baixo. Nesses casos, é melhor caminhar. Ainda para a corrida, as superfícies planas e macias são as ideais.

A bicicleta ou a natação são melhores do que a corrida para evitar a dor na anca.

Não é necessário interromper a prática de exercício mas poderá ser importante reduzir essa atividade.

Perder o excesso de peso permite reduzir a sobrecarga para a anca e o uso de calçado adequado é fundamental.

Vale a pena também referir a importância de uma nutrição adequada, com destaque para o cálcio e para a vitamina D.

Fontes

American Academy of Orthopaedic Surgeons, Agosto 2007

Mayo Foundation for Medical Education and Research, Nov. 2010

U.S. National Library of Medicine, U.S. Department of Health and Human Services National Institutes of Health, Outubro de 2012

Samuel B. Adkins III e col., Hip Pain in Athletes, Am Fam Physician. 2000 Apr 1; 61(7):2109-2118

Peter H. Seidenberg, Managing Hip Pain In Athletes, The Journal of Musculoskeletal Medicine, Vol. 27 (10)