Sabe o que é a urticária aquagénica?

Doenças crónicas
Pele, unhas e cabelo
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Em casos extremos, a urticária aquagénica (ou alergia à água) impede o doente de mergulhar no verão ou de sair de casa em dias de chuva. Conheça este problema.

Uma em cada cinco pessoas sofre ao longo da vida pelo menos de alguma forma de urticária, que se traduz em erupções na pele, irritação, vermelhidão e prurido (comichão). A urticária, na maioria dos casos associada a alguma alergia, inclui um grupo denominado "urticárias físicas", em que é precisamente o contacto ou exposição da pele a fatores como o calor, o frio, substâncias químicas naturais ou artificiais - que leva à manifestação dos sintomas. No caso da urticária aquagénica, é a água, seja doce ou salgada, fria ou quente, que provoca as erupções na pele; com mais frequência manifesta-se com água fria e salgada.

Os sintomas manifestam-se normalmente 20 a 30 minutos após o contacto com a água, aparecendo a vermelhidão principalmente no tronco, braços, pernas e pescoço. Na maioria dos casos, apesar do desconforto causado, essa irritação desaparece ao fim de meia hora ou uma hora. As erupções na pele - pequenas babas ou borbulhas - e vermelhidão são os efeitos mais comuns, mas também é possível sofrer de dor de cabeça, tonturas ou dificuldade em respirar.

 

É assim tão rara esta condição?

A urticária aquagénica é uma doença muito rara. Foi descrita pela primeira vez em 1964, por Walter B. Shelley e Howard M. Rawnsley, e desde então apenas há dados de cerca de uma centena de pessoas diagnosticadas. Em Portugal, já foi identificado pelo menos um caso, em 2013, uma criança de 6 anos.

Para confirmar o diagnóstico de urticária aquagénica realizam-se testes cutâneos e também testes para excluir outras formas de urticária física, nomeadamente a irritação da pele provocada por frio, calor ou suor (colinérgica).

 

O que motiva a urticária aquagénica? É genético?

Não existe uma explicação definitiva para as causas e, apesar de haver alguns casos em mais do que uma pessoa da mesma família, também não é possível encontrar uma herança genética que provoque a urticária aquagénica. Uma das hipóteses sugere que o gatilho que despoleta a reação pode estar em células que em contacto com água libertam histamina, um potente vasodilatador e broncodilatador.

 

Sabia que...

Apesar de terem sido identificadas apenas 100 pessoas com urticária aquagénica em todo o mundo, notou-se uma maior prevalência em mulheres, tendo os primeiros sintomas surgido principalmente na altura da puberdade ou logo nos anos seguintes.

 

Há formas muito mais graves do que outras?

Na maioria dos pacientes a condição não é incapacitante e o tratamento preventivo é eficaz. Assim, os salpicos de chuva não são sinal de perigo, nem o duche habitual. No entanto, existem alguns casos mais graves de urticária aquagénica, em que o contacto com a água tem de ser ainda mais restrito utilizando-se soluções alcoólicas para a higiene frequente.

 

Que tratamentos existem?

Como noutras alergias, as estratégias terapêuticas podem incluir:

  • Medicamentos anti-histamínicos: são normalmente eficazes para as pessoas que sofrem de urticária aquagénica. A toma do medicamento algum tempo antes é o suficiente para tomarem banho e para outras atividades que envolvam água.
  • Cremes de barreira, para impedir o contacto direto da água com a pele.
  • Novos medicamentos: anticorpos monoclonais como escopolamina ou omalizumab, que bloqueiam as reações químicas que provocam as erupções.
  • Fototerapia, usada também para outras doenças de pele.

 

Mesmo nas situações graves, os tratamentos devolvem conforto e qualidade de vida aos pacientes. No entanto, algumas pessoas continuam a sentir com relativa intensidade os sintomas da urticária aquagénica, pelo que adaptam o seu estilo de vida de modo que os afaste da água causadora de sintomatologia.

Fontes:

Allergy and Asthma Network, maio de 2022

DermNet NZ, maio de 2022

National Library of Medicine - National Center for Biotechnology Information, maio de 2022

Revista SPDV, maio de 2022

WebMD, maio de 2022

Publicado a 01/08/2022
Doenças