Síndrome do choque tóxico: o que é?

Prevenção e bem-estar
Saúde da mulher
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É uma doença rara, grave e potencialmente fatal. Tornou-se mais frequente pela associação ao uso de tampões higiénicos de modo prolongado. Conheça os sintomas.

A síndrome do choque tóxico (SCT) está atualmente mais divulgada por poder estar associada ao uso de absorventes higiénicos internos durante o período menstrual - os vulgares tampões higiénicos. No entanto, 50% dos casos de SCT ocorrem em múltiplas outras situações em mulheres, homens e crianças por infeção com S. aureus.

 

O que é a SCT e como se desenvolve?

A síndrome do choque tóxico desencadeia-se quando bactérias Staphylococcus aureus, Clostridium sordelli ou Streptococcus pyogenes produzem toxinas que entram na circulação sanguínea em grande quantidade provocando uma doença grave sistémica e de evolução rápida. Isto pode acontecer na sequência de cirurgias, feridas na pele e queimaduras, tamponamento nasal para tratar hemorragias, ou condições inflamatórias da traqueia, dos seios perinasais, dos pulmões ou dos ossos e medula óssea.

Nas mulheres, esta síndrome pode ainda estar associada a procedimentos ginecológicos, infeções vaginais ou ao uso de métodos contracetivos de barreira, como o diafragma em esponja.

A associação da SCT ao uso de absorventes menstruais ocorre quando a mulher não troca os tampões com frequência, ou usa tampões superabsorventes quando o fluxo menstrual é baixo, o que facilita a infeção no local e a passagem de bactérias para o útero e corrente sanguínea.

 

Quais são os sintomas da SCT?

O quadro inicial é súbito, piora rapidamente e inclui:

  • Febre alta e súbita
  • Hipotensão
  • Manchas cutâneas generalizadas (erupção macular difusa)

 

A síndrome do choque tóxico está habitualmente associada a envolvimento de três ou mais dos seguintes órgãos:

  • Fígado: elevação nos níveis de bilirrubina ou AST (aspartato aminotransferase) / ALT (alanina aminotransferase)
  • Sangue: níveis baixos de plaquetas
  • Rins: níveis de ureia ou creatinina elevados ou diminuição do volume de urina
  • Mucosas: hiperemia orofaríngea, conjuntival ou vaginal
  • Sistema gastrointestinal: vómitos, diarreia
  • Muscular: mialgias (dores nos músculos) graves, níveis elevados de creatinofosfoquinase (CPK)
  • Sistema nervoso central: desorientação ou alteração da consciência

 

Este quadro evolui frequente e rapidamente para choque séptico com envolvimento e falência de órgãos como os rins, o sistema nervoso central e sistema respiratório. Por estas razões é essencial um diagnóstico rápido e tratamento hospitalar.

 

Como se trata?

Os doentes devem ser hospitalizados já que o quadro evolui rapidamente e pode mesmo ser fatal.

Na existência de tampão ou contracetivo de barreira, estes são removidos e enviados para análise amostras de tecidos circundantes para identificação bacteriana. Nos outros casos de SCT devem colher-se amostras em tecidos infetados que possam ser o foco da bactéria.

Para o controlo da infeção são habitualmente ministrados antibióticos intravenosos. Em caso de elevada gravidade pode ser necessário o internamento em cuidados intensivos e os tratamentos dependem dos órgãos afetados, incluindo:

  • Medicação para aumentar a pressão arterial
  • Oxigénio
  • Diálise
  • Fluidos por via intravenosa

 

Segundo o sistema nacional de saúde britânico (NHS), o quadro clínico melhora em alguns dias, mas a alta do hospital pode levar algumas semanas. Em doentes jovens e sem outras patologias associadas, a recuperação pode ser completa.

 

Como prevenir?

A ocorrência rara da SCT pode ser prevenida com gestos simples:

  • Desinfete feridas e queimaduras
  • Mantenha as feridas cirúrgicas limpas e vigiadas. Se notar alguma vermelhidão ou inchaço, consulte o seu médico assistente
  • Use tampões com a menor absorção possível para o seu fluxo menstrual
  • Troque os tampões com frequência (ao fim de quatro a oito horas)
  • Alterne entre os tampões e outros absorventes (como pensos higiénicos ou cuecas absorventes)
  • Lave as mãos ao inserir e retirar um tampão
  • Ao escolher contraceção com métodos de barreira siga rigorosamente as instruções sobre quanto tempo podem ser usados
Fontes:

Cleveland Clinic, agosto de 2021

National Center for Biotechnology Information, U.S. National Library of Medicine, agosto de 2021

National Health Service, agosto de 2021

National Organization for Rare Disorders, agosto de 2021

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, agosto de 2021

Publicado a 02/12/2021
Doenças