Cirurgia inovadora para remover tumores cerebrais

Conheça uma inovadora técnica cirúrgica minimamente invasiva, agora disponível no Hospital CUF Viseu, que permite remover tumores cerebrais através do nariz.

O desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez menos invasivas, mais seguras e com maior taxa de sucesso tem vindo a beneficiar os doentes. É o que está a acontecer no Hospital CUF Viseu, que já leva a cabo a cirurgia endoscópica transesfenoidal, uma técnica minimamente invasiva de remoção de tumores cerebrais localizados na hipófise, através da cavidade nasal.

As vantagens face à técnica convencional são inúmeras, mas, devido à sua complexidade, a inovadora cirurgia exige elevado conhecimento e prática, tecnologia de ponta e equipas multidisciplinares, com integração de especialistas de Neurocirurgia e Otorrinolaringologia. Por envolver recursos humanos e técnicos especializados, são poucos os locais do país que a disponibilizam.

No Hospital CUF Viseu é executada por uma equipa experiente e diferenciada, composta por Miguel Trigo Carvalho e Francisco Cabrita, especialistas em Neurocirurgia, e por José Marques dos Santos, Coordenador de Otorrinolaringologia, Filipe Nunes Rodrigues e Vera Aquino Soares, especialistas em Otorrinolaringologia, em estreita articulação com a equipa de Anestesiologia e de enfermagem.

Da esquerda para a direita: José Marques dos Santos, Filipe Nunes Rodrigues, Vera Aquino Soares, Francisco Cabrita e Miguel Trigo Carvalho

Como salienta o neurocirurgião Miguel Trigo Carvalho, responsável pela introdução da técnica no Hospital CUF Viseu, “os tumores da hipófise são raros e habitualmente benignos, mas têm um impacto muito grande na vida dos doentes”, já que a hipófise é uma glândula localizada na base do cérebro com a tarefa de produzir diversas hormonas. Entre os inúmeros sintomas que estes tumores podem causar, o clínico destaca a hipertensão e a obesidade, entre outros mais graves, como alterações visuais, que se verificam “quando estes tumores crescem e começam a comprimir estruturas nervosas, como os nervos óticos”. “Daí a necessidade de estes tumores serem tratados e, quando a cirurgia é a solução, privilegiamos uma abordagem minimamente invasiva”, completa.

A cirurgia endoscópica transesfenoidal é assim designada porque implica a utilização de um endoscópio, ou seja, de um tubo fino com fibra ótica que permite obter imagens de elevada definição recolhidas no interior do corpo, ao mesmo tempo que possibilita o acesso, através das narinas, ao tumor localizado na hipófise e a sua remoção. Segundo José Marques dos Santos, Coordenador de Otorrinolaringologia no Hospital CUF Viseu, “esta é a técnica mais recente a nível mundial para tratamento dos tumores da hipófise, porque é totalmente realizada com endoscópio”. O médico acrescenta: “No passado, fazia-se com recurso ao microscópio, contudo, o endoscópio permite uma maior qualidade de imagem.” De realçar que o endoscópio está ligado a um ecrã, permitindo aos cirurgiões a visualização em profundidade da zona do corpo que está a ser intervencionada, o que possibilita uma maior precisão e eficácia da cirurgia

A facilidade de acesso ao tumor é precisamente uma das principais vantagens desta intervenção, tendo em conta que a técnica clássica implica a realização de uma abertura no crânio. “Por isso é que esta é uma via muito direta,” explica Miguel Trigo Carvalho, “porque utilizamos uma cavidade natural, que são as fossas nasais, para chegar diretamente à hipófise.” É também por esta razão que esta abordagem exige um trabalho de equipa entre as especialidades de Neurocirurgia e Otorrinolaringologia.

Por outro lado, de acordo com José Marques dos Santos, com o recurso a esta técnica é possível reduzir o risco de complicações, como é o caso de lesões cerebrais, permitindo ainda um internamento mais curto e um pós-operatório com menos dor. Além do acesso direto ao tumor, Miguel Trigo Carvalho salienta o facto de o doente “não ficar com cicatrizes visíveis”, além de beneficiar de “uma recuperação mais rápida”, porque habitualmente tem alta ao fim de um ou dois dias. “Os riscos são muito baixos e os doentes toleram a técnica muito bem”, assegura.

Miguel Trigo Carvalho frisa, contudo, que “o trabalho de equipa entre neurocirurgiões e otorrinolaringologistas é fundamental para se obterem bons resultados”, sendo ainda determinante o “recurso a profissionais diferenciados”, bem como a tecnologia de vanguarda. Esta tríade está presente no Hospital CUF Viseu, que tem vindo a reforçar a aposta em condições para o desenvolvimento das mais complexas cirurgias, visando a melhoria da resposta aos doentes.