Inclusão como prioridade

A inclusão social e profissional de pessoas que, por força de incapacidades físicas ou psicológicas, se veem limitadas na sua atuação é um dos grandes desafios do mundo moderno – e um desafio ao qual as empresas não podem ser alheias. Decidida a ter um papel ativo em prol de uma sociedade mais inclusiva, a CUF assumiu, por isso, o compromisso de integrar no seu quadro de colaboradores um maior número de pessoas portadoras de deficiência, investindo não só no seu recrutamento, mas também na sua formação e capacitação.

Uma política totalmente em linha com os valores de base da sua cultura, como explica o Diretor de Recursos Humanos da CUF, José Luís Carvalho: “O tema da inclusão já era uma preocupação na realidade da CUF, e que já vem da cultura do Grupo José de Mello, do qual a CUF faz parte. A esta cultura juntou-se a experiência pessoal e familiar do nosso CEO, Rui Diniz, que desafiou e impulsionou um maior compromisso da CUF com a inclusão, nomeadamente através da integração da CUF no Inclusive Community Forum (ICF).”

Instituído com o fim de promover uma comunidade mais inclusiva, o ICF é uma iniciativa da NOVA School of Business and Economics (NOVA SBE) que desafia as empresas a promover a empregabilidade de pessoas com deficiência. “Esse compromisso é, depois, materializado de forma diferente pelas várias organizações, consoante as suas realidades, mas tem a grande vantagem de permitir que não olhemos para este desafio sozinhos, e sim numa plataforma integrada, com o apoio científico e académico da NOVA SBE. Permite ainda que, através da dinamização do ICF, as empresas partilhem as suas boas práticas neste desafio coletivo.”

José Luís Carvalho

Na sequência do compromisso assumido, a CUF admitiu 21 novos colaboradores portadores de deficiência desde 2019, um número especialmente significativo se tivermos em conta o contexto de instabilidade dos últimos dois anos, devido à pandemia. José Luís Carvalho reforça, contudo, que, mais do que alcançar determinadas métricas, o objetivo é promover a empregabilidade destas pessoas, incorporando os seus talentos nas funções existentes.
Há ainda que assegurar a correta integração destes colaboradores, razão pela qual a CUF não só alocou um elemento da Direção de Recursos Humanos a este tema como tem vindo a reavaliar os seus processos internos à luz desta realidade.
“Outro passo importante é a rede que estabelecemos com as instituições”, explica José Luís Carvalho. “Aqui entra uma das vantagens do ICF, mas também os contactos diretos com associações que trabalham vários tipos de deficiência e que são quem melhor consegue acompanhar os candidatos desde o recrutamento até à integração na empresa.”

Garantir a inclusão com os melhores talentos

A inclusão não pode ser vista como um processo de facilitismo, pelo que as competências e o mérito dos candidatos serão sempre fatores essenciais e indispensáveis. “A inclusão de pessoas com deficiência é como a de qualquer outra pessoa”, assegura José Luís Carvalho. “Dependendo das suas características, esta pode ter excelentes competências ou ser uma boa aquisição para uma equipa onde acrescente os seus conhecimentos e experiências.
E é claro que uma vida de superação e desafios, pela realidade que a deficiência muitas vezes encerra, pode acrescentar muito valor às equipas.” A multiplicidade de pontos de vista é ainda mais vantajosa em organizações como a CUF, onde as equipas trabalham de forma cada vez mais multidisciplinar. “Além disso, a inclusão de
alguém com deficiência ajuda a relativizar problemas menores com que muitas vezes lidamos e que tendemos a sobrevalorizar, assim como nos impele a olhar de forma diferente para a maneira como trabalhamos e interagimos. É um desenvolvimento cultural muito importante para a CUF.” Para assegurar que atrai os melhores talentos, a CUF tem vindo a desenvolver programas e parcerias que visam a formação e capacitação. “Alguns exemplos são o protocolo
com a Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger (APSA), no âmbito do qual convidamos jovens a realizar estágios na CUF, a parceria com a Escola Superior de Educação de Santarém, no sentido de receber dois formandos por ano do curso de Literacia Digital para o Mercado de Trabalho para pessoas com deficiência, ou a ligação a projetos de inclusão de pessoas com outras dificuldades além da deficiência, como o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS), que dá apoio a refugiados e migrantes.”
Embora reconheça que, não obstante as várias ações já implementadas, a área do recrutamento inclusivo permanece ainda um desafio com um longo caminho por percorrer, José Luís Carvalho reforça a crença de que se trata de uma área fundamental para a CUF, pelo impacto que pode ter na sociedade: “Quando vencemos as nossas resistências iniciais e damos oportunidade a alguém que, apesar das suas limitações, pode acrescentar muito valor à organização, somos surpreendidos pelo seu desempenho e dedicação.” E acrescenta: “Se queremos que a CUF seja mais e melhor, como dizia Alfredo da Silva, fundador da CUF, então queremos uma CUF mais inclusiva.”

