A mensagem de Helena Melo

Para todas as mulheres

O diagnóstico de cancro da mama mudou-lhe os planos aos 36 anos. Helena deixa-nos uma mensagem importante: "devemos valorizar mais a saúde e ouvir o nosso corpo".



 

No verão de 2020, a família de Helena Melo, atualmente com 37 anos, ficou completa com o nascimento da sua filha. Solicitadora a trabalhar por conta própria, Helena já era mãe de um rapaz e a azáfama familiar, acentuada com o nascimento da bebé, ocupavam-na a 100%. “Sempre dei prioridade ao trabalho”, revela. “Não tinha tempo para estar doente.”

Foi então que, ao amamentar a bebé, na altura com seis meses, Helena detetou algo estranho: “Senti um nódulo sólido e fixo na mama direita. Inicialmente pensei numa mastite ou noutra situação provocada pela amamentação.” No entanto, quando, ao fim de alguns dias, o nódulo não desapareceu, começou a ficar preocupada e procurou a sua ginecologista, que lhe pediu uma bateria de exames, incluindo mamografia, ecografia e biópsia. O diagnóstico foi claro: cancro da mama hormonal.

 

O tratamento

Helena começou a ser acompanhada num centro clínico especializado em mama que a referenciou para a consulta da CUF Oncologia no Hospital CUF Porto. “Já levava comigo os exames e a biópsia e, após uma análise cuidada, a médica disse-me que teria de começar por fazer quimioterapia neoadjuvante antes da cirurgia”, explica Helena. “Comecei com quatro ciclos quinzenais e depois passei para 12 semanais.” A meio do processo, fez uma ressonância magnética que confirmou que o tratamento estava a correr bem.

Foi submetida a cirurgia no verão deste ano.Helena Melo fez a quimioterapia na CUF, onde continua a ser acompanhada. “O ambiente hospitalar é ótimo”, afirma. “Durante os tratamentos de quimioterapia senti-me muito vulnerável, com muitos receios e dúvidas, e o que mais me sossegou foi ter a certeza de que estava sempre alguém à distância de um telefonema para me esclarecer.”

jovem mulher sorridente num jardim

Para Helena, ter a equipa que a acompanhava por perto foi especialmente importante: “Senti que valorizavam o que era de valorizar e desvalorizam o que não interessa, ajudando-me a focar no tratamento.” 

Ainda assim, teve momentos em que se sentiu mais em baixo: “Estaria a mentir se dissesse que nunca pensei que poderia ter um desfecho menos positivo, sobretudo durante a quimioterapia, quando estamos mais debilitadas. Passa-nos tudo pela cabeça. Mas rapidamente temos de nos mentalizar a tomar as rédeas e não desanimar.” O apoio da família e o facto de nunca ter deixado de trabalhar também ajudaram: “Consegui sempre conciliar tudo, o que também me ajudou a não me focar apenas na doença.”

 

Hoje, Helena sente-se bem e, aos poucos, vai retomando a vida normal. Por se tratar de um cancro de origem hormonal, terá de continuar a tomar medicação para bloquear a ação das hormonas e a ser acompanhada pela equipa médica por mais alguns anos.

Às mulheres da sua geração, deixa uma mensagem: “Tenho 37 anos e recebi o diagnóstico com 36. Na altura, tinha a ideia de que não teria cancro numa idade jovem. Hoje, sei que devemos valorizar mais a saúde e ouvir o nosso corpo: fazer a palpação, sem receio, depois do banho e procurar um profissional de saúde à mínima alteração ou sintoma.”

 

 

Fotografia © António Pedrosa 4SEE

Publicado a 21/10/2021