Fisioterapia desportiva na recuperação de lesões

A reabilitação de lesões no joelho, especialmente após cirurgias de Ligamento Cruzado Anterior (LCA), exige cuidados especializados e acompanhamento constante. Cláudia Álvaro, fisioterapeuta CUF, explica como a fisioterapia desportiva é fundamental para garantir a recuperação funcional e a optimização da performance, particularmente em atletas e pessoas que praticam desporto regularmente: “A fisioterapia desportiva serve, sobretudo, para a recuperação de lesões decorrentes da prática de modalidades desportivas. Serve também para otimizar a performance destas pessoas e, sempre que possível, também para mitigar o risco de lesão ou de relesão”. Conheça também o percurso de Rafaela Mordido na recuperação da sua lesão, durante um ensaio de dança.

Joelho: em que situações há maior risco de lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)

A lesão de LCA é uma das mais frequentemente encontradas na fisioterapia desportiva, como explica Cláudia Álvaro: “As lesões do joelho são das mais comuns em desportistas, sobretudo nas modalidades que implicam acelerações, desacelerações, mudanças de direção; tarefas que ocorram em timings muito próximos, como, por exemplo, modalidades de equipa como o futebol, ou a nova moda, o padel, o ténis, a dança e até mesmo a escalada.”

Foi esse o caso de Rafaela Mordido, que passou por uma cirurgia de LCA e reabilitação na CUF: “Fiz ballet contemporâneo durante muito tempo, desde que sou pequenina, e a lesão foi no ensaio de contemporâneo. Perdi a força na perna direita, fui de joelho ao chão, ouvi um estalo e quando me sentei de pernas para a frente ouvi outro estalo. Depois fui fazer exames médicos, uma ressonância para ver o que tinha, e disseram-me logo que o ligamento cruzado anterior tinha rompido e, com ele, o menisco também.”

A importância da fisioterapia na recuperação

A lesão do LCA pode comprometer a estabilidade do joelho, afetando a capacidade de movimento e a funcionalidade. A fisioterapia desempenha um papel fundamental tanto no pré-operatório, ao preparar a musculatura para a cirurgia, como no pós-operatório, promovendo a recuperação gradual. Cláudia Álvaro destaca que, na CUF, o acompanhamento de cada paciente é contínuo e personalizado: “É importante, desde o início, que a pessoa se sinta segura em todo o processo e, portanto, o fisioterapeuta deve ser educador, deve definir os objetivos de forma partilhada com o paciente para que ele os consiga atingir com sucesso, retornar à sua prática desportiva, à sua performance.”

Rafaela Mordido sublinha a importância da fisioterapia no seu processo de recuperação: “Sem a fisioterapia, não tinha voltado a ter a mobilidade que tenho. E sem isso também não tinha voltado a retomar as aulas de dança. Em quatro meses já estou a fazer uma aula completa de dança - de piruetas a saltos. E foi a fisioterapia que me deu tanta mobilidade para eu dobrar o joelho ou até a força muscular para conseguir levantar as pernas, porque no ballet é preciso.”

Como decorre o processo de recuperação

A fisioterapia na CUF não se limita ao simples tratamento da lesão, mas envolve um acompanhamento contínuo da evolução do paciente. Como lembra Rafaela, inicialmente, as sessões, sobretudo no período pós-operatório, eram muito à base de massagem e com foco nas cicatrizes, para favorecer a cicatrização. Além disso, fazia “muito exercícios de maca, de fazer força a empurrar rolos de espuma, de esticar, empurrar bolas. Ao longo do tempo fomos inserindo máquinas. A primeira máquina que me lembro de fazer foi a bicicleta para ganhar mobilidade a dobrar o joelho e depois foi muito mais máquinas de força”, conta.

E a fisioterapeuta reforça: “Durante a sessão de fisioterapia, passamos por vários processos educativos. A pessoa pode fazer, sobretudo, um trabalho de exercício, focado nos seus objetivos funcionais e na modalidade que quer praticar e à qual quer regressar”. Tudo é monitorizado com medições objetivas que ajudam a definir as fases do tratamento e a fazer evoluir o paciente de forma eficaz, oferecendo uma avaliação mais detalhada e personalizada que inclui a medição da força muscular, mobilidade e a realização de exercícios específicos para o joelho. Como explica Cláudia Álvaro: “O que é importante para a sessão de fisioterapia da pessoa é que ela se sinta segura e confiante ao longo de todo o percurso da sua reabilitação e que os objetivos sejam delineados de forma a que consiga aquilo que pretende funcionalmente no final da recuperação.”

O papel da multidisciplinaridade e da comunicação

A recuperação após uma lesão do LCA é um processo longo, que pode durar de meses a um ano, dependendo da gravidade da lesão e da resposta do paciente ao tratamento. Na CUF, a abordagem é personalizada e multidisciplinar, assente na colaboração entre várias especialidades médicas, como a Ortopedia, a Medicina Desportiva, a Fisiatria Desportiva e até a Psicologia. Cláudia Álvaro ressalta a importância dessa colaboração: “O fisioterapeuta não atua sozinho, atua dentro de uma equipa multidisciplinar, que vai desde os nossos médicos de Medicina Desportiva, os nossos médicos referenciadores, por exemplo, de Ortopedia, neste caso, mas pode também ir para outras especialidades, como a Nutrição ou a Psicologia, e todas elas são importantes para que as nossas pessoas se sintam mais confiantes e envolvidas no processo de reabilitação.”
Rafaela Mordido, destaca a importância da comunicação entre os profissionais de saúde: “O fisioterapeuta e o fisiatra eram pessoas que comunicavam imenso. Às vezes, o fisioterapeuta dava feedback ao fisiatra de como estavam a correr as sessões. Isso foi muito bom porque eu chegava à consulta e já estava o panorama feito.” A integração entre médicos e fisioterapeutas contribui para um processo de recuperação mais eficaz, com uma abordagem multidisciplinar que visa o sucesso completo da reabilitação.

Dicas práticas para a recuperação de lesões desportivas

Após uma lesão desportiva, o tratamento adequado é essencial para garantir uma recuperação eficaz e segura. Algumas medidas práticas baseadas nos princípios da fisioterapia e tratamento de lesões desportivas para ajudar na recuperação, reduzir a dor e mitigar o risco de novas lesões incluem:

1. Proteção, elevação e compressão
Evitar sobrecarregar a área lesionada, protegendo e mantendo a elevação e compressão se houver edema justificável, mas garantindo a mobilidade das articulações próximas à lesão.

2. Medicação apenas sob indicação
Evitar toma de anti-inflamatórios não esteroides se não existir recomendação médica para o efeito.

3. Tratamento de lesões graves
Se notar sintomas de uma lesão grave, como dor severa, inchaço excessivo, dificuldade em colocar peso na área ou deformidade óbvia, procure imediatamente ajuda médica. Lesões graves podem exigir imobilização com talas ou até cirurgia.

4. Reabilitação física
A fisioterapia é fundamental para restaurar a funcionalidade, através da otimização da força, mobilidade e estabilidade. O uso de técnicas de terapia manual, educação e prescrição de exercício terapêutico é recomendado.

Se a dor persistir ou a lesão não melhorar com o tempo, consulte um médico especializado em lesões desportivas, como um ortopedista. O acompanhamento médico contínuo é fundamental para garantir uma recuperação completa e segura.