Construir um futuro com saúde desde o primeiro momento

Com a CUF a celebrar 80 anos de vitalidade, encontramos a ocasião perfeita para refletir: afinal, onde começa a base de uma vida saudável? 

 

Os primeiros mil dias de vida de uma criança - tempo que vai desde o momento da conceção ao segundo aniversário - são um período de extrema vulnerabilidade para o crescimento e desenvolvimento, e de grande “suscetibilidade a todos os fatores externos”, afirma Carla Rego, pediatra no Hospital CUF Porto.“Por isso, esta fase é determinante para a  programação do binómio saúde/doença para o resto da vida”, explica a especialista. Não admira, portanto, que seja tão importante investir desde logo em cuidados integrados para promover um percurso saudável.

Apesar de este período fulcral começar na conceção, os cuidados devem iniciar-se com o planeamento da gravidez “que promove uma gestação saudável e diminui riscos, tanto para a mãe, como para o bebé. Ajuda a identificar fatores de risco, permitindo corrigi-los ou controlá-los”, explica Mariana Panaro, ginecologista-obstetra nos hospitais CUF Descobertas e CUF Santarém. 

Por isso, a mulher deve ser acompanhada por uma equipa multidisciplinar, que além do obstetra, pode incluir profissionais de áreas como Enfermagem, Nutrição e Medicina Geral e Familiar, de modo a avaliar a existência de doenças crónicas, patologias cardíacas ou problemas de peso, por exemplo. O objetivo é que o bebé tenha as condições ideais para se desenvolver. Por esse motivo, é imperativo cumprir a calendarização de todas as consultas e exames, tanto nesta fase de preparação como durante a gestação.

Carla Rego

Nove meses que moldam uma vida

A saúde do bebé ao longo de toda a sua vida começa a desenhar-se antes do nascimento. Mariana Panaro alerta que “na gestação, os cuidados com a alimentação assumem relevância para fornecer os nutrientes essenciais ao desenvolvimento do feto, podendo ser necessário um reforço de ácido fólico, ferro, cálcio ou omega3.”

Mas os cuidados não se ficam por aqui. Promover uma gestação saudável passa igualmente por “ter um sono restaurador, além de não consumir álcool nem tabaco. Nos casos em que não há contraindicação médica, praticar atividade física é benéfico para a saúde da mãe e do bebé”, conclui a ginecologista-obstetra.

 

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E depois do parto?

Nos primeiros dois anos, regista-se a maior velocidade de crescimento físico de toda a vida. Em paralelo - e até aos 7 anos - decorre o desenvolvimento cognitivo e a maturação imunológica. É também nesta etapa da vida que se programam os comportamentos, pelo que o vínculo afetivo e a estabilidade emocional são determinantes.

 

Segundo Carla Rego “o ambiente emocional, a alimentação, o padrão de crescimento e a estimulação neuro-sensorial, em particular nesta fase, vão impactar o comportamento, a inteligência e a saúde física para o resto da vida, sendo uma janela de oportunidade de ‘moldar’ o futuro”. 

 

Por isso, é essencial um acompanhamento clínico próximo, de forma a promover a saúde do bebé e o bem-estar do casal. Recomenda-se que a primeira consulta pediátrica aconteça até aos primeiros 15 dias de vida. “É um momento de grandes adaptações”, explica Carla Rego, “e a consulta permite uma avaliação global, aferir a adaptação do bebé e dos pais ao ambiente familiar e apoiá-los neste processo”.

Nesta fase, e nos meses seguintes, os pais podem também contar com a orientação personalizada da equipa de Enfermagem, tanto em ambiente hospitalar como através dos cuidados domiciliários. “Procuramos dar resposta a todas as inseguranças que os pais possam ter. A equipa pode esclarecer dúvidas, realizar o teste do pezinho, pesar o bebé, apoiar na amamentação e garantir a nutrição adequada”, explica Patrícia Cortinhal, especialista em Enfermagem de Saúde Infantil e Pediátrica da Unidade de Cuidados Especiais ao Recém-Nascido no Hospital CUF Descobertas. 

 

 

Cuidados Neonatais

Cuidados neonatais em casa

Tendencialmente, os pais de bebés prematuros ou com condições clínicas específicas após internamento na Unidade de Cuidados Especiais ao Recém-nascido, enfrentam o regresso a casa com receios acrescidos. “É nestas situações que o apoio especializado ao domicílio faz ainda mais diferença, dando confiança e continuidade de cuidados no ambiente familiar”, acrescenta Patrícia Cortinhal. Daí que o Hospital CUF Descobertas tenha criado, de forma pioneira no setor privado da saúde em Portugal, o serviço de cuidados neonatais em casa, para apoio no período pós-alta hospitalar a estas famílias.

 

Da nutrição ao afeto: os primeiros passos para um crescimento pleno

Uma das questões mais importantes ligadas ao bem-estar do bebé é a alimentação, até porque “a má nutrição pode causar complicações graves e irreversíveis, comprometendo significativamente o futuro do recém-nascido”, alerta Patrícia Cortinhal. A especialista aconselha a apostar, se possível, no aleitamento materno. Segundo a Organização Mundial de Saúde, esta é a forma mais completa de alimentação até aos seis meses — altura em que deve iniciar-se a introdução alimentar — e assegura proteção contra diversas doenças. “Entre os benefícios para o recém-nascido destaca-se a redução de 13% no risco de obesidade infantil e de 35% de probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida”, destaca a enfermeira.

 

Vários profissionais de enfermagem da CUF realizaram a International Board Certified Lactation Consultant, uma certificação internacional que os torna especialistas no apoio à amamentação.  Esta distinção valida a qualidade e a diferenciação do aconselhamento prestado às famílias.

 

Promover a vitalidade

Mas nem só de nutrição se faz o bem-estar da criança. “A vigilância deve ser feita nas consultas de saúde infantil e inclui a alimentação, sem dúvida, mas também a avaliação do padrão de crescimento, do desenvolvimento neuro-motor, do comportamento e da socialização. Tudo isto faz parte da promoção do desenvolvimento saudável da criança e são cuidados que os pais devem adotar, com a orientação do pediatra”, refere Carla Rego. Assim, o crescimento adequado e o bem-estar deve contemplar uma alimentação saudável, o estímulo cognitivo e motor através da brincadeira, da leitura, da música e da interação. Afinal, é nestes momentos que se formam os adultos do futuro e se garante a vitalidade necessária para o resto da vida.

 

Como o excesso de peso afeta o futuro

De acordo com Carla Rego, “quando a obesidade começa numa idade precoce, a probabilidade de se manter ao longo da vida é grande. Se uma criança chegar aos seis anos com excesso de peso ou obesidade, tem 50% de hipóteses de ser um adulto obeso. Por isso, é importante avaliar sempre o Índice de Massa Corporal e, em caso ascendente, intervir”.

 

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Publicado a 12/11/2025