O que é a conjuntivite?

Existe nos olhos uma membrana muito fina e transparente, que reveste a superfície da córnea e a parte interior das pálpebras, protegendo-os de substâncias estranhas. Por vezes, esta membrana - de nome conjuntiva - fica inflamada devido a uma reação alérgica ou à ação de vírus ou de bactérias. Quando isso acontece, os vasos sanguíneos dilatam-se, a conjuntiva fica avermelhada, e surgem sintomas como comichão, lacrimejo e secreção (remela).

A conjuntivite pode afetar apenas um olho ou os dois em simultâneo e, embora habitualmente não seja grave nem deixe sequelas, pode tornar-se incómoda, causando desconforto que dificulta as atividades habituais.

 

Sintomas de conjuntivite

Aos diversos tipos de conjuntivite podem corresponder manifestações diferentes. Existem, contudo, sintomas que são comuns à generalidade dos casos:

  • Olhos vermelhos e lacrimejantes;
  • Pálpebras inchadas;
  • Comichão ou ardor;
  • Intolerância à luz;
  • Sensação de areias nos olhos;
  • Secreções transparentes ou amareladas (remelas);
  • Formação de crostas ou remelas nas pálpebras e pestanas;
  • Desconforto e intolerância às lentes de contacto;
  • Dor nos olhos;
  • Visão desfocada.
Homem coloca colírio nos olhos para tratar a conjuntivite.

Causas de conjuntivite

Existem várias formas de conjuntivite, distinguidas consoante a causa:

  • Conjuntivite alérgica: é a mais comum, estimando-se que afete atualmente um terço da população portuguesa. Ocorre após a exposição a alergénios como pólens (sendo, por isso, particularmente comum na primavera), pelos de animais ou ácaros. Costuma afetar os dois olhos, mas não é contagiosa;
  • Conjuntivite infecciosa: é transmitida por vírus, fungos ou bactérias que entram em contacto com os olhos. É contagiosa;
  • Conjuntivite tóxica: é causada pela exposição a fumo de cigarros, tintas para o cabelo, produtos de limpeza e outros agentes potencialmente tóxicos, assim como pela toma de certos medicamentos;
  • Conjuntivite bacteriana: costuma provocar secreções mais espessas, amareladas e abundantes do que a conjuntivite viral (mais esbranquiçadas) ou do que a alérgica (mais claras). É contagiosa;
  • Conjuntivite traumática: lesões na cara ou nos olhos podem provocar os sintomas;
  • Outras doenças: doenças autoimunes e tumores podem levar a irritação nos olhos, mas são causas raras.

 

A conjuntivite é contagiosa?

A possibilidade de transmitir a doença a outras pessoas depende do tipo de conjuntivite. No caso de conjuntivite alérgica, tóxica, traumática ou de outras doenças isso não acontece. Já as conjuntivites por vírus, fungos ou bactérias são contagiosas e podem ser transmitidas a outras pessoas, quer por contacto direto com os olhos, quer por objetos, como toalhas, produtos de higiene ocular ou água contaminada do banho ou da piscina.

 

Quando devo suspeitar de conjuntivite alérgica?

A conjuntivite alérgica constitui uma patologia ocular frequente e com potencial impacto na qualidade de vida do doente. Geralmente associada a queixas de rinite alérgica, pode também surgir de forma isolada.

São sintomas típicos da doença:

  • Comichão nos olhos;
  • Olhos vermelhos;
  • Lacrimejo;
  • Inchaço;
  • Dor ou desconforto locais (sensação de corpo estranho).
     

Estes sinais podem variar desde ligeiros e sazonais até muito intensos e que persistem ao longo de todo o ano.

Se os olhos costumam ficar vermelhos, doridos, com comichão ou lacrimejantes e se o contacto com o pó, os animais de estimação (gato, cão), os pólenes ou outros alergénios provocam comichão e lacrimejo, normalmente significa que estamos perante uma conjuntivite alérgica.

