Adolescência e Imagem Corporal: papel das redes sociais

Bebés e crianças
Cérebro e saúde mental
Prevenção e bem-estar
6 mins leitura

A utilização das redes sociais pode influenciar a forma como os adolescentes se relacionam com a imagem do seu próprio corpo. Saiba porquê.

A forma como nos sentimos em relação ao corpo tem impacto no nosso bem-estar e na nossa saúde mental. É por isso que é tão importante que tenhamos uma perceção positiva da nossa imagem corporal. Quando isso acontece, sentimo-nos confortáveis na "nossa pele" e satisfeitos com o que vemos quando nos vemos ao espelho. Por outro lado, uma imagem corporal pouco saudável está associada a sentimentos de infelicidade resultantes da perceção de uma aparência que não nos satisfaz e à vontade de mudar várias características corporais que podem não ser concretizáveis.

 

A insatisfação em relação à imagem corporal não é um problema apenas dos adultos e afeta também crianças e adolescentes, sobretudo na puberdade, fase em que ocorrem grandes mudanças físicas e adaptações psicológicas determinantes da vida futura. A forma como as crianças e adolescentes veem o seu corpo pode ser influenciada por diversos fatores, sendo um deles as redes sociais.

 

As duas faces das redes sociais

Um bom uso das redes sociais está associado a várias vantagens para os adolescentes que as utilizam:

  • Possibilidade de comunicar com outras pessoas
  • Fonte de entretenimento
  • Espaço de expressão de opiniões
  • Fonte de informação
  • Interação com outras pessoas sem barreiras geográficas
  • Meio de aprendizagem sobre várias áreas, como comportamentos saudáveis

 

Por outro lado, quando é feito um uso desregrado das redes sociais, podem surgir problemas como:

  • Distração
  • Distúrbios do sono
  • Exposição a fatores negativos, como bullying, pressão de grupo e ideias irrealistas acerca da vida das outras pessoas

 

É provável que os mais jovens possam comparar a sua vida com aquilo que veem exposto nas redes sociais, resultando num impacto negativo na perceção que têm de si próprios, incluindo a sua aparência física. Isto é, podem desenvolver uma perceção pouco saudável acerca do seu corpo e conceções irrealistas acerca do que é um "corpo ideal".

 

Sabia que...

A insatisfação com a imagem corporal é um problema que pode afetar tanto adolescentes do sexo feminino como do sexo masculino.

 

Imagem corporal negativa: esteja atento aos sinais

É saudável que as pessoas se preocupem com o seu corpo e queiram ter um estilo de vida equilibrado, que as faça sentirem-se bem consigo próprias e com os outros. Contudo, sobretudo durante a adolescência, há alguns sinais que podem dar aos pais e educadores algumas indicações de que os jovens a seu cargo estão exageradamente preocupados com a sua aparência, podendo conduzir a sentimentos de ansiedade ou stress. Alguns desses sinais são:

  • Criticar o seu próprio corpo (por exemplo, dizer que é feio)
  • Não querer sair de casa devido à sua aparência
  • Passar muito tempo a ver-se ao espelho, a tirar fotos e a procurar imperfeições
  • Comparar constantemente o seu corpo ao de outras pessoas
  • Não participar em atividades (como prática de atividade física) ou experimentar coisas novas devido a insegurança em relação ao seu corpo
  • Estar obcecado com a perda de peso ou com partes específicas do seu corpo
  • Associar a comida a sentimentos de culpa ou vergonha

 

Se o seu filho manifesta algum destes sinais, a primeira coisa a fazer é falar com ele sobre o assunto. Não hesite em consultar o médico assistente e partilhar as suas preocupações.

 

Sabia que...

Adolescentes que se sentem bem com o seu corpo têm menor tendência para fazer dietas e consumir álcool e tabaco.

 

Quando um adolescente não se sente bem no seu corpo

Uma imagem corporal negativa contribui para uma baixa autoestima e, por isso, influencia a forma como um adolescente se pode sentir, com maior tendência a, por exemplo, fazer mais comparações entre o seu corpo e aquele que considera ideal.

Uma baixa autoestima e uma imagem corporal negativa são fatores de risco para problemas como:

 

Alguns estudos demonstram que o peso e o índice de massa corporal (IMC) apresentam uma relação com a insatisfação com o corpo. Pessoas jovens com excesso de peso ou obesidade tendem a ter mais sintomas depressivos e uma autoestima mais baixa.

 

Fale com o seu filho sobre imagem corporal

Um gesto que os pais podem colocar em prática e que pode ajudar muito os seus filhos passa por escutar de forma ativa aquilo que estes sentem acerca do seu corpo e quais as suas inseguranças. É importante explicar que é normal que o corpo sofra algumas mudanças durante a puberdade e que estas são resultado do crescimento.

 

Até certo ponto, a tendência para os jovens se compararem a outras pessoas que seguem nas redes sociais é natural. Contudo, é importante que os adolescentes tenham a noção que o que veem nas redes sociais não espelha aquilo que é real. Fale com o seu filho sobre este assunto e explique-lhe que muitas fotografias publicadas nas redes sociais são editadas para que as pessoas tenham uma aparência mais atraente.

 

Ensine o seu filho a valorizar o todo

Somos muito mais do que a nossa aparência física e é importante que os adolescentes o saibam. Por isso, valorize mais os feitos e conquistas alcançadas e menos a sua aparência. Elogie, por exemplo, o seu sentido de humor, dedicação aos estudos, entre outros.

Uma boa estratégia para evitar comparações negativas que em nada contribuem para uma boa saúde mental pode passar por implementar tempos de pausa nas redes sociais durante alguns dias.

 

Dica extra:

Incentive o seu filho a envolver-se em atividade física regular que o faça sentir-se bem com ele mesmo e a controlar o peso.

 

Seja um modelo positivo para o seu filho

As crianças aprendem muito com aquilo que veem no exemplo dos pais e educadores. Se a família demonstrar que se sente bem com o seu corpo, o seu filho poderá ter mais facilidade em fazer o mesmo. Alguns hábitos que estão associados a uma imagem corporal positiva são:

  • Seguir uma alimentação saudável
  • Praticar exercício físico
  • Evitar dietas radicais
  • Valorizar o seu corpo pelo que consegue fazer e não pelo que aparenta
  • Sentir orgulho de si próprio por motivos não relacionados com a aparência física
  • Aceitar e valorizar as pessoas independentemente da sua imagem corporal
Fontes

Mayo Clinic, agosto de 2021

Mental Health Foundation, agosto de 2021

Raising Children, agosto de 2021

Publicado a 17/09/2021