Doença arterial periférica

O que é?

A Doença Arterial Periférica caracteriza-se por ser uma doença de natureza obstrutiva do lúmen arterial, resultando num défice de fluxo sanguíneo aos tecidos, cuja principal consequência é a presença de sinais e sintomas característicos de isquemia.

A componente obstrutiva da doença está em cerca de 90% dos casos associada à aterosclerose. Afeta cerca de 3% a 10% das pessoas, aumentando para 15% a 20% em adultos com mais de 70 anos.

A doença cardiovascular é uma das principais causas de mortalidade e morbilidade na população portuguesa, pelo que o seu diagnóstico e tratamento precoces, bem como a sua prevenção, são essenciais.

Esta enfermidade constitui um importante marcador da presença de um risco elevado de mortalidade cardiovascular. É idêntica à doença coronária, distinguindo-se apenas pelas artérias e territórios atingidos.

Os fatores de risco mais frequentes são:

Estima-se que as pessoas por ela afetadas apresentem um risco quatro a cinco vezes superior de virem a sofrer um enfarte do miocárdio ou um acidente vascular cerebral. Por outro lado, se não for devidamente tratada pode evoluir para gangrena, com necessidade de amputação de um membro.

Sintomas

O principal sintoma da Doença Arterial Periférica é a dor nas pernas ao caminhar (claudicação) que melhora quando se interrompe o esforço. Esse desconforto resulta da maior necessidade de oxigénio e nutrientes durante a marcha que não são suficientemente fornecidos pelas artérias obstruídas.

Outros sinais são s sensação de dormência ou fraqueza nas pernas, pés e pernas mais frios e/ou mais pálidos, feridas que não cicatrizam, e dor nos pés ou nos dedos durante o repouso. Ao longo do tempo a pele pode ficar mais escura ou azulada.

As suas manifestações vão-se agravando com o tempo, como consequência da progressiva redução do fornecimento de oxigénio. Assim, o desconforto surge inicialmente após uma certa distância percorrida, sendo que esse intervalo vai-se reduzindo, até ao ponto em que surge dor nas pernas. Nos casos mais graves pode ainda ocorrer disfunção erétil.

Causas

Os pacientes tabagistas, diabéticos, obesos e/ou hipertensos são os mais atingidos, já que estas doenças aumentam a probabilidade de lesões na camada mais interna dos vasos, o que leva ao endurecimento das artérias (aterosclerose). A presença de doença renal associada a hemodiálise é outro fator de risco.

Diagnóstico

A Doença Arterial Periférica muitas vezes, não é diagnosticada, o que aumenta o risco de complicações. O exame médico é muito útil porque permite detetar diversos sinais de enfermidade como a coloração das pernas (mais pálidas), a presença de pelos (que não crescem ou caem devido a insuficiência de sangue), a sensibilidade da pele, a existência de feridas e a presença ou ausência de pulsos em diversos pontos dos membros inferiores. Esses elementos, em conjunto com a história de doenças pré-existentes (tabagismo, colesterol alto, diabetes, obesidade, hipertensão) são quase sempre suficientes para um diagnóstico que deve ser confirmado mediante a realização de exames de imagem. Esses permitem uma melhor definição da localização e extensão do problema e são essenciais no planeamento do tratamento, médico ou cirúrgico.

O exame inicial é o Eco Color Doppler, um ultrassom especial que avalia o fluxo de sangue nos vasos e permite identificar a presença de obstruções. Em alguns casos, podem ser solicitados angiotomografia, angiorressonância ou arteriografia.

Tratamento

O tratamento irá depender do grau de obstrução e do estado geral do paciente.

Na maioria dos casos, inicia-se pela mudança no estilo de vida. De facto, parar de fumar, controlar a diabetes e a hipertensão arterial, perder peso, reduzir o colesterol e praticar exercícios são aspetos fundamentais no tratamento e prevenção da doença arterial periférica.

O exercício físico, como as caminhadas, não permite a desobstrução das artérias já entupidas, mas facilita a criação de novos caminhos pelos quais o sangue e o oxigénio podem chegar aos tecidos.

Existem, por outro lado, fármacos que permitem uma melhor dilatação das artérias, aumentando o fluxo de sangue.

O tratamento médico da diabetes, hipercolesterolémia e hipertensão arterial é igualmente essencial.

O uso de aspirina ou de medicamentos antiagregrantes plaquetários impede a formação de coágulos e contribui para a manutenção do fluxo sanguíneo.

Todos eles devem ser selecionados caso a caso e requerem sempre uma prescrição médica.

A cirurgia é uma alternativa para o restabelecimento do fluxo sanguíneo. Existem diversas técnicas, desde a de by-pass (ou de derivação) às técnicas de cateterismo, mas quais as zonas das artérias obstruídas são dilatadas mediante o recurso a um balão, colocando-se depois próteses que permitem mantê-las abertas.

Prevenção

Parar de fumar, controlar a diabetes e a hipertensão arterial, perder peso, reduzir o colesterol e praticar exercício físico são fatores que permitem manter as artérias em excelentes condições.

Fontes

José Daniel Menezes e col., Estudo da Prevalência da Doença Arterial Periférica em Portugal, Angiologia e Cirurgia Vascular, 5 (2), Junho 2009: 59-68

Carolina Vaz e col., Doença Arterial Periférica e Qualidade de Vida. Angiol Cir Vasc., 2013, vol. 9 (1): 17-23

American Heart Association, Junho de 2011

Society of Interventional Radiology, 2014

U.S. National Library of Medicine, Maio 2012