Um diagnóstico precoce fez a diferença
Ana Margarida, farmacêutica, 32 anos.
Em novembro de 2019, enfrentou o diagnóstico de cancro da mama.
Hoje, já com os tratamentos realizados, partilha a sua experiência e como foi fundamental o diagnóstico precoce e rápido realizado no Hospital CUF Coimbra.
Em novembro de 2019 comecei a sentir tensão mamária, mais na mama esquerda. Como tinha suspendido a pílula há uns meses, a menstruação não era regular e achei que essa tensão estivesse associada à chegada da menstruação por aqueles dias. De qualquer forma decidi palpar as mamas, primeiro a esquerda e não senti nada depois quando palpei a direita, senti um caroço o que me deixou muito assustada.
Passado uns dias, contei à minha mãe o que tinha sentido e ela incentivou-me a ir a um ginecologista para realmente sabermos o que se passava. Nessa consulta, o médico, mediante o que tinha observado, marcou para 3 dias depois uma ecografia mamária e uma mamografia.
Durante a realização destes exames, a médica que os estava a executar disse logo que tinha de fazer uma ressonância magnética e uma biopsia, pois não tinha gostado do que tinha visto (ainda hoje não li aquele relatório). Esses últimos exames já foram executados na CUF Coimbra pelo Dr Idílio. Durante a biopsia, já tendo feito a ressonância, o médico disse logo que o que estava a observar não era bom mas teríamos de aguardar pelo resultado da biopsia.
Uma semana depois lá tinha eu aquela notícia que ninguém quer ouvir.
Fiquei sem reação, mas com a certeza que ia correr tudo bem.
Foi aqui que decidi ser acompanhada na CUF Coimbra pela Dra. Helena Gervásio, no dia seguinte ao resultado.
Encontrei uma médica super atenciosa e dedicada que me disse que o tumor era classificado em T2 N0 Mx e me explicou tudo o que se ia passar nos próximos meses. O meu percurso iria passar por quimioterapia, cirurgia e possivelmente radioterapia. Esta última, já não foi preciso.
No caso da Ana Margarida, foi fundamental o diagnóstico precoce.
Tratava-se de um tumor de crescimento rápido que se não fosse detetado e tratado atempadamente poderia tornar-se um caso mais complexo e com pior prognóstico.
Sendo uma mulher jovem, foi muito importante podermos preservar ao máximo a sua imagem, nomeadamente através da reconstrução mamária imediata.
No dia 4 de dezembro de 2019 lá estava eu para receber o primeiro tratamento de quimioterapia, com medo, dúvidas, angustiada… Tive de fazer 16 sessões de quimioterapia, 4 ciclos de 3 em 3 semanas e mais 12 semanalmente, as programadas mediante o diagnóstico.
O objetivo era reduzir o tumor o máximo possível e felizmente respondi muito bem, tanto que depois de 2 tratamentos, já se notava bastante diferença no tamanho. Estas semanas foram muito duras para mim, sempre com receio do que viria a seguir.
Posso dizer que todos os medos que tinha se dissipavam a cada tratamento que passava uma vez que a reação não era má. Nunca vomitei, nunca fiquei maldisposta, não senti cansaço extremo, nunca fiquei de cama.
"A parte que mais me custou foi, sem dúvida, a queda do cabelo, pestanas e sobrancelhas."
Senti-me feia, com baixa auto estima. Chorei muito. Deixei de esfregar os olhos e sobrancelhas para tentar aguentar esses pelos o máximo de tempo e não fiquei completamente sem nada.
A meio deste caminho apareceu a pandemia, o que me assustou, mas devo dizer que foi ótimo no sentido em que tinha companhia em casa e não tinha de ir a aniversários nem a casamentos (sem cabelo, de peruca, seria péssimo). Sempre me senti segura na CUF.
Quando terminei os tratamentos, a 13 de maio, o tumor tinha diminuído de cerca de 3cm para 1,5cm.
No fim, tinha a cara bastante inchada mas passados 15 dias normalizou. Não aumentei de peso para além do que tinha no inicio. Inicialmente perdi peso por estar muito nervosa mas a meio do processo, aumentei muito o apetite e recuperei os kgs que tinha perdido.
Em junho de 2020 fui submetida à cirurgia. Sempre achei que daria para fazer tumorectomia (retirada só do tumor) mas a Dra. Paula Messias disse que o melhor seria fazer mastectomia total com reconstrução uma vez que tinha a mama muito pequena para o volume que teria de se retirar.
A reconstrução imediata só seria viável se a pesquisa do gânglio sentinela desse negativo. Felizmente, por todos os motivos, deu negativo e quando acordei da cirurgia e levei as mãos às mamas, senti as duas e foi um alívio tão grande
Ninguém quer passar por esta situação e todos temos um medo terrível de que o cancro nos bata à porta. Cá me calhou a mim, sem saber o porquê.
Foi muito duro, até tive de pedir ajuda profissional para me acalmar e enfrentar o problema da melhor forma. Achei muito útil saber de outros testemunhos e poder falar com pessoas que passaram pelo mesmo. Só quem passa é que sabe.
Tive a sorte de ter um namorado exemplar e incansável que me ajudou em tudo. Pais, família e amigos estiveram sempre comigo a lutar para que conseguisse ultrapassar as adversidades.
Desta minha experiência, o que retiro é que não devemos ignorar os sinais que o nosso corpo nos dá e não termos problemas em fazer palpação. Se sentirmos algo estranho, pedir opinião a quem sabe.
Um diagnóstico precoce pode salvar vidas. Foi um percurso muito penoso mas tudo acabou em bem e o cancro da mama ficou lá atrás.
Cuidem-se.
Conheça os principais sinais de alerta e fatores de risco do cancro da mama.