O que é?

A aorta é a maior artéria do corpo, sendo responsável pelo transporte de oxigénio do coração para todo o organismo. A parte da aorta que passa pelo tórax é designada aorta torácica e a que passa pelo abdómen, aorta abdominal. 

O aneurisma da aorta corresponde a um alargamento anormal da parede da aorta e pode ocorrer em qualquer local ao longo do seu trajeto. Consoante a sua forma, podem ser designados de fusiformes (mais alongados) ou saculares (em forma de saco, mais pequenos que os fusiformes). A  aorta abdominal é o local mais frequente de aneurisma arterial. Define-se como uma dilatação focal, envolvendo todas as camadas vasculares, com um diâmetro maior ou igual a três centímetros. A maioria ocorre no segmento da aorta situado abaixo dos rins. São quatro a cinco vezes mais frequentes no género masculino e a sua incidência aumenta com a idade, sendo raros antes dos 60 anos. A mortalidade associada à sua rutura é de cerca de 80%. Quando os aneurismas são detetados antes desse evento catastrófico e revelem dimensões em que esteja indicada a correção cirúrgica, a mortalidade associada a esse procedimento ronda os 5%, e, como tal, importa ponderar o benefício da deteção precoce através da realização de ações de rastreio.

Sintomas

A maioria mantém-se assintomática até à sua rutura. Deste modo, ou são descobertos por acaso numa consulta médica ou em exames complementares de diagnóstico, ou nunca chegam a ser detetados e o doente acaba por falecer por qualquer outro motivo, antes da sua rutura. Mais raramente, podem manifestar-se sob a forma de dor abdominal crónica, ou através de complicações trombo-embólicas, sendo que os sintomáticos têm um maior risco de rutura.

Quando tal ocorre, manifesta-se frequentemente por dor lombar, com ou sem dor abdominal, hipotensão e presença de massa abdominal pulsátil. Pode ocorrer uma rápida evolução choque, associada a elevada mortalidade. Os sintomas secundários à rutura podem simular um enfarte agudo do miocárdio, uma cólica renal, pancreatite, cólica biliar, entre outras situações. No caso de um aneurisma da aorta torácica, os sinais mais comuns são dor na região do maxilar, pescoço ou no peito, tosse e dificuldade em respirar.

Causas

O tabagismo, a aterosclerose, a hipertensão arterial e a presença de história familiar de aneurisma abdominal destacam-se entre os principais fatores de risco para a formação de um aneurisma. No entanto, cerca de 95% dos aneurismas da aorta são causados pela aterosclerose, que provoca um estreitamento da parede da aorta. Outras causas associadas são:

  • A camada muscular da parede da aorta pode apresentar uma fraqueza congénita, que facilita a formação de um aneurisma;
  • A hipertensão arterial, ao aumentar a força exercida pelo sangue sobre a parede da aorta contribui para a formação de aneurismas;
  • Um traumatismo é outra causa possível.

Diagnóstico

É muito importante um diagnóstico precoce, de modo a garantir um tratamento adequado. Para tal, é necessário existir um elevado grau de suspeição, para que sejam selecionados os exames complementares adequados a cada situação. Neste caso, os sintomas podem simular quadros clínicos muito distintos e, como tal, o diagnóstico apresenta-se mais complexo.

Para esta patologia, os exames recomendados são o estudo radiográfico do tórax e a ecografia, assim como a tomografia computorizada abdominal com contraste endovenoso.

Tratamento

O tratamento depende da sua dimensão. Para aneurismas pequenos e assintomáticos pode ser suficiente uma vigilância regular, para lá do tratamento de todos os fatores de risco presentes. Para aneurismas de maior dimensão, será importante avaliar qual o melhor tratamento. A cirurgia é uma possibilidade e pode recorrer a diferentes técnicas em função das características do aneurisma.

Prevenção

A prevenção passa pela adoção de uma dieta pobre em colesterol e gorduras saturadas, de modo a reduzir o risco de aterosclerose. É também importante prevenir, detetar e tratar a hipertensão arterial. Sempre que existe uma história familiar ou existem fatores de risco, é igualmente relevante realizar uma ecografia periódica.

Fontes

Lúcia Taborda e col., Aneurisma da Aorta Abdominal. Uma Apresentação Pouco Frequente, Acta Med Port 2011; 24: 857-862

Cleveland Clinic, 2014

The Johns Hopkins University, 2013