Sonovein: ecoterapia para tratamento de varizes

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A ecoterapia Sonovein é um tratamento minimamente invasivo para as varizes. Orlanda Castelbranco, angiologista e cirurgiã vascular, explica em que consiste.

“As varizes são veias tortuosas, nodulares, dilatadas. Ao contrário de veias que se veem e que as pessoas pensam que são varizes, estas são salientes e são geralmente tortuosas. São veias que, no fundo, não funcionam bem e, por isso, devem ser tratadas”, explica Orlanda Castelbranco, angiologista e cirurgiã vascular. Quanto aos sintomas, estes podem variar bastante e até ser inespecíficos e simular outras doenças, salienta a especialista, apontando aqueles que são os mais típicos: “dor, cansaço, sensação de peso ao final do dia, um grande incómodo em estar de pé”.

Este é um problema que pode não só afetar a autoestima de quem o tem (que pode não se sentir tão confiante em usar vestuário que não cubra as pernas ou em ir à praia, por exemplo), mas também a sua saúde. Paula Correia confirma esta situação e, recentemente, foi submetida a um tratamento inovador às varizes, a ecoterapia Sonovein, disponível no Hospital CUF Sintra. Uma opção minimamente invasiva, com menos riscos para o doente e com menores níveis de dor, comparativamente a abordagens mais tradicionais.



O impacto das varizes na qualidade de vida, da autoestima ao cansaço

Os sintomas causados pelas varizes podem provocar muito mal-estar e dificuldade em trabalhar, com absentismo laboral, inclusivamente, refere Orlanda Castelbranco, acrescentando que as varizes “podem também provocar patologias mais graves, como, por exemplo, aparecimento de feridas nas pernas, aparecimento de hemorragia, em que o doente perde sangue por uma variz, ou mesmo um coágulo no sangue que pode migrar para o pulmão” e ser fatal.

Paula Correia conta que, desde muito nova, sempre teve tendência para ter varizes, o que tinha impacto na sua qualidade de vida e autoestima: “Era na perna esquerda, do joelho para baixo, como se tivesse uma cobra na parte de trás da perna e que, além de inestético (com o passar dos anos vai sempre aumentando), tinha a preocupação de que não evoluísse. Viajava muito de avião em termos profissionais e uma das coisas que me preocupava era que algum dia houvesse algum problema, como a formação de um coágulo.” Refere ainda que “o cansaço vinha aumentando gradualmente”.

 

Ecoterapia Sonovein: uma técnica minimamente invasiva

“A ecoterapia é um tratamento inovador, recente, e que, embora já tenha alguns anos na Europa, chegou agora a Portugal”, afirma a médica especialista em Angiologia. Esta técnica tem várias vantagens, permitindo que, “através de um aparelho robótico”, se trate a patologia venosa (ou seja, as varizes) de forma não invasiva, “por fora do organismo, sem cortes, sem cicatrizes”.

“A base do tratamento são ultrassons de alta intensidade”, afirma a especialista, referindo que estes ultrassons são diferentes daqueles que são usados nas ecografias: “A diferença é que estes ultrassons têm uma alta intensidade, que provoca calor, tem um efeito térmico destrutivo. Ao destruirmos a veia, queimamo-la, esta retrai e ao retrair reduz o seu calibre e deixa de ser funcionante. As varizes que vinham desse tronco venoso que estamos a tratar retraem e reduzem.”

Quanto à duração do procedimento, Orlanda Castelbranco refere que não difere muito de outros tratamentos para as varizes: “Este tratamento demora cerca de duas horas e meia por membro, em que o doente está deitado, confortável, mas com a perna relativamente imobilizada para fazermos o tratamento.”

 

Na perspetiva do doente: como decorre o tratamento

“Fiz secagem muito nova, que na altura foi bastante doloroso”, conta Paula Correia, referindo que o tratamento era feito com umas agulhas. Agora, mais recentemente, realizou a ecoterapia Sonovein, no Hospital CUF Sintra, e partilha connosco o processo: “É feita uma anestesia local” e depois o tratamento é feito como se fosse “umas agulhinhas fininhas que se infiltram na pele, com mais intensidade ou menos intensidade conforme o sítio. A Dra. Orlanda ia fazendo e explicando e, inclusive, havia situações em que ela dizia ‘vai sentir um choque elétrico’ e ‘se estiver muito forte, diga que é para eu aliviar’. Mas não foi nenhuma dor que não aguentasse” e “eu mexia a minha perna perfeitamente e não sentia nenhum desconforto, mesmo nos dias a seguir”.

 

Vantagens da ecoterapia Sonovein

Uma das vantagens da “ecoterapia Sonovein é que é o único tratamento robótico totalmente não invasivo, exterior ao organismo, que existe atualmente para tratar as varizes”, salienta a médica angiologista e cirurgiã vascular. “Ou seja, através de um braço robótico podemos queimar a variz por dentro do corpo sem necessidade de introduzir o cateter, introduzir material dentro da veia, sem risco de hemorragia, e isso é uma mais-valia deste tratamento”, explica.

