O que é?

A gonorreia, também conhecida como blenorragia (ou, na forma popular, como “esquentamento”), é uma doença infecciosa sexualmente transmissível (DST) provocada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae. A gonorreia atinge tanto as mulheres como os homens, provocando mais sintomas no sexo masculino, e pode ser transmitida por portadores assintomáticos. A gonorreia durante a gravidez apresenta risco de alterações no desenvolvimento do feto, e também pode ocorrer a transmissão ao bebé durante o parto.

Tal como outras infeções sexualmente transmissíveis, a gonorreia está definida como sendo de notificação clínica e laboratorial obrigatória. Segundo as normas da Direção-Geral da Saúde e por representar um risco acrescido de contaminação do sangue de dadores, aplica-se um período de espera de três meses e posterior análise de diagnóstico antes da doação de pessoas suspeitas de infeção.

 

Causas de gonorreia

A gonorreia é provocada pela transmissão da bactéria através de contacto sexual (vaginal, anal ou oral) entre heterossexuais ou parceiros do mesmo sexo. Acessórios sexuais são também meios de transmissão da doença, se não forem desinfetados ou protegidos com um preservativo (que deve ser substituído entre utilizações). A possibilidade de contrair a doença é maior nas mulheres com menos de 25 anos, nos homens que tenham sexo com outros homens e nas pessoas com comportamentos sexuais de risco.

 

Sintomas de gonorreia

Cerca de metade das mulheres infetadas não sofrem de sintomas de gonorreia, comparativamente com apenas um décimo dos homens infetados. Os portadores assintomáticos podem, no entanto, transmitir a bactéria, que provoca a doença a outras pessoas. A bactéria atinge principalmente o trato genital e o reto, onde normalmente surgem os primeiros sintomas, afetando ainda os olhos, boca e articulações.

Os sintomas genitais nos homens são principalmente dores urinárias, corrimento amarelado ou esverdeado e edema e dor dos testículos. Nas mulheres, além da dor e corrimento, pode haver perda de sangue fora da menstruação e dor durante relações sexuais. Na zona retal, os sintomas são comuns a ambos os sexos: prurido (comichão), sangramento, corrimento semelhante a pus e dores durante a saída de fezes. É também comum as falsas vontades de urinar ou evacuar (tenesmo). Isolado, este sintoma leva a que frequentemente as mulheres confundam a gonorreia com uma infeção urinária.

Também a inflamação nos olhos, a sensibilidade à luz, a dor de garganta, a tosse, e o inchaço e dores nas articulações - além de dores abdominais nas mulheres -, são sintomas que ocorrem ocasionalmente.

 

Diagnóstico de gonorreia

O período de incubação da infeção varia entre dois a cinco dias e, como por vezes não há sintomas, é importante a realização de testes, de forma a interromper a transmissão. Perante gonorreia não diagnosticada e não tratada, a mulher grávida pode transmitir a bactéria ao bebé durante o parto, causando doença ocular, a qual, em casos graves, pode conduzir a cegueira. O diagnóstico implica exame dos orgãos genitais, do corrimento, no caso de haver sintomas, são necessárias análises à urina ou a amostras de exsudados da uretra, ânus, colo do útero ou boca. O diagnóstico irá confirmar a presença da bactéria e despistar outras infeções como sífilis, clamídia ou VIH, sendo possíveis as transmissões simultâneas de diferentes agentes infecciosos.

É importante procurar um médico logo que surjam alguns sintomas que possam indicar a doença, sobretudo caso se suspeite de situação de risco, nomeadamente ato sexual praticado sem preservativo, ou caso seja informado do diagnóstico de outra pessoa com quem teve contacto sexual. Após um diagnóstico positivo, é fundamental informar outras pessoas com quem se tenha tido relações sexuais.

 

Tratamento da gonorreia

A gonorreia é tratada com antibiótico e o tratamento pode ser recomendado ao parceiro.

Após o início do tratamento, é recomendada consulta de vigilância passadas uma a duas semanas, para confirmar a ausência da bactéria. A pessoa infetada deve fazer abstinência sexual durante esse período. A cura da doença não significa imunidade à bactéria, que pode voltar a ser transmitida.

 

Prevenção

O diagnóstico e o tratamento são fundamentais para combater a transmissão da doença, que apesar de frequentemente ser assintomática pode ter consequências severas. Nos casos mais graves, a gonorreia provoca infertilidade em homens e mulheres, e doença inflamatória pélvica nas mulheres.

A prevenção da doença é feita essencialmente pelos cuidados nas relações sexuais:

  • Usar preservativo sempre que ocorrer contacto sexual, incluindo vaginal, oral e anal;
  • Testar-se regularmente para ISTs (infeções sexualmente transmissíveis) - tanto a própria pessoa como os seus parceiros sexuais;
  • Não partilhar acessórios sexuais, desinfetá-los bem e protegê-los com um preservativo antes de serem utilizados por outra pessoa;
  • Não ter relações sexuais caso suspeite (ou o seu parceiro) de uma DST.
Fontes:

Associação para o Planeamento da Família, março de 2024

Direção-Geral da Saúde, março de 2024

Mayo Clinic, setembro de 2023

NHS, setembro de 2023

Pedipedia, março de 2024

SNS24, setembro de 2023

WebMD, setembro de 2023