O que é?

A artroscopia é uma técnica minimamente invasiva desenvolvida desde o início do séc XX com aumento progressivo da capacidade diagnóstica e terapêutica de grande número de patologias na área da Ortopedia. Consiste na introdução de uma óptica amplificadora dentro de uma articulação, conectada a uma fonte de luz, e com transmissão de sinal para um monitor externo, permitindo ver o que se passa dentro da cavidade onde se encontra.

 

Sendo esta parte diagnóstica aquela que inicialmente fomentou o seu desenvolvimento, cedo se percebeu que com o auxílio dela se poderia também evoluir para o tratamento de muitas patologias utilizando a visualização direta sobre as estruturas anatómicas.

 

Como mais valias trouxe-nos a utilização de pequenas incisões e menor destruição dos tecidos necessária para se atingir a articulação a estudar/tratar, pois cada porta de entrada (portal) para cada articulação não tem mais de 0,5 a 1 cm, podendo fazer-se vários portais consoante as necessidades. Indiretamente, esta mais-valia permite menos dor no pós-operatório; menor lesão das estruturas que envolvem a articulação e que apenas acontece para podermos aceder à articulação; maior celeridade no processo de reabilitação.

 

Foi graças também à introdução da artroscopia na articulação do ombro que muitas patologias/doenças foram descobertas/ melhor conhecidas, pois a observação direta da articulação é sempre mais completa do que a observação indireta fornecida por outros meios complementares de diagnóstico (rx, eco, TAC, RMN, artrografia, etc).

 

Pacientes que estavam condenados a viver a sua vida com o diagnóstico de “tendinite” passaram a ver as suas lesões diagnosticadas e tratadas.

 

A artroscopia teve portanto o mérito de nos permitir compreender que muitas patologias não têm uma base estrutural mas sim uma base funcional. A doença não é consequência de um dano que acontece numa determinada estrutura mas resulta da alteração no modo com essa estrutura funciona ou na sua interação com as estruturas adjacentes.

 

Para acompanhar toda esta evolução, tanto os instrumentos cirúrgicos como os materiais usados tiveram necessidade de se adaptar à área da artroscopia por apresentarem especificidades até então não colocadas.

 

A artroscopia permitiu que os tempos de internamento diminuíssem e aumentasse a possibilidade de cirurgias ambulatórias, com menor consumo de recursos económicos diretos e indiretos

 

A artroscopia como técnica usada cada vez em maior número de patologias e por maior número de cirurgiões não deve ser encarada como uma cirurgia menor pois como em qualquer cirurgia tem riscos comuns a todas elas e específicos à artroscopia. E, não é uma panaceia, pois deixa muitos campos onde a cirurgia “clássica” lhe leva vantagem.