O que é?

Para que possa ocorrer uma gravidez são necessários diversos passos: a formação e libertação de um óvulo a partir dos ovários; a sua chegada através das trompas até ao útero; a junção com o esperma masculino; a fixação do óvulo fecundado na parede do útero (implantação). Se ocorrerem problemas em qualquer um destes passos, pode ocorrer a infertilidade.

A infertilidade não é um problema exclusivamente feminino. Como regra, um terço das causas são femininas, outro terço são masculinas e os casos restantes resultam de uma combinação de problemas dos dois membros do casal.

Sintomas

Embora a Organização Mundial para a Saúde defina infertilidade como a “ausência de gravidez após dois anos de relações sexuais regulares e sem uso de contraceção”, entende-se estar perante um caso de infertilidade quando não se consegue obter uma gravidez após um ano de tentativas. Para as mulheres com idade superior a 35 anos, esse limite é de seis meses. Fala-se também em infertilidade no caso de mulheres que, embora consigam engravidar, não conseguem levar a gestação até ao fim.

Causas

Em cerca de 10% dos casos, não se consegue identificar a causa para a infertilidade. No entanto, existem inúmeras origens para a infertilidade, tanto masculina como feminina.

  • Masculinas: Varicocelo (dilatação das veias dos testículos, aumentando a temperatura, o que afeta o número e a forma dos espermatozoides); alterações na capacidade do seu movimento; torção ou trauma do testículo; consumo de álcool, drogas ou tabaco reduz o número de espermatozoides saudáveis; doenças renais, alterações hormonais, papeira, contacto com pesticidas, medicamentos, exposição a radiações ou quimioterapia. Todos estes fatores podem afetar a produção de espermatozoides, sendo que a própria idade se associa a uma redução no número e qualidade dessas células. O calor é importante porque interfere com a sua produção. Por isso, profissões como os cozinheiros ou motoristas apresentam maior risco.

 

  • Femininas: a maioria dos casos resulta de problemas na ovulação. Um dos sinais de alterações na ovulação é a ocorrência de períodos irregulares. Uma das causas mais comuns é a síndrome do ovário poliquístico, que provoca um desequilibro hormonal que interfere com a ovulação. Outra origem comum é a insuficiência ovariana primária, que acontece quando os ovários deixam de funcionar normalmente antes dos 40 anos de idade. Existem outras origens possíveis: doença inflamatória pélvica, endometriose, cirurgia, fibromiomas, pólipos do útero, doenças da tiroide, antecedentes de interrupção voluntária da gravidez ou abortos de repetição. Do mesmo que para o homem, a idade, o tabagismo, o consumo de álcool, o stress, são fatores a considerar. Uma má nutrição, atividade física em excesso, doenças de transmissão sexual, peso acima ou abaixo no normal são também interferem com a fertilidade. A idade é importante porque, à medida que ela aumenta, os ovários tornam-se menos capazes de liberar óvulos, o seu número é menor, não são tão saudáveis e o risco de existirem outros problemas de saúde vai aumentando.

Diagnóstico

Na avaliação inicial, é importante conhecer os hábitos sexuais do casal e podem ser feitas recomendações que se revelem pertinentes. O diagnóstico tende a ser moroso e dispendioso e, como se referiu, mesmo com todos os testes e aconselhamento, não se pode garantir que a gravidez ocorra.

As causas de infertilidade são múltiplas e podem, ou não, estar associadas a anomalias do sistema reprodutor masculino ou feminino. Por isso, o diagnóstico deve desenvolver-se de forma faseada e incluir simultaneamente os dois elementos do casal.

Para além da observação médica, são necessários exames laboratoriais, estudos genéticos, hormonais e alguns métodos de imagem, como a ecografia ou a histerosalpingografia. No caso do homem, um dos testes mais relevantes é o espermograma. Para a mulher, um dos passos importantes é perceber se a ovulação ocorre todos os meses.

Tratamento

O tratamento depende da causa e pode passar por medicamentos, cirurgia, inseminação artificial, ou reprodução assistida. Pode ser necessário combinar diferentes técnicas num mesmo caso. De um modo geral, os fármacos utilizados são de natureza hormonal e procuram melhorar o processo da ovulação.

 

Como lidar com a infertilidade?

Lidar com a infertilidade pode ser difícil, dado não ser possível saber quando o problema ficará resolvido. Como tal, a carga emocional associada é considerável. Por isso é importante que o casal defina os seus próprios limites. Os meios de diagnóstico e os tratamentos são caros e nem sempre se obtém o resultado desejado. Devem ser tidas em consideração todas as alternativas que possam reduzir a ansiedade que a infertilidade tende a trazer. Essa pode ser minimizada mediante o apoio das equipas de profissionais da saúde, dos amigos e familiares e recorrendo a técnicas de relaxamento, se necessário.

Prevenção

Muitas das formas masculinas não são evitáveis. Contudo, não fumar, não consumir álcool em excesso, evitar altas temperaturas são algumas medidas a considerar.

Para as mulheres, algumas medidas são fundamentais para prevenir a infertilidade:

  • A prática de sexo seguro é uma das medidas mais importantes para evitar Doenças Sexualmente Transmissíveis como a clamídia, gonorreia, sífilis e o HPV (papiloma vírus humano). Estas infeções podem provocar Doença Inflamatória Pélvica, infertilidade e doenças sistémicas graves.
  • Evitar toxinas ambientais.
  • Evitar altos níveis de mercúrio em alimentos como o espadarte e cavala. Evitar o benzeno (presente em detergentes, corantes, borrachas, lubrificantes, produtos para o cabelo e tinta) porque é um desregulador endócrino que pode contribuir para a infertilidade. Verificou-se que o benzeno interrompe o período das mulheres e diminui a contagem de espermatozoides nos homens. 
  • Parar de fumar: quase todos os estudos sobre tabagismo e fertilidade mostram um sério impacto, incluindo o fumo passivo.
  • Evitar o consumo de álcool e drogas.
  • Reduzir a ingestão de cafeína.
  • Ter em atenção o uso de medicamentos.
  • Manter um peso dentro dos valores normais
Fontes:

Associação Portuguesa de Infertilidade

Attain Fertility

Division of Reproductive Health, National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, 12 de Fevereiro de 2013

Mayo Foundation for Medical Education and Research

Saúde Reprodutiva, Infertilidade, Direção-Geral da Saúde, Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, Lisboa 2008

Sexual and reproductive health, World Health Organization