O que é?

O punho é uma estrutura complexa, composta de ossos, ligamentos e tendões que juntos e de forma harmoniosa permitem movimentos em diversos planos.

Em virtude de seu posicionamento e de seu arco de movimento, o punho é suscetível a constantes forças axiais e vetores de deformação. 

A estabilidade do punho é definida como a capacidade deste manter o equilíbrio estático e dinâmico entre as articulações sob as cargas fisiológicas e movimentos. A instabilidade corresponde ao distúrbio desse equilíbrio, relacionado com lesões ósseas e/ou ligamentares, resultando numa incapacidade de manter as relações anatómicas e articulares e ocasionando um défice do desempenho, com e dor e colapso do punho.

As lesões agudas e repetitivas no punho são uma das principais causas de instabilidade do punho. Essa instabilidade pode ainda estar associada a outras doenças como a osteonecrose, as doenças inflamatórias crónicas (artrite reumatóide), algumas doenças neurológicas e neoplásicas, além de malformações congénitas específicas. As fraturas do rádio e do escafóide também podem estar relacionadas com instabilidade.

A instabilidade do punho é uma condição frequentemente negligenciada. Uma adequada interação entre médicos e radiologistas é essencial para se fazer diagnóstico correto, assim se evitando a evolução da doença, preservando a qualidade de vida dos doentes.

Sintomas

Os sintomas são muito variáveis, sendo comum a dor, perda de força ou sensação de um estalido ao utilizar a mão.

Por vezes, pode surgir um inchaço.

A limitação dos movimentos ocorre nas fases tardias

Causas

A instabilidade do punho corresponde a todo um contínuo de perturbações que podem resultar de um trauma agudo ou de lesões repetidas. Uma queda pode causar a rotura de diversos ligamentos e a repetição de pequenos traumas pode lesar ligamentos individuais. Essas micro-lesões, quando não tratadas, poderão evoluir para artrite com dor e incapacidade.

Desportos que envolvem movimentos de torção do punho (desportos com raquete, ginástica) estão frequentemente associados a este quadro mas qualquer desporto onde exista o risco de queda se pode associar a uma instabilidade do punho.

Diagnóstico

O diagnóstico precoce é essencial, contudo a maioria dos pacientes não recorre logo ao médico porque a lesão inicial tende a ser desvalorizada.

A observação médica é muito importante, devendo ser palpados e examinados os diversos ossos e ligamentos. Existem algumas manobras específicas que contribuem para esse diagnóstico. 

O diagnóstico da instabilidade do punho é um desafio para clínicos e radiologistas e deve ser feito com base em dados clínicos e estudos de imagem.

Nas fases avançadas, o diagnóstico é evidente, mas nas fases iniciais as radiografias convencionais podem ser normais.

A avaliação inicial deve apoiar-se em radiografias convencionais. Se a avaliação inicial demonstrar alterações discretas, mas a clínica for sugestiva, devem ser realizados outros estudos.

Embora pouco usada para esse diagnóstico, a ressonância magnética permite estudar os ligamentos e partes moles, auxiliando na eventual programação cirúrgica.

A tomografia computorizada é ideal para avaliação do osso e das superfícies articulares.

A artroscopia permite a visualização direta das superfícies articulares e dos ligamentos.

Tratamento

O tratamento dependerá do tipo de lesão detetada, da causa, do seu tempo de evolução e da presença de artrite. 

Os métodos iniciais de tratamento incluem a imobilização e a fisioterapia, bem como a interrupção das atividades que agravam os sintomas.

Sempre que possível, os ligamentos afetados devem ser reparados ou reconstruídos, o que implica cirurgia.

O tempo de recuperação é variável. De um modo geral, é possível retomar um trabalho de secretária ao fim de 4 a 6 semanas. A condução pode ser retomada após 6 a 8 semanas e atividades como o golfe ou desportos de raquete devem ser evitadas durante 3 a 4 meses.

Prevenção

A prevenção das instabilidades do punho no desporto depende de uma adequada preparação física, com ênfase na força muscular, no equilíbrio, na flexibilidade e na definição de programas de treino adequados para cada modalidade.

Fontes

American Academy of Family Physicians

Mayo Clinic

William Albeiro Jimenez e col, Tenossinovites De Quervain: uma nova proposta no tratamento cirúrgico, Rev. Bras. Cir. Plást. 2010; 25(3): 465-9

American Society for Surgery of the Hand, 2006

Beth Israel Deaconess Medical Center, 2011

André Sarmento e col., Lesões do punho do atleta, Rev. Medicina Desportiva informa, 2011, 2 (4), pp. 26–28

M. Garcia-Elias, The Treatment of Wrist Instability, The Journal of Bone and Joint Surgery, Vol. 79-B, No. 4, July 1997: 684-690

American Academy of Orthopaedic Surgeons, 2007