Como manter níveis adequados de vitamina D

Prevenção e bem-estar
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O sol contribui para produção de vitamina D, a qual podemos encontrar também nos alimentos, mas é importante evitar a carência desta vitamina.

Sobre vitaminas, a maioria das pessoas aprenderam desde pequenas: a cenoura tem vitamina B, a laranja vitamina C, e o sol estimula a vitamina D. Podem não ser os melhores exemplos, mas são fonte garantida desses nutrientes. A exposição solar recomendada, com os devidos cuidados, é o primeiro passo para garantir a manutenção dos níveis adequados de vitamina D.

Também há alimentos e suplementos que ajudam a repor esse equilíbrio, desde que haja uma recomendação médica. Saiba porque é importante ter atenção à carência, mas também ao excesso de vitamina D no organismo.

 

O que é a vitamina D?

É um nutriente fundamental ao nosso corpo, com funções principalmente na absorção de fósforo e de cálcio nos ossos, e no sistema imunitário, tendo um poder antioxidante e anti-inflamatório. Tem igualmente efeitos nos músculos e até benefícios neuroprotetores. Ao mesmo tempo, a vitamina D é uma hormona que ajuda a regular o equilíbrio entre diferentes hormonas presentes no organismo.

A vitamina D não se encontra em muitos alimentos, pelo que não pode ser assegurada apenas por alterações na dieta. A maior fonte de vitamina D é mesmo o sol. A exposição da pele aos raios solares provoca no fígado e nos rins a sintetização de diferentes compostos de vitamina D, nomeadamente colecalciferol, ergocalciferol, alfacalcidol ou calcitriol, que vão depois atuar em diferentes áreas do metabolismo. A carência de vitamina D é comum na população, mesmo em Portugal, pelo que a suplementação pode ser necessária para garantir a sua presença no organismo.

 

Sabia que...

Apesar de Portugal ter muita exposição solar, a deficiência de vitamina D é superior à média europeia. Um estudo feito durante a pandemia encontrou predisposições genéticas em grande parte da população.

 

Quais os riscos da falta de vitamina D?

Estando essencialmente ligada à absorção e manutenção dos níveis de cálcio e fósforo no sangue e nos ossos, a carência de vitamina D tem efeitos mais graves nas crianças e nos idosos ou pessoas com doenças ósseas. Nas crianças, o atraso no metabolismo e no crescimento pode provocar um desenvolvimento deficiente do esqueleto e aumenta nomeadamente o risco de raquitismo. Nos idosos, a falta da vitamina D afeta a regeneração óssea, tornando os ossos mais frágeis e quebradiços.

Na população mais velha, a monitorização da vitamina D é particularmente importante, na medida em que essa deficiência pode ter como resultado o aumento do risco de fraturas dos braços, pernas ou anca. Igualmente, a falta dos benefícios do nutriente para o sistema imunitário, muscular ou neurológico é importante nos idosos.

 

Como assegurar a vitamina D?

O sol é o método mais eficaz para manter a vitamina D necessária ao nosso organismo. Tendo o devido cuidado com o calor excessivo, com os raios ultravioleta e o risco de cancro da pele, a exposição solar da pele estimula a produção de vitamina D, além de reforçar o próprio bem-estar. Caminhar ao ar livre ou passear na praia fazem bem à saúde.

O segundo mecanismo para obtenção de vitamina D está na alimentação. Não são muitos os alimentos naturais que fornecem este nutriente, mas há alguns que podemos considerar na dieta para ajudar a evitar carências:

  • Peixes gordos como salmão, truta, cavala, atum ou sardinha
  • Óleo de peixe
  • Gema de ovo
  • Fígado de vaca
  • Alguns cogumelos

 

Outros produtos alimentares, como laticínios, queijos, cereais de pequeno-almoço ou pão, podem ser enriquecidos com vitamina D. Mas sempre em doses pequenas, nunca servindo de fonte principal de vitamina D, o que poderia originar excesso de consumo.

 

Sabia que...

A utilização de protetores solares diminui a produção cutânea de vitamina D, mas o contacto direto da luz solar com a pele tem de incluir cuidados redobrados.

 

Quando são necessários suplementos de vitamina D?

É reconhecida a importância de combater a carência de vitamina D, nomeadamente na população idosa. Em Portugal, apesar da elevada exposição solar, existe uma grande prevalência desta deficiência, por motivos genéticos. Por outro lado, a disseminação de diferentes suplementos vitamínicos e o próprio acesso comercial à vitamina D, nomeadamente pela internet, motivou a preocupação da Direção-Geral da Saúde em definir orientações para a suplementação deste nutriente. Em 2019, foi divulgada uma Norma para a Prevenção e Tratamento da Deficiência de Vitamina D.

Na prática, não havendo razão que justifique a necessidade de avaliar a carência com análises concretas, para obtenção de vitamina D é recomendada inicialmente a educação para a saúde de crianças, adultos e idosos, através da promoção da exposição solar e do consumo de ovos e peixes gordos.

A procura de um diagnóstico para a deficiência de vitamina D deve ser feita nos casos de:

  • Pessoas com mais de 65 anos a viver em internamento ou em lares, com exposição solar limitada.
  • Pessoas com fatores de risco para a deficiência, como muito pouca exposição solar, má absorção intestinal ou insuficiência renal crónica.
  • Casos identificados de alterações do metabolismo do cálcio ou de vitamina D, ou historial prévio de deficiência de vitamina D.
  • Resultados de análises e exames que sejam sugestivos de deficiências da vitamina.

 

Determinados produtos farmacêuticos, como laxantes e comprimidos para emagrecer, mas também medicamentos para o colesterol, podem baixar os níveis de vitamina D. Também as cirurgias de emagrecimento, que impliquem redução do estômago ou bypass para os intestinos, aumentam o risco de menor produção de vitamina D.

 

O excesso de vitamina D é perigoso?

A toma voluntária de suplementos vitamínicos sem recomendação médica deve ser evitada, principalmente se a composição e a dosagem não forem suficientemente claras. Muitas vezes as pessoas tratam as vitaminas como um mero complemento de nutrientes e tomam diferentes suplementos, ou doses excessivas, o que pode ter consequências para a saúde.

O excesso de vitamina D pode causar hipercalcemia, ou hiperfosfatemia, quantidades demasiado elevadas de cálcio ou fosfato no organismo. Entre os sintomas disso estão distúrbios urinários, anorexia, sensação exagerada de sede, vómitos, dor e fraqueza muscular, ou obstipação. Em casos crónicos, o excesso de vitamina D pode provocar a desmineralização dos ossos e nefrocalcinose, a deposição de cálcio e fosfato nos rins.

 

Se se sentir cansado ou debilitado, com o sistema imunitário “em baixo” fale com o seu médico assistente antes de iniciar a toma de suplementos vitamínicos ou de vitamina D. Caso seja necessário, o seu médico pode recomendar-lhe o complemento adequado, na dosagem certa.

Fontes:

Cleveland Clinic, junho de 2023

Declaração Portuguesa da Vitamina D, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, junho de 2023

Mayo Clinic, junho de 2023

National Institutes of Health, Office of Dietary Supplements, junho de 2023

Norma Prevenção e Tratamento da Deficiência de Vitamina D, Direção-Geral da Saúde, junho de 2023

Ordem dos Farmacêuticos, junho de 2023

Universidade de Lisboa, junho de 2023

Publicado a 25/07/2023