Osteotomia da tíbia ou fémur

O que é?

As osteotomias da tíbia e fémur, usualmente de valgização e varização respetivamente, são cirurgias realizadas para correção de desvios de eixo dos membros inferiores, vulgarmente descritas como pernas tortas (joelhos para dentro ou para fora, também denominadas, respetivamente, como genu valgo ou varo).

 

 

Causas

A ocorrência destas deformidades originam alteração na distribuição de carga/”peso” a nível da articulação do joelho: compartimento interno no joelho varo e compartimento externo no joelho valgo. Esta sobrecarga mecânica origina um desgaste da cartilagem, que corresponde por definição à artrose associada a rotura dos meniscos. São estas roturas o fator mais importante e frequente na origem de dor sentida pelo doente.

A procura de ajuda médica é usualmente motivada pelo aparecimento desta dor aguda, muitas vezes sem um traumatismo ou esforço que o justifique. O processo degenerativo das estruturas intrarticulares submetidas a cargas mecânicas excessivas facilita a sua ocorrência.

 

Tratamento

Esta cirurgia está mais frequentemente indicada em doentes com desgaste moderado de um compartimento articular (artrose grau II a III), fisicamente ativos e de idade inferior a 65 anos.

A cirurgia consiste em dois gestos cirúrgicos: cirurgia artroscópica para tratamento das lesões intrarticulares (meniscos e cartilagem) associada a osteotomia realizada por via aberta. Este último consiste num corte ósseo planeado do fémur ou tíbia, no sentido da correção do eixo mecânico. São realizados no mesmo tempo operatório, sob anestesia loco-regional ou geral, em função da decisão do doente e do anestesista. Antes da cirurgia, terá uma Consulta de Anestesiologia, para esclarecimentos sobre a técnica anestésica e preparação da intervenção.

A nova posição óssea é mantida pela colocação de material de fixação em titânio ou aço (habitualmente titânio, permitindo a realização de ressonância magnética nuclear), que irá permitir a consolidação óssea na posição desejada. Neste período pós-operatório o apoio do membro inferior poderá estar limitado ou proibido, por motivos inerentes à cirurgia ou tratamento das lesões associadas (meniscos ou cartilagem).

As complicações cirúrgicas que podem ocorrer têm uma incidência mínima, sendo as mais frequentes a infeção, lesão vascular ou nervosa, a perda de redução do posicionamento cirúrgico obtido e a não consolidação do corte ósseo.

Depois de consolidada a osteotomia, pode ser necessário remover o material de fixação, quando provoque dor e limitação funcional por conflito com as partes moles, dada a sua localização anatómica.

 

Vantagens

A vantagem desta cirurgia reconstrutiva, em relação a uma prótese do joelho, é o facto de permitir, se não existir já uma artrose avançada, a prática desportiva com impacto, contra-Indicada nas próteses. Pode ser uma cirurgia de compromisso temporal, com a duração de 5 a 15 anos em função do desgaste/artrose, permitindo uma vida fisicamente activa durante esses anos. A taxa de sucesso deste procedimento ronda os 75% aos 10 anos. A realização desta cirurgia não impede a possibilidade de realizar uma prótese total do joelho, no futuro.