Pressão arterial: saiba se tem os valores elevados

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Coração
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Na maioria das vezes, a pressão arterial elevada não apresenta sintomas, por isso, é necessário avaliar com regularidade os seus valores e estar atento.

A pressão arterial é a pressão ou força com que o sangue passa pelas paredes das artérias. A pressão pode subir e descer consoante o esforço físico, o estado emocional ou o estado de hidratação. O aumento da pressão arterial verifica-se habitualmente com o aumento da idade, mas também pode ser provocada por fatores hereditários, por um estilo de vida pouco saudável ou por stress. A pressão arterial elevada ou hipertensão é uma “ameaça silenciosa”, uma vez que na maioria das vezes não existem sintomas que indiquem que os seus valores estão acima dos considerados saudáveis.

A pressão arterial elevada é bastante perigosa para a saúde, principalmente quando não é detetada, sendo o principal fator de risco para acidentes vasculares cerebrais (AVC) e doenças cardíacas.

Mas o que é, ao certo, a pressão arterial elevada? Como é possível diagnosticá-la se, geralmente, não apresenta sintomas? Conheça aqui a resposta a estas questões e saiba também o que fazer para baixar a pressão alta rapidamente durante um episódio de subida súbita.

 

O que é a pressão arterial?

A pressão arterial é, de um modo muito simples, a medição da pressão ou da força com que o sangue passa pelas paredes das artérias, e consiste em dois valores:

  • Sistólica (ou máxima): aparece em primeiro lugar, representando a força com que o coração se contrai e ”empurra” o sangue para as artérias;
  • Diastólica (ou mínima): é o segundo valor e indica a pressão medida quando o coração relaxa entre um batimento cardíaco e outro.


Quando a pressão arterial está muito elevada, significa que o sangue circula exercendo pressão excessiva nas artérias e, por isso, o coração tem de fazer mais esforço que o normal.

 

Mitos e pressão arterial elevada

Muitas vezes, quando se fala em pressão arterial elevada pensa-se em sintomas como:

  • Nervosismo;
  • Transpiração;
  • Dificuldades em dormir;
  • Rubor facial.

 

Estas associações podem por vezes sentir-se, mas, na verdade, a tensão arterial elevada é geralmente assintomática, não existindo alertas muito concretos de que os valores possam estar alterados.

Por outro lado, os danos provocados no organismo pela pressão arterial elevada ao longo dos anos acabam por provocar sintomas que incluem:

  • Dores de cabeça;
  • Tonturas;
  • Zumbidos.

 

Estar atento é a melhor forma de diagnóstico

Ao conhecer os seus níveis habituais de pressão arterial, terá maior facilidade em identificar se os valores estão elevados e fora dos intervalos saudáveis. A medição da pressão arterial deve ser feita pelo menos uma vez por ano, mas existem situações que requerem maior frequência, de acordo com o estipulado pelo seu médico assistente.

 

Medir em casa também é importante

Para fazer o controlo em casa, adquira um aparelho automático de medição da pressão arterial - embora esta medição não substitua as que são feitas pelos profissionais de saúde, é um bom complemento para o seu médico assistente fazer uma correta avaliação dos seus níveis e determinar se apresentam variações. Por vezes, os valores que o médico obtém não refletem inteiramente a realidade do seu dia a dia: durante a consulta, poderá sentir-se ansioso e os seus níveis podem subir, mas voltar a descer quando regressa à sua vida normal; também pode ocorrer o oposto, um problema chamado de “hipertensão arterial mascarada”. Se o seu risco de doença cardíaca ou de AVC é elevado, é muito importante fazer este diagnóstico, pelo que o seu médico assistente poderá pedir-lhe que faça a medição em casa.

A automedição da pressão arterial e a monitorização ambulatória (MAPA) são fundamentais para um diagnóstico preciso e para o acompanhamento em casos de risco acrescido. Estas técnicas permitem detetar fenómenos como a hipertensão mascarada ou a síndrome da “bata branca”, elevada apenas em ambiente de consultório, ou variações diurnas e noturnas, permitindo um registo com precisão dos valores de pressão arterial.

