Cancro da mama

As 5 perguntas mais ouvidas na consulta
Cancro
Saúde da mulher
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É normal que a suspeita ou o diagnóstico da doença suscite dúvidas. Carlos Rodrigues, especialista em cancro da mama, partilha as perguntas mais frequentes.

Quase todas as mulheres têm na família ou no grupo de amigos / conhecidos alguém com cancro de mama.

Pela sua elevada incidência, o cancro de mama é considerado um problema de saúde pública.

 

"Qual a melhor forma para vencer o cancro da mama?"

Sem dúvida: o diagnóstico precoce.

Diagnosticar tumores num estadio inicial é crucial para que os especialistas possam optar por terapêuticas menos mutilantes e que possibilitem um melhor prognóstico, isto é, melhores taxas de cura.

Após os 35 anos de idade, a mulher deve fazer mensalmente (depois do fim da menstruação) o seu auto-exame da mama. É fundamental conhecer o seu corpo e estar atenta a sinais de alerta como:

  • "caroço" ou nódulo
  • pele avermelhada
  • inversão do mamilo
  • retração cutânea e pele casca de laranja
  • saída de líquido pelo mamilo

 

Na consulta com o seu médico assistente deve ser realizada a palpação mamária e, sempre que clinicamente se justifique, devem ser requisitados exames de rastreio, nomeadamente a mamografia e ecografia mamária.

Se for detetada alguma alteração no exame, a doente deverá ser encaminhada para uma Unidade da Mama, de forma a ser avaliada por um especialista em patologia mamária.

Esta referenciação atempada e este esforço conjunto, contribuem para o bom prognóstico da doença.

 

"Posso evitar ter cancro da mama?"

Não é possível evitar o cancro da mama. Mas é importante lembrar que hábitos gerais de vida saudável são fatores protetores:

  • alimentação equilibrada
  • prática de exercício físico
  • abstinência tabágica e alcoólica

 

Também a maternidade, especialmente se antes dos 30 anos, com amamentação, parece diminuir o risco. E, claro, manter a sua vigilância médica de rotina para garantir o diagnóstico precoce, caso surja alguma alteração mamária.

 

"A minha mãe teve cancro da mama. Eu também vou ter?"

Existe uma pequena percentagem de casos de cancro da mama hereditários. Ocorrem por transmissão de alterações genéticas que aumentam bastante a predisposição. Mas saiba que existem critérios específicos para testar essas famílias.

A grande maioria dos cancros da mama não estão associados a essas alterações genéticas.

No entanto, ter um caso na família aumenta o risco, que passa a ser maior quando comparado com mulheres sem história familiar - mas apenas isso.

 

"As mamografias, se realizadas muitas vezes, podem provocar cancro?"

Não, a mamografia não provoca cancro. Este exame vai ajudar a encontrar o tumor que já lá estava. Não provoca tumores.

A radiação produzida pela mamografia é insignificante. O somatório da radiação de uma mamografia anual entre os 40 e os 70 anos equivale à radiação de apenas uma TAC de tórax.

 

"O melhor tratamento é retirar a mama?"

O tratamento do cancro da mama assenta numa base multidisciplinar, orientado por Unidades da Mama, onde todas as grandes decisões são ponderadas por um grupo alargado de especialistas.

Os tratamentos de que dispomos (cirurgias, quimioterapia, radioterapia, hormonoterapia e anticorpos) são criteriosamente escolhidos e sequencialmente administrados de acordo com a especificidade da doença e as necessidades de cada doente.

Atualmente já existem muitas "armas" que permitem, na maior parte dos casos, tratar bem a doença conservando a mama, o que é uma grande vantagem em vários aspetos.

 

A mensagem mais importante que deve reter

O diagnóstico precoce é efetivamente a melhor forma de combater o cancro da mama, pois possibilita tratamentos com maior taxa de cura e sobrevivência. Por isso, lembre-se de realizar o seu auto-exame e não adie a sua visita anual ao seu médico assistente ou a um especialista em doenças da mama.

Publicado a 30/10/2020
Doenças