Conhece as substâncias incluídas nos seus cosméticos?

Pele, unhas e cabelo
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Saiba o que significam alguns dos ingredientes mais frequentes em cosméticos na União Europeia, como o colagénio, ácido hialurónico e resveratrol.

Na União Europeia (UE), a produção e comercialização de cosméticos é regulamentada não só do ponto de vista da publicidade - composição descrita nos rótulos -, mas também no que diz respeito às substâncias que entram na composição dos cosméticos: há componentes autorizados, outros com restrições específicas e outros ainda completamente proibidos.

Segundo a lei europeia, um produto cosmético é aquele que é “destinado a estar em contacto com as partes externas do corpo humano (epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos genitais externos) ou com os dentes e as mucosas bucais, tendo em vista, exclusiva ou principalmente, limpá-los, perfumá-los, modificar-lhes o aspeto, protegê-los, mantê-los em bom estado ou corrigir os odores corporais“. Isto significa que entre aquilo que se considera um produto cosmético dentro da UE estão os desodorizantes, as pastas de dentes, o sabonete ou o champô.

 

Substâncias proibidas nos cosméticos

As restrições ao uso de algumas substâncias estão ligadas ao perigo que representam para a saúde humana quando o seu uso é continuado - e os agentes proibidos não são apenas químicos. Substâncias como o chumbo são elementos naturais, mas, sendo um metal pesado, pode representar riscos para a saúde e está na lista de ingredientes banidos da UE. No regulamento europeu para estas substâncias há ainda uma menção específica aos designados nanomateriais.

 

O que são nanomateriais?

Os nanomateriais são substâncias produzidas intencionalmente, insolúveis e biopersistentes e podem ser usados como corantes, conservantes ou filtros UV. Estes componentes são sujeitos a uma fiscalização rigorosa da UE e devem estar sempre visíveis no rótulo com a designação nano, entre parênteses, junto à substância em causa.

 

Que substâncias se encontram frequentemente nos cosméticos?

 

Colagénio

O colagénio é produzido naturalmente pelo corpo humano e é a sua proteína mais abundante. Dá estrutura e fortalece a pele, os músculos e os ossos, sendo também responsável pela substituição das células mortas da pele. São estas as razões para que alguns cosméticos (sobretudo cremes e séruns antirrugas e antienvelhecimento) a incluam na sua composição.

Com o avançar da idade, o corpo produz menos colagénio e isso é visível pela forma como a pele vai ficando cada vez mais enrugada e menos preenchida, sobretudo ao redor dos olhos.

 

Ceramidas

As ceramidas são lípicos que estão naturalmente presentes na pele humana, compondo 30 a 40% da epiderme. Esta substância retém água na pele e previne a entrada de germes. Usar cremes hidratantes com ceramidas na sua composição pode ajudar a repor os seus níveis, que diminuem com a idade. Os cosméticos com ceramidas entre os seus ingredientes - hidratantes, tónicos, séruns - também podem ajudar a proteger a pele de toxinas e poluição.

 

Retinol

O retinol é um termo utilizado para a vitamina A e os seus derivados, como a tretinoína. É muito frequentemente usado em cremes, séruns e outras loções para efeitos antirrugas ou anti-idade e, em alguns casos, para tratar o acne. Há vários cosméticos com retinol de venda livre, mas outros, com maiores concentrações, necessitam de receita médica.

O retinol estimula a produção de células da pele, assim como a produção de colagénio, o que pode reduzir manchas do sol ou rugas, dando à pele uma aparência mais preenchida.

 

Bakuchiol

O bakuchiol é publicitado como uma alternativa ao retinol nos seus efeitos antienvelhecimento. A sua origem é botânica - é extraído da Psoralea Corylifolia, uma planta indiana há muito usada pela medicina chinesa e ayurvédica. O uso do bakuchiol na cosmética é relativamente recente e, por isso, não há tanta evidência científica como há em relação ao retinol. Os estudos publicados apontam para eficácia no esbatimento de rugas finas e na recuperação da coloração natural da pele, um dos sinais de envelhecimento.

