O que é?

Sempre que um osso é sujeito a uma força que excede a sua capacidade de adaptação, o osso parte, ou seja, sofremos uma fratura.

Dependendo do mecanismo e intensidade da lesão a fratura pode ser completa ou incompleta, orientada em diferentes direções, ou resultar em múltiplos fragmentos (fratura cominutiva). Em alguns casos ocorre uma lesão concomitante da pele, ficando o osso em contacto direto com o exterior (fratura exposta), com risco acrescido de complicações, nomeadamente infeção.

Na maior parte das vezes a fratura resulta de um traumatismo considerável, mas em caso de osteoporose ou tumores (fratura patológica) podem ocorrer com traumatismos de baixa intensidade.

Pequenos traumatismos repetitivos podem também levar ao desenvolvimento de um tipo particular de fratura, a fratura de stress.

Sintomas

A maioria dos doentes queixa-se de dor marcada no local afetado e incapacidade funcional. Outros sintomas comuns são edema (inchaço) e deformidade.

Diagnóstico

A história e exame clínicos, incluindo a descrição do acidente, permitem habitualmente suspeitar de uma fratura. O RX confirma o diagnóstico e ajuda a definir o plano de tratamento. Em alguns casos a Tomografia Computorizada (TAC) e Ressonância Magnética (RMN) podem ser necessárias.

Tratamento

O objetivo de qualquer tratamento de uma fratura, seja conservador ou cirúrgico, é repor e manter os fragmentos fraturados na sua correta posição até à consolidação do osso (ou seja, até que o osso una), o que ocorre num tempo variável dependendo do osso afetado.

À reposição dos fragmentos na sua posição chama-se redução, que pode ser feita por manipulação ou cirurgicamente.

Uma vez reduzida a fratura, é necessário mantê-la nessa posição, para o que se podem usar imobilizações por gesso, ortóteses (talas, coletes, etc), ou fixadores externos (aparelhos que são colocados no osso à distância da fratura e unidos por barras por fora da pele, habitualmente usados em casos de fraturas expostas).

Quando se opta por cirurgia, a redução pode ser mantida por parafusos, placas e varetas ou cavilhas, que, desde que não provoquem sintomas, podem ser mantidos indefinidamente.

Diversos fatores vão interferir com o tempo de consolidação, alguns dependentes da fratura (osso afetado, localização, tipo de fratura, etc), outros do doente (idade, estado nutricional, doenças associadas, etc).

Fraturas nas Crianças

Num estudo efetuado na Suécia concluiu-se que a probabilidade de uma criança (até aos 16 anos) sofrer uma fratura era de 42% para os rapazes e de 27% para as raparigas. Por estes números percebe-se que as fraturas são relativamente comuns nas crianças, mas porque é que isso acontece?

Os ossos das crianças têm uma acividade metabólica acelerada devido ao processo de crescimento. Crescem em comprimento, devido às cartilagens de crescimento nas extremidades dos ossos longos, e crescem em largura devido ao periósteo que cobre os ossos na sua extensão.

Os ossos longos são tubulares para poderem absorver, durante uma queda, as forças deformantes, sem se fraturarem. Os ossos das crianças são imaturos e como tal mais flexíveis podendo absorver impactos com mais facilidade. Mas, nos primeiros anos de vida, são pouco resistentes aos movimentos de torção e por isso não é infrequente uma criança que começou a andar fazer uma pequena fratura do membro inferior só porque o pé ficou preso no chão ou porque a coxa ficou presa na grade da cama.

As crianças também fazem fraturas similares às dos adultos, como as articulares ou as fraturas das diáfises (extremidade do osso), tudo dependendo do mecanismo da fratura. Mas estão sujeitas a outro tipo de fraturas relacionadas com as diferenças anatómicas da criança (deformidade plástica, por compressão, em ramo verde, epifisária ou da cartilagem de crescimento).

O médico tem de avaliar não só o tipo de fratura mas também a capacidade de resposta do organismo perante cada fratura. Por outro lado dado que a criança se encontra em crescimento, é preciso ponderar a influência que a fratura poderá vir a ter no crescimento ósseo, o que às vezes não se torna fácil de prever na fase inicial. Por esse motivo as fraturas complexas devem ser avaliadas por ortopedistas familiarizados com o tratamento das crianças.

As fraturas das crianças envolvendo o cotovelo são aquelas que mais problemas médicos põem, não só pelos riscos de alterações vasculares mas também pela dificuldade do seu tratamento, devido às condicionantes anatómicas.

A complicação mais relevante das fraturas nas crianças é um distúrbio do crescimento, no entanto, estas são raras. As crianças “partem-se” com frequência porque são muito ativas e caem com muita facilidade, utilizando as mãos como pára-choques. Daí a grande frequência de fraturas envolvendo as mãos e a extremidade distal do antebraço (mais de 50%). São fraturas de uma maneira geral simples (deformidade plástica, por compressão ou em ramo verde) e sem qualquer repercussão funcional no futuro. As fraturas dos adolescentes, normalmente associadas às práticas desportivas, podem ser mais complexas, principalmente quando localizadas aos membros inferiores e podem ser responsáveis por sequelas tardias. 

Em conclusão podemos dizer que as fraturas das crianças e adolescentes são relativamente frequentes, mas na maioria dos casos tratam-se de situações simples, de fácil tratamento e sem repercussão na idade adulta. As fraturas do cotovelo nas crianças, ou as fraturas dos membros inferiores nos adolescentes podem ser a exceção com um risco acrescido de complicações.