 

Como fazer uma medição correta em casa

Para se assegurar de que os valores que obtém com as medições em casa são fidedignos, deve colocar em prática antes e durante a medição da pressão arterial:

  • Não fume ou consuma cafeína (café, chá, cola e algumas bebidas desportivas) nos 30 minutos anteriores;
  • Não faça a medição quando estiver perturbado ou com alguma dor;
  • Sente-se tranquilamente com os pés bem apoiados no chão e com as costas encostadas contra uma superfície firme, pelo menos, cinco minutos antes e durante o procedimento;
  • Use sempre o mesmo braço, removendo peças de roupa apertada ou grossa;
  • Coloque a braçadeira 3 cm acima do cotovelo sobre a pele, sendo que devem caber dois dedos entre esta e o braço;
  • Pouse o braço numa superfície firme, como uma mesa, mantendo a braçadeira ao nível do coração;
  • Não fale ou veja televisão durante a medição;
  • Anote os valores;
  • Se o resultado for muito elevado, faça pelo menos mais duas medições em dias separados para verificar se se mantém;
  • Na próxima consulta, leve o registo das suas medições e mostre-o ao seu médico assistente.

 

Como baixar a pressão arterial

Caso os valores da pressão arterial estejam recorrentemente elevados em várias medições, é necessário controlar e reverter o problema. Estabilizar consistentemente a pressão elevada requer habitualmente alterações no estilo de vida, tais como:

  • Reduzir o consumo de sal para menos de 5 g por dia;
  • Praticar exercício físico regularmente, entre 150 e 300 minutos por semana, de intensidade moderada consoante a capacidade do doente;
  • Em caso de excesso de peso: perder peso e controlar o perímetro abdominal;
  • Preferir uma dieta composta por vegetais, fruta, leguminosas, frutos secos e óleos vegetais, limitando gorduras animais e produtos processados;
  • Limitar o consumo de álcool;
  • Deixar de fumar ou procurar apoio para cessação tabágica;
  • Melhorar estratégias de gestão do stress e garantir um sono adequado de sete a nove horas por noite.

 

Trata-se de um plano a médio prazo para melhorar a pressão arterial que, em caso de necessidade, deve ser completado com medicação. A escolha do tratamento é feita pelo médico, de acordo com o perfil e necessidades do paciente, e é ajustada ao longo do tempo para garantir eficácia e segurança.

 

Atenção!

É importante consultar um médico caso tenha a pressão alta em várias medições no domicílio ou na farmácia.

 

O que fazer para baixar imediatamente a pressão alta?

Numa situação repentina de subida da pressão arterial, existem algumas ações que num adulto saudável podem ajudar a baixá-la, principalmente quando a sua causa é conhecida e se pode lidar rapidamente com a situação, como num caso associado a stress:

  • Respirar lenta e profundamente, ou usar técnicas de respiração, como a do quadrado: inspirar lentamente pelo nariz durante quatro segundos, suster a respiração outros quatro segundos, expirar pela boca novamente por quatro segundos, e voltar a suster durante o mesmo tempo;
  • Praticar meditação para relaxar, o que abranda o ritmo cardíaco, reduzindo também a pressão arterial;
  • Beber um copo de água. A hidratação ajuda o coração a bombear o sangue. Sumos como o de romã ou o de tomate também ajudam a estabilizar a pressão sanguínea, devido a compostos como licopeno e potássio;
  • Tentar relaxar com pouco ruído e iluminação.

 

É caso para ir ao hospital quando...

No caso de uma crise hipertensiva, quando os valores são iguais ou superiores a 180/120 mm Hg e sobretudo se associados a dores de cabeça, dor no peito, sangramento nasal ou desconforto inesperado, contacte um serviço médico de emergência.

 

Atualizado a 11/11/2025

Fontes:

American Heart Association, junho de 2019

Direção-Geral da Saúde, novembro de 2025

European Journal of Internal Medicine, setembro de 2025

Heart and Stroke Foundation, junho de 2019

National Council on Aging, setembro de 2025

SNS24, setembro de 2025

Sociedade Portuguesa de Hipertensão, novembro de 2025

Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, novembro de 2025

University of Utah Health, setembro de 2025

Publicado a 10/10/2019