O que é?

A hipotonia define-se como uma diminuição da resistência ao movimento passivo. É facilmente reconhecida na observação do recém-nascido, sendo um dos sinais mais frequentes de doença nesta faixa etária.

É um sinal clínico inespecífico, mas muitas vezes associado a doença grave, pelo que se torna importante um diagnóstico precoce para instituir a terapêutica adequada, estabelecer o prognóstico e oferecer aconselhamento genético. A grande diversidade de causas subjacentes e respetivos exames complementares realça a relevância de uma investigação metódica e sistemática.

Fala-se em hipotonia quando se verifica uma redução do tónus muscular. Trata-se de um sintoma e não de uma doença em si. Os músculos saudáveis nunca estão completamente relaxados. Existem sempre algum grau de tensão e rigidez que se traduzem numa resistência ao movimento. Durante o sono, o tónus muscular é menor. A hipotonia é diferente da fraqueza muscular, embora por vezes seja difícil distinguir as duas condições que, até, podem ocorrer no mesmo paciente. No entanto, a hipotonia é mais frequentemente em recém-nascidos ou nas crianças. Pode ocorrer também em fases mais avançadas da vida.

Sintomas

Os sinais incluem pouco ou nenhum controlo nos músculos do pescoço, deixando a cabeça tombar, corpo muito mole quando são pegadas ao colo, incapacidade de suportar qualquer peso nas pernas ou ombros, braços e pernas caídos ao longo do corpo, em vez de apresentarem uma normal flexão dos cotovelos, joelhos e calcanhares, dificuldade na sucção e deglutição e choro fraco.

O desenvolvimento nestas crianças é mais lento, demorando mais tempo até serem capazes de gatinhar, andar e alimentarem-se sozinhas.

No adulto, a hipotonia traduz-se por perda de equilíbrio com quedas frequentes, dificuldade em levantar-se a partir da posição sentada ou deitada, grau invulgarmente elevado de flexibilidade dos calcanhares, joelhos e cotovelos, dificuldade em alcançar ou erguer um objeto.

Causas

  • Pode resultar de um défice de oxigénio ou de irrigação cerebral, sendo estas as causas mais comuns no recém-nascido;
  • A hipotonia surge associada a muitos casos de paralisia cerebral;
  • Os recém-nascidos prematuros, nascidos antes das 37 semanas, apresentam hipotonia porque o seu tónus muscular ainda não está completamente desenvolvido:
  • Muitos dos casos resultam de uma interrupção dos sinais transmitidos aos músculos a partir dos nervos. Essa pode ocorrer a nível do cérebro ou da medula espinal (hipotonia central), ou ser o resultado de uma lesão nervosa mais periférica (hipotonia periférica). A encefalopatia hipóxico-isquémica constitui a sua principal causa de no recém-nascido. As causas centrais de hipotonia (agudas ou crónicas) são mais comuns no período neonatal (60-80%) do que as causas periféricas (20-40%), sendo o prognóstico habitualmente mais grave nas últimas. No período neonatal as principais causas são a atrofia muscular espinal tipo I, a distrofia miotónica congénita e as miopatias congénitas. 

Mas a lista de doenças que a pode originar é muito grande. Nos bebés e nas crianças encontram-se: paralisia cerebral, lesões cerebrais e da medula espinal, meningite, encefalite, síndrome de Down, síndrome de Tay-Sachs, hipotiroidismo congénito, atrofia muscular espinal, doença de Charcot-Marie-Tooth, miastenia gravis, distrofia muscular, síndrome de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos. Na idade mais avançada, as causas mais habituais são a esclerose múltipla e doenças neuronais motoras.

Diagnóstico

Passa pela observação clínica sendo importante tentar descobrir a causa subjacente. Como regra, são necessários exames laboratoriais, estudos de imagem, como a tomografia computorizada e a ressonância magnética, eletroencefalograma, eletromiografia, e estudos genéticos. Podem ainda ser solicitados exames mais específicos como biópsias musculares ou estudos de condução nervosa. É importante sublinhar que, em alguns casos, a sua origem não é detetada, mesmo com uma investigação exaustiva.

Tratamento

Em função da sua causa, a hipotonia pode melhorar, estabilizar ou agravar ao longo do tempo. No caso da prematuridade, a hipotonia tende a melhorar à medida que a criança se desenvolve. Em muitas outras situações, não é tratável, pelo que a abordagem passa pela fisioterapia, terapia ocupacional e terapia da fala. A fisioterapia permite melhorar a postura e a coordenação motora e ajuda a fortalecer os músculos em torno das articulações proporcionando maior estabilidade.

Prevenção

Considerando que a hipotonia pode ter causas tão diversas, é difícil afirmar que pode ser prevenida, sobretudo no que se refere às doenças genéticas a ela associadas.

No caso de anomalias congénitas relacionadas com a gravidez, todas as precauções para ter uma gestação saudável podem ser úteis como prevenção desta e de outras condições clínicas.

Um diagnóstico correto e um tratamento adequado da doença subjacente podem também prevenir ou minimizar a hipotonia.

Fontes

NHS Choices, Setembro de 2013

“Recém-Nascido Hipotónico – Algoritmo de Orientação Diagnóstica”, Secção de Neonatalogia, Sociedade Portuguesa de Pediatria

The University of Chicago, 2013

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