Dismenorreia: o que é e como se pode tratar

Dor
Saúde da mulher
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É a principal queixa ginecológica das mulheres jovens e está associada a dor pélvica. Conheça os sintomas e de que forma pode aliviar e tratar a dismenorreia.

A dismenorreia caracteriza-se por uma dor pélvica, esporádica ou recorrente, associada à menstruação. Esta é a principal queixa ginecológica em mulheres jovens, que experienciam, por norma, um a dois dias de dor durante a menstruação. As dores podem ser ligeiras, moderadas e bem toleradas, mas há casos em que podem ser severas, impossibilitando as mulheres de realizarem atividades comuns do dia a dia, sendo causa de absentismo escolar e profissional.

 

Tipos de dismenorreia

A dismenorreia pode ser de dois tipos:

  1. Dismenorreia primária: acontece sem que exista doença pélvica subjacente, inicia-se pouco depois da primeira menstruação (menarca) e pode persistir durante o resto da vida da mulher. Começa cerca de horas ou um ou dois dias antes da menstruação ou durante a mesma e caracteriza-se por uma dor ligeira a severa no abdómen inferior, costas ou coxas. Esta dor é mais intensa nos primeiros dois ou três dias do fluxo menstrual e pode ser acompanhada de náuseas, vómitos, cansaço e diarreia. Para muitas mulheres, a dor vai diminuindo com a idade e pode mesmo desaparecer depois de uma gravidez.
  2. Dismenorreia secundária: é causada por doença ou infeção subjacente que afeta os órgãos reprodutores femininos; tem um início mais tardio, geralmente após os 30 anos. Neste caso, a dor começa, por norma, no início do ciclo menstrual e persiste durante todos os dias da menstruação, podendo até piorar à medida que os dias vão passando. A dor pode ser acompanhada de outros sintomas como dispareunia (dor ou desconforto durante ou depois das relações sexuais) ou menorragias (sangramento anormalmente intenso e abundante).

 

Quais são as principais causas das dores menstruais?

A dismenorreia primária é causada pelas prostaglandinas produzidas no endométrio que provocam a contração dos músculos e dos vasos sanguíneos do útero.

A dismenorreia secundária é causada por problemas no sistema reprodutor e algumas das doenças que podem estar na sua origem incluem:

  • Endometriose: acontece quando tecido semelhante ao endométrio (que reveste o útero) cresce noutras zonas, como os ovários, trompas de Falópio, bexiga ou cavidade pélvica. Tal como o endométrio normal, este tecido também pode sangrar e causar dores.
  • Adenomiomas e fibromas uterinos: pode causar aumento do tamanho uterino e causar sangramento e dor.
  • Doença inflamatória pélvica: infeção uterina que pode estender-se a outros órgãos do sistema reprodutor. Esta doença pode causar dores abdominais e infeção grave.
  • Outras condições médicas como doença de Crohn, aborto ou gravidez ectópica.

 

Sintomas da dismenorreia

A dismenorreia manifesta-se através de vários sintomas, sendo importante estar-se atento a:

  • Dores abdominais (que, por vezes, podem ser severas)
  • Sensação de peso no abdómen
  • Dores nas ancas, zona lombar e interior das coxas
  • Náuseas
  • Vómitos
  • Diarreia
  • Fadiga
  • Fraqueza
  • Dores de cabeça
  • Tonturas, desmaio

 

Em que situações deve consultar um médico?

Tanto a dismenorreia primária como a secundária podem ser tratadas. Deve consultar o seu médico assistente ou médico especialista em Ginecologia quando ocorram dores menstruais de intensidade superior ao habitual ou que durem mais do que dois ou três dias.

Para diagnosticar a dismenorreia, é feito um exame ginecológico e pélvico, que permite examinar o útero, o colo do útero e a vagina. Pode ser necessário realizar ecografia, ressonância magnética e, em alguns casos, laparoscopia ou histeroscopia.

 

Fatores de risco para dismenorreia

Qualquer mulher pode vir a ter dismenorreia, no entanto, é mais frequente em mulheres:

  • Que fumam e consomem álcool
  • Com excesso de peso ou obesidade
  • Com menarca antes dos 11 anos
  • Que nunca estiveram grávidas

 

Como aliviar e tratar a dismenorreia?

As dores menstruais podem ser aliviadas com algumas soluções simples, como:

  • Evitar cafeína, álcool e tabaco
  • Praticar exercício físico
  • Colocar um saco de água quente na zona lombar ou no abdómen
  • Massajar a zona lombar e o abdómen

 

Pode ser necessário recorrer a medicação como paracetamol, ibuprofeno, contracetivos orais e progesterona. Em casos mais graves, podem ser necessárias soluções cirúrgicas e embolização arterial uterina.

Fontes:

Acta Médica Portuguesa, abril de 2022

Cedars Sinai, abril de 2022

Cleveland Clinic, abril de 2022

Johns Hopkins Medicine, abril de 2022

The American College of Obstetricians and Gynecologists, abril de 2022

Publicado a 03/06/2022