Raquel Augusto

“Confiei a 100% na equipa médica”

O diagnóstico de escoliose idiopática e a rápida progressão da doença exigiram que Raquel Augusto, jovem ginasta portuguesa, parasse de treinar e de competir e fosse submetida a uma cirurgia à coluna. Em maio, menos de 10 meses após a intervenção no Hospital CUF Tejo, a atleta sagrava-se campeã nacional júnior de ginástica rítmica da 2.ª divisão.

 

Raquel Augusto, atualmente com 15 anos, tinha apenas 11 quando lhe foi diagnosticada escoliose idiopática. O alerta partiu das suas treinadoras de ginástica, que reconheceram alguns dos sinais desta patologia – uma omoplata mais descaída, um lado do corpo com mais massa muscular do que o outro – e lhe recomendaram que consultasse Manuel Passarinho, Ortopedista no Hospital CUF Tejo. “Fui submetida aos exames de diagnóstico e perceberam que tinha uma escoliose idiopática”, recorda a jovem ginasta que vive e estuda no Barreiro. Na altura desvalorizou o problema, até porque “não tinha grande conhecimento sobre o assunto”, mas recorda que o médico a tranquilizou e a aconselhou a reforçar com exercícios físicos o lado da coluna menos utilizado a nível muscular. “Além disso, nas consultas de seguimento, foi-me sempre esclarecendo sobre a patologia, os tratamentos e os riscos inerentes.” Não obstante, menos de três anos após o diagnóstico, em dezembro de 2020, Raquel descobriu que a sua escoliose se tinha agravado. Face a esta progressão, o ortopedista sugeriu a cirurgia como opção terapêutica a realizar no ano seguinte.

“A primeira vez que o Dr. Passarinho me falou numa cirurgia à coluna entrei completamente em negação”, confessa Raquel. “Disse-lhe que não queria ser operada porque não sentia dor e que, a ter de o fazer, queria chegar antes ao meu primeiro ano de sénior na ginástica.” Raquel, então no seu segundo ano de júnior, só condescendeu quando a dor apareceu. “Em janeiro [de 2021], quando os treinos se intensificaram, comecei a sentir dor. Falei com o Dr. Passarinho, que me prescreveu uma medicação para alívio das dores.

Também as minhas treinadoras do Grupo da Ginástica Rítmica de Competição do Ginásio Clube Português tiveram um papel crucial ao longo de todo este processo, sempre em permanente e estreita articulação com a equipa médica da CUF. Recomendaram-me exercícios de alongamento com o objetivo de reduzir as dores”, conta a atleta.

Raquel Augusto 2

Raquel nunca parou – nem de treinar (cinco horas diárias, seis dias por semana), nem de competir – até à cirurgia, propositadamente agendada para depois do final do campeonato nacional. “Tive algum medo, naturalmente, mas confiei a 100% na equipa médica e ‘agarrei-me’ aos casos de sucesso de outros ginastas submetidos a cirurgias semelhantes pelo Dr. Passarinho, que também voltaram ao treino de alta intensidade e à competição.”

 

Ortopedia e Neurocirurgia: uma sinergia de sucesso

De acordo com Manuel Passarinho, “a Raquel tinha uma escoliose dupla curva com grau de rotação muito grande e uma enorme torção, extremamente progressiva e com dor”. A indicação para cirurgia era, por isso, evidente. Trata-se de uma intervenção complexa – e, consequentemente, algo demorada – que implica corrigir a curvatura, tanto na inclinação lateral como na rotação.

Por se tratar de uma atleta de alta competição, o caso de Raquel representou desafios adicionais à equipa cirúrgica. Quem o diz é Gonçalo Freitas, Neurocirurgião no Hospital CUF Tejo e no Hospital CUF Sintra, que operou a ginasta em conjunto com Manuel Passarinho e em estreita articulação com o anestesiologista e o fisiologista do desporto. “O caso da Raquel – e de atletas de alto rendimento como ela – comporta alguns desafios ao nível do planeamento do procedimento cirúrgico, porque, para a coluna se manter móvel e permitir a prática da modalidade, não pode ficar completamente fixa”, explica o Neurocirurgião. Por outro lado, “o facto de a Raquel ser ginasta de alta competição facilitou a intervenção, já que ela tem uma massa muscular muito bem trabalhada, com uma grande capacidade elástica, o que também lhe permite uma recuperação muito mais rápida”, destaca o Ortopedista.

Raquel Augusto e Médicos

A CUF privilegia uma abordagem multidisciplinar para tirar o melhor partido da complementaridade de conhecimentos entre especialidades, daí que a cirurgia tenha sido realizada em conjunto por um cirurgião ortopédico e um neurocirurgião. “Enquanto os ortopedistas têm conhecimentos biomecânicos mais avançados, os neurocirurgiões têm um maior domínio na manipulação do tecido neurológico”, explica Gonçalo Freitas. É neste sentido que surge o conceito de “cirurgião de coluna”, que abrange as duas especialidades. O objetivo, sublinha, “é tentar convergir na figura do cirurgião de coluna, independentemente de o seu fundo de treino ser ortopédico ou neurocirúrgico”. A experiência da CUF “na articulação entre várias especialidades para prestar assistência de forma integrada e personalizada a cada doente tem alcançado excelentes resultados, como o caso da Raquel Augusto tão bem ilustra”, conclui o médico.

Perseverança e vontade

O limite é ir sempre mais além. Esta é, de acordo com a mãe de Raquel Augusto, a frase que melhor define a sua filha, dona de uma vontade indómita e de uma perseverança feroz. Os médicos que a operaram concordam e são unânimes: “Estas cirurgias podem, por vezes, reduzir a mobilidade, mas fomos contrariados pelo espírito da própria doente.”

É com gratidão e carinho que Raquel recorda o acompanhamento por parte de toda a equipa médica e de enfermagem do Hospital CUF Tejo, desde o primeiro dia até à alta, muito em particular o do seu médico, que se mostrou “sempre muito disponível e extremamente presente”, sobretudo nas primeiras horas após a cirurgia. “Eu estava muito tensa e ‘agarrada à cama’ e o Dr. Passarinho ia visitar-me aos cuidados intensivos e depois ao quarto para me ‘obrigar’ a levantar, a sentar-me no cadeirão e a andar.”

Raquel sempre acreditou que voltaria a treinar e a competir como antes. “Já em casa, nem uma semana após a cirurgia, a minha mãe encontrou-me a fazer a espargata”, recorda, divertida. Menos de 10 meses depois da intervenção, em maio de 2022, Raquel não só mantinha a sua atividade desportiva como competia ao mais alto nível, tendo-se sagrado campeã nacional de ginástica rítmica no escalão júnior da 2.ª divisão.

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Publicado a 02/11/2022