Quem deve tomar suplementos alimentares?

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Nem todos os suplementos alimentares disponíveis no mercado são adequados a todas as pessoas e situações, podendo, nalguns casos, serem prejudiciais à saúde.

O objetivo da toma de suplementos alimentares é, em regra, colmatar eventuais falhas nutricionais, garantindo a ingestão diária das quantidades consideradas adequadas de vitaminas, sais minerais, aminoácidos, ácidos gordos, entre outros nutrientes. Mas será que é mesmo necessário fazer esta suplementação? Será que os eventuais benefícios superam os riscos?

São muitos os suplementos alimentares disponíveis no mercado, destinando-se a uma enorme diversidade de situações. Em regra, são comercializados na forma de cápsulas, comprimidos, saquetas ou ampolas, constituindo fontes concentradas de nutrientes ou de outras substâncias com um efeito nutricional ou fisiológico. Destinam-se a complementar ou a suplementar o regime alimentar habitual, porém - e este é um ponto muito importante - não devem substituir uma dieta saudável.

 

Quem deve tomar suplementos alimentares?

Em princípio, uma alimentação equilibrada e variada, que inclua frutas, vegetais, cereais integrais, proteína e gordura insaturada, é suficiente para garantir todos os nutrientes de que o organismo precisa para se manter saudável, não havendo necessidade de recorrer a suplementos.

Ainda assim, algumas pessoas em certas fases da vida podem necessitar de suplementos, mesmo que pratiquem uma alimentação saudável, como é o caso das grávidas ou idosos, por exemplo.

 

Mulheres grávidas ou que pretendam engravidar

A Direção-Geral da Saúde (DGS) aconselha alguns suplementos nutricionais nesta fase da vida, como é o caso do ácido fólico (também designado como vitamina B9), que deve ser tomado ainda antes da gravidez e durante o primeiro semestre de gestação. O ácido fólico é importante para ajudar a prevenir algumas malformações do feto, como a espinha bífida (malformação da coluna vertebral responsável por danos a nível do sistema nervoso central).

Integra ainda as recomendações da DGS a suplementação de ferro durante o segundo e terceiro trimestres de gravidez, bem como de iodo durante toda a gestação e amamentação.

 

Vitamina D para crianças e idosos

A DGS recomenda também a administração de um suplemento de vitamina D a todas as crianças saudáveis até aos 12 meses de vida, independentemente do seu tipo de alimentação. Além disso, a suplementação é igualmente aconselhada no tratamento do raquitismo infantil de causa nutricional em crianças com idades entre os 12 meses e os 10 anos.

Por outro lado, entre os adultos, a prescrição de suplemento de vitamina D deve ser ponderada no caso de:

  • Pessoas com mais de 65 anos em internamentos de longa duração ou a viver em lares, com exposição solar limitada.
  • Pessoas que apresentam fatores de risco para deficiência e insuficiência de vitamina D, por exemplo, exposição solar muito limitada, insuficiência renal crónica, síndromes de má absorção intestinal.
  • Pessoas com história conhecida de alterações metabólicas congénitas ou adquiridas do metabolismo do cálcio e vitamina D.
  • Pessoas com história prévia de deficiência de vitamina D.

 

A vitamina D é importante para assegurar a existência de valores normais de cálcio e fósforo no sangue, garantindo uma adequada mineralização dos ossos. Como tal, ajuda a evitar doenças como o raquitismo e a osteoporose, entre outras. A principal fonte de vitamina D é a exposição solar, e alguns (poucos) alimentos também contêm esta vitamina, como é o caso da sardinha, salmão e ovo.