“A integração tem sido muito boa”
Ana Sofia Salazar

Ana Sofia Salazar sofre de uma incapacidade auditiva, mas isso não a impede de desempenhar eficazmente a sua função como Administrativa de Estágios e Processos na CUF Academic Center. “Não sinto grandes limitações, graças à equipa que tenho e às aplicações informáticas que hoje em dia existem e que facilitam muito a execução e a comunicação entre as pessoas, quer no escritório, quer em teletrabalho”, afirma, antes de realçar que não se sente  isolada na sua condição: “O universo de pessoas surdas no Grupo CUF é considerável, o que nos faz sentir mais valorizados, integrados e acompanhados.” Licenciada em Gestão e Administração Hoteleira, Ana Sofia Salazar costumava trabalhar como coordenadora de andares num hotel de quatro estrelas, no centro de Lisboa. No entanto, devido à pandemia, o referido hotel viu-se obrigado a fechar portas e a profissional de 28 anos decidiu recorrer ao Centro de Recursos da Casa Pia de Lisboa, que atua na integração de pessoas com incapacidade auditiva, para encontrar uma oportunidade numa área diferente. Acabou por ingressar na CUF, em setembro de 2021, envolvendo-se numa experiência profissional sobre a qual, até ao momento, só tem palavras positivas. “A integração tem sido muito boa. Fui muito bem recebida e tenho uma equipa que se ajuda mutuamente”, assegura Ana Sofia Salazar, cuja rotina engloba diversas tarefas: “No dia a dia, faço a gestão de estágios que estão protocolados e a ponte entre as universidades e os hospitais e clínicas da CUF, recebendo e respondendo aos respetivos e-mails. Também faço o acompanhamento e a admissão dos alunos, assegurando as assinaturas dos gestores dos respetivos estágios. Por fim, faço a administração e controlo de toda a documentação inerente a estas e outras tarefas administrativas.” O trabalho é, para esta profissional, uma fonte de orgulho: “A melhor parte é pensar que ajudo, de alguma forma, as pessoas a conseguirem os seus estágios e a realizarem os seus objetivos.” Uma missão que se interliga, de forma perfeita, com as suas próprias convicções: “Acho fundamental que existam, nas organizações, condições para a inclusão e diversidade com respeito pela diferença, seja ela qual for. Afinal, um emprego é fundamental para a autonomia e para a qualidade de vida de qualquer pessoa.”

“Todos os dias tento ser melhor”
Inês Rocha

Inês Rocha tem uma deficiência motora que a leva a utilizar duas próteses nos membros inferiores. Em 2018, concluiu a licenciatura em Enfermagem, mas, para seu desalento, tardou a encontrar emprego na sua área. “Infelizmente, em Portugal, a taxa de desemprego das pessoas com deficiência motora é significativamente superior à média nacional”, explica, antes de confessar que chegou a sentir relutância, por parte dos recrutadores, quando mencionava a sua deficiência nas entrevistas de emprego. “As pessoas com deficiência motora não são espécies raras. Como todas as outras, querem trabalhar e ser úteis à sociedade. Eu só não tenho duas pernas, não vejo qualquer problema nisso.”

Depois de mais de um ano a procurar uma oportunidade na sua área, seguiu o conselho de uma amiga e inscreveu-se na Associação Salvador, uma instituição particular de solidariedade social que facilita a ligação entre profissionais com deficiência motora e empresas.

“Foi assim que fui a um encontro de recrutamento e, depois de várias entrevistas, tive o meu primeiro contacto com a CUF.” Hoje, trabalha como Enfermeira no Serviço de Pediatria do Hospital CUF Porto. “Desempenho funções em duas áreas: consulta e internamento. São áreas completamente diferentes, mas igualmente desafiadoras”, explica esta profissional de 28 anos, que, nas suas palavras, tem sempre encontrado estratégias para contornar as limitações de mobilidade no exercício das suas funções: “Comecei por ver como os meus colegas faziam e depois tentava adotar a posição física que eles adotavam. Tenho sempre de ter em conta que não posso fazer demasiados esforços, nem adotar posturas consideradas fáceis para qualquer pessoa, como estar de pé durante muito tempo ou colocar-me de cócoras.” Não obstante, os rostos satisfeitos das famílias, quando as crianças que acompanha recebem alta, são motivação mais do que suficiente para se continuar a adaptar. E a aprender. “Todos os dias são dias de aprendizagem e, por isso, só tenho a agradecer a compreensão de todos os profissionais que se cruzaram comigo. Todos os dias tento ser melhor. Felizmente, tenho ao meu lado uma equipa que me recebeu de braços abertos, que nunca me recusou ajuda e que me orientou desde o primeiro dia.”

lingua gestual

Sabia que

A CUF tem procurado desenvolver várias parcerias, na área da inclusão, junto das comunidades onde os seus hospitais e clínicas se encontram inseridos.

Alguns exemplos:

  • Visitas de colaboradores a instituições que trabalham com pessoas com deficiência.
  • Programas de estágios e desenvolvimento com o apoio das unidades e dos profissionais da CUF.
  • Apoio à edição em braille da revista Visão, de distribuição gratuita junto da comunidade de cegos em Portugal e nas escolas de ensino especial.

 

Fotografias de António Azevedo e Miguel Proença (4SEE)

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Publicado a 07/03/2022