 

Glicerina

A glicerina é um produto que pode ser extraído da natureza (de feijões de soja, por exemplo) ou ser fabricado em laboratório. É extremamente hidratante, por isso, é muito usado em bálsamos para lábios secos e cremes para pele muito seca. Em creme é também uma boa solução para pele oleosa, hidratando e reduzindo a prevalência de pontos negros, borbulhas ou acne.

Além destes produtos, é também usada em pastas de dentes, condicionadores, espumas de barbear ou sabonetes para dar um toque macio e uma sensação lubrificante aos produtos.

 

Niacinamida

A niacinamida é uma forma de Vitamina B-3 que mantém a pele saudável. Não há muita evidência científica sobre a sua eficácia quando aplicada na pele, por exemplo, sob a forma de cremes, mas é sabido que é uma substância importante no combate ao eczema ou acne. Esta substância é importante para manter a barreira de ceramidas da pele, regular a oleosidade da pele, reduzir inflamações da pele e vermelhidões e proteger contra os danos provocados pelo sol.

 

Vitamina C

A vitamina C, também designada como ácido ascórbico, é um potente antioxidante. Os antioxidantes protegem a pele do envelhecimento atuando contra os radicais livres, moléculas presentes no oxigénio e que degradam a pele, originando rugas. Além da absorção de vitamina C através da alimentação, a absorção tópica é também eficiente. No entanto, há alguns cuidados a ter com cosméticos com vitamina C: devem ser guardados selados e num ambiente escuro, para que a vitamina C mantenha a sua ação.

 

Coenzima Q10

A coenzima Q10, ao contrário da vitamina C, a coenzima Q10 é um antioxidante que o corpo produz naturalmente, no entanto, os níveis de Q10 diminuem no organismo à medida que a idade avança. É por isto igualmente usado em produtos anti-idade, por reduzir os efeitos de envelhecimento provocados pelo oxigénio.

 

Ácido hialurónico

O ácido hialurónico é frequentemente usado em produtos com vitamina C para proporcionar a sua penetração na pele de forma eficiente. Esta substância, que se pode descrever como pegajosa, está presente nos tecidos de animais e pessoas mais jovens e a sua presença decresce com a idade. Quando aplicado através de cremes e séruns, mantém a pele hidratada e flexível, ajudando a reter a água - por esta razão é um ingrediente usado também no tratamento de olhos secos. Em cosméticos ajuda a manter a pele bem cuidada e a retardar os efeitos do envelhecimento.

 

Resveratrol

O resveratrol é um antioxidante poderoso e está presente também no sumo de uvas, na pele das uvas e, em menores porções, nos amendoins ou mirtilos, por exemplo. Na cosmética é utilizado sobretudo em produtos anti-envelhecimento, por causa da sua proteção contra os radicais livres e os efeitos dos raios UV e é também eficaz no estímulo de produção de colagénio pela pele.

 

Ácido glicólico

O ácido glicólico é um ácido natural (muitas vezes extraído da cana de açúcar) e, juntamente com outros como o ácido lático, fazem parte do grupo dos alfa-hidroxiácidos (AHA), cada vez mais usados pela indústria cosmética. O ácido glicólico é um esfoliante e estimula a produção de colagénio, o que significa que ajuda na limpeza da pele e também suaviza e elimina algumas pequenas rugas. De notar que, apesar de presente na natureza, o ácido glicólico também pode ser sintético e está presente, normalmente, em produtos de limpeza da pele, hidratantes, champôs, maquilhagem e tintas para o cabelo.

 

Ácido salicílico

O ácido salicílico é um beta hidroxiácido, faz uma esfoliação à pele e mantém os poros limpos. Está presente em vários tipos de produtos cosméticos, como sabonetes, champôs anticaspa, mas sobretudo em cremes e produtos tópicos para tratamento do acne, psoríase ou dermatite seborreica. Alguns destes produtos podem necessitar de receita médica.

Fontes:

Cleveland Clinic, outubro de 2022

Cosmetics Info, outubro de 2022

ECHA - European Chemicals Agency, outubro de 2022

EUR-Lex, outubro de 2022

Harvard Health Publishing, outubro de 2022

Healthline, outubro de 2022

Mayo Clinic, outubro de 2022

National Library of Medicine, National Center for Biotechnology Information, outubro de 2022

Royal Society of Chemistry, outubro de 2022

WebMD, outubro de 2022

Publicado a 14/11/2022
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