Doença inflamatória do intestino

O que é?

É uma condição na qual o intestino se torna vermelho, inchado e com presença de úlceras. As doenças inflamatórias intestinais podem ser divididas em dois grupos principais: a colite ulcerosa e a doença de Crohn.

A designação doença inflamatória do intestino aplica-se essencialmente à doença inflamatória crónica intestinal de causa desconhecida, uma vez que existem outras enfermidades do intestino que não se encaixam nesta definição. Além da doença de Crohn e da colite ulcerosa, a doença inflamatória intestinal engloba também a colite indeterminada.

Tem-se verificado um aumento acentuado da ocorrência desta patologia nos países do hemisfério sul, embora continue a ser mais frequente nos países do hemisfério norte e nos estratos socioeconómicos mais elevados. Em Portugal atinge cerca de sete mil a 15 mil pessoas e estima-se que ronde os 2,9 casos por cada 100 mil habitantes por ano com colite ulcerosa e 2,4 por cada 100 mil com doença de Crohn. A idade de início apresenta dois picos de maior incidência, um entre os 15 e os 30 anos, e um segundo entre os 60 e os 80 anos, sendo este mais frequente na doença de Crohn.

Esta patologia não deve ser confundida com a síndrome do colon irritável, que afeta a contractilidade do cólon. Neste caso nunca ocorre inflamação e é uma perturbação muito menos grave do que a doença inflamatória intestinal.

Sintomas

As manifestações são diferentes para a colite ulcerosa e para a doença de Crohn. No primeiro caso, há um ataque ao revestimento interno do intestino grosso causando inflamação, ulceração e hemorragia. Durante uma crise de colite ulcerosa, os pacientes quase sempre apresentam diarreia com sangue associada a cólicas, cansaço, perda de apetite e de peso. A remoção do cólon é, em alguns casos, uma opção terapêutica. No segundo caso, ocorre uma inflamação que atravessa toda a espessura da parede intestinal e que pode acontecer em qualquer parte do tubo digestivo, desde a boca até ao ânus. O sintoma mais comum é dor abdominal, que pode estar associada a diarreia, hemorragia, perda de apetite, perda de peso, fraqueza, fadiga, náuseas, vómitos, febre e anemia. A cirurgia pode ser necessária, mas não cura a doença.

Podem ocorrer outros indícios não relacionados diretamente ao intestino tanto na colite ulcerosa como na doença de Crohn. Dentro desses sinais, destaca-se a artrite, com articulações inchadas, doridas e rígidas; úlceras orais; febre; olhos avermelhados, doridos e sensíveis à luz; e erupções cutâneas.

Causas

Não parece haver nenhuma caraterística comum entre os portadores desta enfermidade. Qualquer indivíduo pode desenvolver a doença, independentemente do género, raça ou idade. As pessoas são mais frequentemente diagnosticadas entre os 15 a 25 anos e entre os 45 a 55 anos.

As causas são desconhecidas e, provavelmente, envolvem diversos elementos. Pode existir uma tendência genética que, ao interagir com fatores ambientais, desencadeia uma resposta imunológica descontrolada que provoca o processo inflamatório crónico intestinal. O tabaco tem sido associado ao desenvolvimento da colite ulcerosa.

Diagnóstico

Começa pela história clínica e pelo exame médico, sendo complementado por análises laboratoriais ao sangue e às fezes, e por estudos radiológicos e endoscópicos que permitem recolher amostras de tecido para uma avaliação mais detalhada. É importante verificar todo o tubo digestivo de modo a compreender a extensão e a gravidade do quadro clínico.

Uma vez que os seus sintomas são idênticos a outras patologias, é essencial que o diagnóstico seja rigoroso de modo a optar-se pelo tratamento mais adequado. Por outro lado, o doente deve realizar estes exames regularmente, de modo a poder acompanhar a evolução da enfermidade e a resposta à terapêutica.

Tratamento

O tratamento pode ser médico e/ou cirúrgico, dependendo do tipo de doença e da sua extensão. Este deve ajudar a aliviar os sintomas e a estimular a cicatrização das lesões intestinais. De um modo geral, evolui por etapas progressivas até se conseguir a resposta desejada. 

Interessa, igualmente, conseguir interromper as crises inflamatórias e prevenir futuras recaídas, o que é atualmente mais viável através das novas terapêuticas biológicas e imunomoduladoras. O controlo da inflamação permite, não apenas um importante alívio sintomático, como reduz a necessidade de cirurgia, de uso de medicamentos mais agressivos e de internamentos.  Os aminosalicilatos e os corticoides são úteis na fase aguda da doença e os imunomoduladores ou agentes biológicos são importantes quando as crises são frequentes de modo a reduzir a utilização de corticoides ou quando estes não são eficazes.

A manifestação dos sintomas pode ser ainda minimizada com o uso de antidiarreicos, antiespasmódicos ou fármacos que ajudem a melhorar a absorção alimentar. Todos estes medicamentos devem obedecer a uma prescrição médica.

Também a prevenção da osteoporose é importante, uma vez que pode surgir como consequência de uma má absorção do cálcio ou como resultado do uso de corticoides.

A cirurgia pode ser necessária nas formas mais graves da doença inflamatória intestinal.

Prevenção

Não existindo uma causa conhecida, esta doença não pode ser prevenida. A manutenção de uma boa saúde geral, de uma dieta equilibrada são formas importantes de reduzir as suas complicações, de evitar a perda de peso e a anemia. Não fumar é essencial e permite diminuir o número de agudizações da enfermidade. Uma vez que esta patologia aumenta o risco de cancro do cólon, é muito importante uma avaliação regular, com realização de colonoscopia, em intervalos definidos pelo médico. Assim é mais fácil diagnosticar e tratar precocemente qualquer complicação que possa surgir.

Fontes

Grupo de Estudos d Doença Inflamatória Intestinal do Brasil, 2013

William A Rowe, Inflammatory Bowel Disease Treatment & Management, Medscape, Nov. 2013

Centers for Disease Control and Prevention, 2013

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