Além disso, “não requer desinfeção nem ambiente esterilizado e, portanto, o doente vem com a sua roupa, levanta-se, faz o tratamento e sai com a sua roupa a andar pelo seu próprio pé sem dificuldade”, destaca.

Outras vantagens prendem-se com o facto de não ser “necessário qualquer tipo de preparação, nomeadamente jejum, exames pré-operatórios, não temos de avaliar o risco da coagulação ou risco de hemorragia, uma vez que não há cortes”, enumera a especialista.

Um ponto que pode suscitar algumas dúvidas em quem pondera tratar as suas varizes é a existência de dor. Uma vez realizado o tratamento, Paula Correia tranquiliza sobre esta questão: “Em termos de dor, não foi nada que eu não aguentasse. E a Dra. Orlanda explicou tudo desde o princípio, mesmo durante o procedimento foi explicando o que é que ia acontecer, o que é que eu poderia sentir.”

 

Para quem está indicado

“Este tratamento está indicado para quem tem varizes tronculares”, “que são as varizes grandes, salientes, tortuosas e não pequenos vasos”, clarifica Orlanda Castelbranco. “Muitas pessoas recorrem à nossa consulta com derrames, pequenos vasos visíveis que não gostam de ver, e este não é o tratamento para estes casos. Este tratamento é para veias profundas”, explica.

A melhor forma de saber se este é o melhor tratamento para o seu caso passa sempre pela avaliação com um médico, “que permita ver se de facto a veia é compatível com o tratamento”, aconselha.

 

Há contraindicações?

Uma vez que não é invasiva, para a realização da ecoterapia Sonovein, ao contrário de outros tratamentos, não é necessário que certos grupos de doentes, como pessoas frágeis ou muito idosas, deixem de tomar medicamentos anticoagulantes, explica Orlanda Castelbranco, acrescentando que, “simultaneamente, é um tratamento que, como não tem cicatrizes, incisões, pode ser feito no verão”. Além disso, a realização deste tratamento também não obriga ao uso de regular de “meia elástica no pós-intervenção e, por isso, pode ser adaptado a alguns casos a que os outros métodos, por vezes, não respondem”.

 

E quanto aos riscos?

“Os riscos são os mesmos de qualquer tipo de tratamento em que intervimos nas veias, ou seja, pode haver coágulos, pode haver trombos, pode haver oclusão inadvertida do sistema venoso profundo. Felizmente, nunca tivemos nenhum caso e mesmo em termos de registo interno do aparelho Sonovein nunca houve esses casos”, salienta a médica angiologista.

 

Possíveis efeitos adversos da ecoterapia Sonovein

Após a realização do tratamento, existem alguns efeitos adversos que a pessoa pode sentir. Orlanda Castelbranco enumera os mais frequentes: “Por vezes, as pessoas podem sentir uma discreta dormência na zona que foi tratada - é geralmente temporária e transitória - e pode haver pequenas lesões em que a pele fica um pouco macerada, porque o braço robótico faz pressão e frio na pele, provocando uma espécie de um atrito cutâneo, em que fica a pele vermelha.”

Além disso, este é um tratamento “feito com anestesia local, que pode provocar um hematoma discreto”, completa.

 

Resultados do tratamento das varizes

“Os resultados da ecoterapia Sonovein variam um pouco de quadro para quadro. Este é um tratamento em que vamos ao núcleo, ao tronco principal da variz e depois os seus ramos vão reduzindo e ficando cada vez mais pequenos. Há doentes em que a resposta demora cerca de 15 dias, três semanas, há doentes em que pode demorar mais meses e depois pode ser necessário algum complemento de tratamento”, explica a angiologista e cirurgiã vascular.

 

Como decorre a recuperação

Segundo Orlanda Castelbranco, o doente chega à cirurgia tal como sai: pelo seu próprio pé. A especialista esclarece que, após a realização do procedimento, não há “grande distúrbio da sua vida habitual”.

Há alguns cuidados que, dependendo dos casos, devem ser adotados: “Após o procedimento, alguns doentes devem utilizar meias elásticas entre dez a 15 dias, é feito por rotina um medicamento para as dores, caso tenha alguma dor no pós-operatório, e um medicamento em pomada para aliviar algum hematoma residual, algo que fica da anestesia local”, esclarece a médica.

Paula Correia confirma, referindo que além da recomendação do uso das meias, foi-lhe prescrito um medicamento para as dores, salientando: “Mas eu praticamente não precisei de o tomar.”

No fim, deixa uma encorajamento a todas as pessoas que possam precisar e queiram tratar as suas varizes: “Vale a pena fazer o tratamento.”

Publicado a 19/09/2024
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