O que é?

A sífilis é uma infeção sexualmente transmissível (IST) provocada pela bactéria Treponema pallidum. Manifesta-se inicialmente por pequenas úlceras na pele, localizadas nos genitais, na boca ou no ânus, mas pode permanecer muito tempo sem dar sinais após a infeção, o que facilita o contágio dos parceiros sexuais.

A sífilis representa um problema de saúde pública, sendo uma doença de declaração obrigatória, que provoca também restrições à doação de sangue, devido ao risco de contaminação do sangue doado.

A sífilis tem três fases, intervaladas por períodos variáveis de latência, e se não for tratada pode provocar complicações graves no coração, no cérebro, nos olhos e noutros órgãos. No entanto, caso o diagnóstico seja feito no início da infeção, o tratamento é curativo. Em mulheres grávidas, é essencial o rastreio, pelo risco de transmissão ao bebé, na forma de sífilis congénita, podendo provocar aborto, parto prematuro e doença grave à nascença, incluindo surdez, alterações neurológicas e deformidades ósseas do bebé.

 

Fases e sintomas da sífilis

1. Após o contágio, a fase primária da sífilis é das mais importantes para o diagnóstico. Os primeiros sinais surgem entre uma semana e três meses depois do contacto com a bactéria e, por vezes, não são notados pelo próprio. As lesões ou úlceras - por vezes, apenas uma - não provocam dor ou elevado incómodo, podendo ser desvalorizadas.

Caso não seja feito tratamento, ao fim de poucos dias ou semanas as lesões desaparecem, dando uma sensação de falsa segurança: a sífilis continua presente, evolui para a fase secundária e pode continuar a ser transmitida a outras pessoas. O diagnóstico laboratorial e o tratamento para eliminar a infeção são sempre necessários, apesar de poder não haver lesões visíveis.

 

2. A fase secundária da sífilis surge entre um a seis meses após o desaparecimento das lesões iniciais. Caracteriza-se por zonas de irritação ou erupção na pele que podem surgir em qualquer parte do corpo, incluindo as palmas das mãos e as plantas dos pés. Também se pode manifestar por pequenas borbulhas ou verrugas na boca, nos genitais ou no ânus, habitualmente acompanhadas de outros sintomas:

  • Febre;
  • Fadiga e dores musculares;
  • Perda de peso;
  • Dores de cabeça;
  • Perda de cabelo;
  • Inflamação dos gânglios linfáticos.

 

As erupções da fase secundária também podem não causar dor ou desconforto severos, principalmente se não existirem sintomas associados, desaparecendo ao fim de algumas semanas. No entanto, a sífilis continua transmissível até dois anos ou mais após o contágio inicial. Os sintomas podem aparecer e desaparecer várias vezes ao longo deste período, sendo essencial o diagnóstico e tratamento. Caso não seja feito tratamento, a doença entra numa fase latente que pode prolongar-se ao longo de vários anos, chegando a mais de duas décadas.

 

3. A sífilis terciária, que surge caso a infeção não seja tratada ou não seja eliminada pelo próprio sistema imunitário, progride para sintomas e consequências mais graves e, por vezes, irreversíveis. 20 % ou mais dos doentes não tratados evoluem para a fase terciária.

Uma vez que a bactéria se fixa em determinados órgãos, se a infeção atingir este patamar as suas manifestações implicam diretamente os órgãos afetados. Assim, além de o tratamento para a sífilis terciária ser mais complexo, podem existir sequelas graves, com progressão lenta:

  • Danos neurológicos, demência ou problemas cognitivos;
  • Doença cardíaca;
  • Dificuldades motoras e problemas musculares;
  • Convulsões ou doença neurológica;
  • Problemas na visão ou cegueira.

 

Causas da sífilis

As relações sexuais sem utilização de métodos de barreira de proteção, como o preservativo, são a principal forma de transmissão da sífilis por via vaginal, anal ou oral. A infeção também pode surgir através de cortes na pele ou membranas mucosas, com o contacto com lesões cutâneas ou genitais dos doentes infetados, por via sanguínea com sangue contaminado e transmissão da mãe para o filho durante a gravidez ou durante o parto. Quando o portador da doença tem uma pequena lesão provocada pela sífilis, o contacto dessa zona afetada com o parceiro permite a passagem da bactéria para um novo organismo, espalhando-se pela corrente sanguínea.

Após as fases iniciais, a sífilis pode ficar inativa durante décadas, ou então deteriorar lentamente os órgãos onde a infeção se instalou.

A contaminação do sangue é outro risco associado à infeção pela bactéria, pelo que a doação de sangue não é permitida quando existe diagnóstico positivo, ou suspensa no caso de suspeitas, até ser feito um tratamento completo ou análises de diagnóstico.

 

Diagnóstico

Acompanhado de um inquérito sobre o historial médico e sexual de cada pessoa, o médico realiza o diagnóstico da sífilis baseado em análises de laboratório (não depende da existência de sintomas da doença) que confirmam a infeção pela bactéria Treponema pallidum. As análises ao sangue são o método mais comum de diagnóstico da sífilis. Existem também testes rápidos de sangue que são usados para despistar esta doença e a infeção por VIH, dado que a coinfeção é frequente.

Dado o perigo de contágio, qualquer pessoa pode e deve fazer análises à sífilis após atividade sexual de risco, como atos desprotegidos, ou caso tenha suspeitas de infeção. Como as consequências para os bebés são graves, durante a gravidez, é sempre realizado rastreio de sífilis (e outras doenças, IST ou não) tanto no início como no fim da gestação.

 

Tratamento da sífilis

Na fase inicial da infeção, a sífilis é tratada com antibióticos, nomeadamente a penicilina. Quanto mais tempo passa - principalmente na fase terciária - mais prolongado deve ser o tratamento antibiótico.

Durante o tratamento o doente deve abster-se de relações sexuais, e após esse tempo existe também um período de abstinência indicado pelo médico. Além disso, como o período de contágio é de cerca de dois anos, todos os parceiros sexuais devem ser informados, para que possam igualmente fazer análises, receber tratamento caso seja necessário, e comunicar a outras pessoas de forma a quebrar a cadeia de transmissão.

Tal como outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), combater a sífilis é uma questão de saúde pública.

 

Prevenção da sífilis

Não existindo uma vacina para prevenir a sífilis, reduzir o risco desta e de outras DSTs passa essencialmente pelo cuidado acrescido nas relações sexuais e evitar comportamentos de risco. Pessoas sexualmente ativas devem utilizar sempre preservativo, de forma correta, e testar-se para a doença em caso de suspeitas ou de informação de diagnóstico por parte de um parceiro, de modo a reduzir o risco de contágio.

Fontes:

Associação para o Planeamento da Família, agosto de 2023

Cleveland Clinic, agosto de 2023

Direção-Geral da Saúde, março de 2024

Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, março de 2024

Mayo Clinic, agosto de 2023

Organização Mundial da Saúde, agosto de 2023

SNS24, março de 2024

WebMD, agosto de 2023