José Ventura

“Pensei que fosse uma infeção urinária”

Diagnosticado com hiperplasia benigna da próstata, José Manuel Duarte Ventura foi tratado com uma técnica inovadora – a Rezum – no Hospital CUF Descobertas. O tratamento é menos invasivo, não requer anestesia ou internamento e é de recuperação mais rápida do que a cirurgia tradicional.

 

Inicialmente, José Manuel Duarte Ventura sentia apenas uma ligeira dificuldade em urinar. Depois, começou a sentir dor durante a micção, a ter necessidade de urinar com mais frequência e a acordar três ou quatro vezes ao longo da noite para ir à casa de banho. Passou desta forma cerca de meio ano, sem valorizar muito os sinais. “Pensei que fosse uma infeção urinária normal e que haveria de passar”, afirma o informático aposentado de 63 anos, residente no concelho de Palmela.

Decidiu consultar o médico de família apenas quando a sua qualidade de vida começou a ser mais seriamente afetada. “Chegou uma altura em que tinha muito receio de sair de casa. Não tinha condições para segurar a urina e causava-me dor. Na altura, em 2018, eu ainda trabalhava, o que me causava alguns constrangimentos.”

O médico assistente aconselhou-o a consultar um nefrologista para despistar eventuais problemas ao nível dos rins. Não tendo sido detetada qualquer doença neste campo, foi posteriormente encaminhado para a especialidade de Urologia. Realizou um conjunto de exames, que permitiram chegar a um diagnóstico: José sofria de hiperplasia benigna da próstata (HBP), uma das doenças benignas mais comuns nos homens. Caracterizada pelo aumento do volume da próstata, a HBP afeta as funções urinária e sexual, prejudicando a qualidade de vida dos doentes. “Tipicamente, a partir dos 50 anos, verifica-se um crescimento benigno da próstata em todos os homens. Não sabemos porquê. Nuns homens surge mais cedo, noutros mais tarde. Nuns desenvolve-se mais rápido, noutros menos. Mas acaba por manifestar sempre alguma sintomatologia”, esclarece Paulo Vale, Coordenador de Urologia no Hospital CUF Descobertas, que acompanha José.

Paulo Vale e José Ventura

 

O urologista alerta para o facto de muitos homens desvalorizarem os sintomas por considerarem que fazem parte do processo natural de envelhecimento. “A hiperplasia benigna da próstata não pode ser encarada como fazendo parte da velhice”, sublinha. “Se os sintomas não existiam e passaram a existir, se são persistentes, isso quer dizer que se passa alguma coisa e que o homem deve consultar um urologista. Pode ser uma situação apenas para vigiar ou que necessite de tratamento com medicação oral ligeira.”

É importante que o doente não deixe que os sintomas se agravem. “Pode haver um crescimento da parte muscular da bexiga para conseguir esvaziar – é a chamada bexiga de esforço – e a determinada altura o homem deixa de conseguir urinar e faz retenção urinária”, explica Paulo Vale. Caso a doença não esteja muito avançada, como era o caso de José, numa primeira fase é prescrita medicação oral e são aconselhadas medidas higiénicas e dietéticas. “A comida muito condimentada e o vinho branco gaseificado, por exemplo, congestionam a zona pélvica, pelo que não devem ser consumidos”, refere o urologista. “O doente deve ainda ter o hábito de beber água e de urinar com uma certa regularidade. A bexiga não deve estar muitas horas sem ser esvaziada.”

Rezum: inovação no tratamento

Durante cerca de dois anos, a medicação foi suficiente para tratar os sintomas da HBP, mas, em 2020, José voltou a sentir algum desconforto enquanto urinava. Perante as queixas, Paulo Vale sugeriu uma técnica de tratamento inovadora, que surgiu em 2015 nos Estados Unidos e que, de há dois anos para cá, tem sido utilizada no Hospital CUF Descobertas e no Hospital CUF Viseu com uma elevada taxa de sucesso: a Rezum (vaporização endoscópica).

Paulo Vale

Esta técnica, com auxílio da radiofrequência, introduz vapor a determinada temperatura e pressão no tecido da HBP, fragilizando a parede das células, que acabam por desaparecer, sendo reabsorvidas pelo organismo”, explica o urologista. A Rezum tem, por isso, claras vantagens em relação às cirurgias tradicionais: não é necessária anestesia geral, mas apenas uma ligeira sedação, dura apenas cerca de 20 minutos e não obriga a internamento – normalmente, ao fim de três horas de recobro, o doente tem alta clínica. Uma outra mais-valia é a inexistência de disfunção sexual após este procedimento, melhorando significativamente a qualidade de vida do doente”, explica Paulo Vale. José aceitou a sugestão do médico. “O Dr. Paulo Vale explicou-me que era uma técnica menos invasiva e que não era necessário corte. Fui operado em novembro de 2021 e correu tudo muito bem.” E acrescenta: “O Dr. Paulo Vale é um médico ‘sete estrelas’. Interessa-se e preocupa-se com a situação dos seus doentes antes, durante e depois de os ver. No dia da operação, senti algum nervosismo, mas ele e o resto da equipa conseguiram relaxar-me. Foram todos muito profissionais e prestativos. Explicaram tudo muito bem, ao detalhe.”

A recuperação, com a utilização desta nova técnica, também é rápida. “Os doentes começam a notar melhorias duas a três semanas após a intervenção. Nos primeiros cinco dias têm de usar uma algália; ao fim de um mês e meio, normalmente, retiramos gradualmente a medicação; e ao fim de três meses já não tomam nada”, explica Paulo Vale. Um ano depois da intervenção, José Manuel Duarte Ventura garante que “está tudo a funcionar perfeitamente”. E até vai mais longe: “Não tenho queixas. Quase já nem me lembro que tive este problema.”

 

Fotografias de António Azevedo (4SEE)

Paulo Vale
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Publicado a 02/11/2022