 

Os efeitos benéficos dos suplementos alimentares

Apesar da forma de apresentação idêntica e de poderem ser vendidos em farmácias, os suplementos alimentares não são medicamentos. Como tal, a legislação não permite que lhes sejam associadas propriedades de cura, tratamento ou prevenção de doenças ou sintomas, mas devem apresentar efeitos benéficos para a saúde, havendo evidência das vantagens de alguns:

  • Os multivitamínicos estão entre os suplementos mais utilizados e incluem normalmente cálcio, importante para fortalecer os ossos, vitamina D, que ajuda a absorver o cálcio, e ainda as vitaminas C e E, que têm efeito antioxidante, ou seja, ajudam a prevenir danos celulares.
  • Algumas pessoas a quem é diagnosticada osteoporose (doença que leva à desmineralização e ao enfraquecimento ósseo) podem ser aconselhadas pelo médico a tomar suplemento de cálcio e vitamina D.
  • A vitamina B12 contribui para a saúde dos neurónios e das células sanguíneas e a sua suplementação pode ser necessária no caso de pessoas vegetarianas, uma vez que esta vitamina existe sobretudo na carne, peixe e laticínios.
  • Algumas pesquisas também revelaram que uma combinação de vitaminas C e E, carotenoides (luteína e zeaxantina), zinco e cobre pode ajudar a reduzir a progressão da degenerescência macular, uma das principais causas da perda de visão entre os adultos mais velhos.
  • Há vários estudos que reforçam o contributo do ácido gordo ómega-3, presente no óleo de peixe, no reforço da saúde cardiovascular.

 

Riscos associados à toma de suplementos alimentares

É importante ter presente que tomar doses de suplementos superiores às recomendadas não irá potenciar os benefícios do produto. Pelo contrário, poderá ter o resultado oposto, causando mesmo danos ao organismo.

Os efeitos nefastos poderão resultar também da toma simultânea de vários suplementos ou da interação com medicamentos. Por exemplo, sabe-se que a vitamina K reduz o efeito dos fármacos anticoagulantes, e o Ginkgo biloba pode aumentar o risco de hemorragias. Já o hipericão (também conhecido como erva de S. Jorge), que é usado para aliviar sintomas de depressão e ansiedade, pode também interferir com a eficácia de alguns medicamentos antidepressivos e anticoncecionais. Assim, é necessário procurar sempre aconselhamento médico antes de tomar qualquer substância deste tipo.

Outro risco associado à toma de suplementos prende-se com a eventual negligência em relação à prática de uma alimentação equilibrada. Ou seja, que se opte por recorrer a estes produtos em vez de adotar um estilo de vida saudável, que inclua uma dieta variada, prática de atividade física e descanso adequado.

 

A segurança acima de tudo

Se toma ou pensa vir a tomar suplementos alimentares, é importante ter em conta que:

  • Estas substâncias podem interferir com a sua medicação habitual e, até, com alguns problemas como a coagulação do sangue. Como tal, é necessário informar sempre os médicos e outros profissionais de saúde sobre os suplementos que toma. Em caso de intervenções cirúrgicas saiba quais os suplementos que deve suspender antes da cirurgia.
  • Leia e cumpra as instruções de uso, nomeadamente, no que diz respeito à dose diária recomendada.
  • O facto de o suplemento ser composto por ervas ou outras substâncias referidas como “naturais” não significa que o mesmo seja seguro e adequado ao seu caso concreto.
  • Não tome o suplemento indefinidamente, pois o uso prolongado de alguns suplementos pode provocar toxicidade.
  • Os suplementos não foram testados em grávidas, crianças e outros grupos populacionais, pelo que é sempre importante pedir aconselhamento profissional antes de recorrer a estes produtos.
Fontes:

Better Health Channel, maio de 2023

Direção-Geral da Saúde, maio de 2023

Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, maio de 2023

European Food Information Council, maio de 2023

Harvard Medical School, maio de 2023

Infarmed, maio de 2023

National Health Service, maio de 2023

National Institutes of Health, maio de 2023

Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direção-Geral da Saúde, maio de 2023

SNS24, maio de 2023

Publicado a 11/08/2023