 

Diagnóstico de conjuntivite

O diagnóstico baseia-se na observação clínica e nos sintomas, podendo ser necessário exame com lâmpada de fenda no consultório do médico oftalmologista. Em caso de suspeita de conjuntivite bacteriana ou outra infeção, pode fazer-se colheita da secreção ocular com um cotonete e enviar para análise no laboratório.

 

Como curar conjuntivite?

O tratamento da conjuntivite depende largamente da sua causa, no entanto, podem ser receitados colírios lubrificantes (como lágrimas artificiais), pomadas com antibiótico e anti-histamínicos para aliviar os sintomas. No geral, deve-se:

  • Lavar regularmente as pálpebras para as manter livres de secreções;
  • Lavar as mãos antes e depois de aplicar colírios ou pomadas;
  • Aplicar compressas frias ou mornas para diminuir o inchaço;
  • Usar soro fisiológico ou gotas para os olhos;
  • Não usar lentes de contacto;
  • Trocar as fronhas das almofadas e as toalhas de rosto diariamente;
  • Evitar a exposição direta à luz ou ao sol;
  • Diminuir a exposição a alergénios ou outros agentes potencialmente irritantes (como produtos químicos ou o fumo do tabaco).

 

A conjuntivite dura quantos dias?

Trata-se normalmente de uma condição benigna, que passa rapidamente, muitas vezes sem tratamento ou apenas com alguns cuidados. No caso de conjuntivite infecciosa, pode demorar algum tempo, até semanas.

 

Duração da conjuntivite alérgica

Os sintomas começam a aliviar normalmente ao fim de um dia, principalmente com algumas medidas de proteção, passando completamente nos dias seguintes. Se o contacto ou proximidade com o alergénio permanecer, como no caso de químicos ou substâncias alérgicas no ambiente, a conjuntivite demora mais tempo a passar.

 

Duração da conjuntivite viral ou bacteriana

A conjuntivite bacteriana tem normalmente uma duração até dez dias, requerendo tratamento básico e muitos cuidados de higiene. Já a conjuntivite viral começa num olho e muitas vezes passa para o outro ao fim de três ou quatro dias, sendo bastante contagiosa. A recuperação demora até 15 dias.

Se os sintomas de conjuntivite permanecerem ao fim de sete dias sem melhorias, ou se começarem a piorar antes disso, é importante consultar um médico oftalmologista, principalmente no caso de bebés pequenos. Por vezes, o tratamento da conjuntivite pode necessitar de antibiótico, normalmente sob a forma de gotas ou pomada.

 

Posso trabalhar com conjuntivite?

Normalmente, não é necessário ficar em casa, mas existem situações que podem levar a evitar o trabalho ou a escola no caso de crianças e jovens - os sintomas e a capacidade de contágio:

  • Caso os sintomas sejam muito fortes, provocando um elevado desconforto ou deixando a pessoa bastante incapacitada, é melhor evitar ir trabalhar ou à escola;
  • Caso o trabalho ou o ambiente escolar envolva um contacto muito próximo e dificuldades em manter a higiene constante, como no caso de creches, é recomendável ficar em casa até os sintomas começarem a passar.

 

Prevenção de conjuntivite

Algumas práticas básicas de higiene podem diminuir o risco de contrair conjuntivites:

  • Lavar as mãos e o rosto com frequência;
  • Evitar esfregar ou coçar os olhos;
  • Não partilhar toalhas de rosto ou lenços;
  • Não partilhar cosméticos para os olhos nem utilizar os de outras pessoas;
  • Mudar as fronhas da cama frequentemente;
  • Deitar fora cosméticos de rosto antigos;
  • Lavar bem as mãos antes de manusear as lentes de contacto e o respetivo estojo.

 

Atualizado a 13/11/2025

Fontes:

Mayo Clinic, setembro de 2025

Medline Plus, setembro de 2025

NHS, setembro de 2025

U.S. Centers for Disease Control and Prevention, setembro de 2025

Sistema Nacional de Saúde, setembro de 2025

Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, setembro de 2025