O que é a agenesia dentária?

Saúde oral
5 mins leitura

A agenesia dentária consiste na ausência congénita de dentes permanentes. Saiba como é feito o diagnóstico, quem tem maior risco e que tratamentos existem.

A agenesia dentária (ou hipodontia) é a anomalia mais comum da dentição permanente e consiste na ausência congénita de dentes permanentes - ou seja, é um problema com o qual a pessoa já nasce.

 

A prevalência da agenesia dentária varia de continente para continente. Na Europa, afeta 4,6% dos homens e 6,3% das mulheres.

 

Tipos de agenesia dentária

A agenesia é a falta de pelo menos um dente, excluindo os terceiros molares (sisos).

 

Existem dois tipos de agenesia dentária:

  • Oligodontia: refere-se à falta de seis ou mais dentes, excluindo terceiros molares.
  • Anodontia: corresponde à ausência total de dentes permanentes.

 

A agenesia dentária pode ocorrer associada a dezenas de síndromes e anomalias craniofaciais, sendo as mais comuns a Síndrome de Down, displasia ectodérmica e fenda labiopalatina. Ainda assim, a forma mais frequente de agenesia é não sindrómica e afeta um número reduzido de dentes.

 

Em 48% dos doentes com agenesia, há apenas um dente em falta. Em 35% dos casos, há falta de dois dentes. Só os restantes 17% dos doentes com agenesia são afetados em três ou mais dentes.

 

Como é feito o diagnóstico?

A permanência de um dente decíduo (dente de leite) em boca de forma prolongada leva a crer que o dente definitivo que deveria dar-lhe lugar pode estar mal-posicionado ou não existe. Com um exame radiográfico é possível fazer esse diagnóstico.

 

Os molares definitivos erupcionam atrás da dentição decídua. Assim, a agenesia de um molar não tem manifestações na dentição de leite.

 

Sendo que os dentes definitivos começam a erupcionar por volta dos 6 anos, é a partir dessa altura que podem ser identificados os primeiros sinais.

 

Os sintomas da agenesia dentária

Doentes com agenesia dentária tendem a ter uma mordida mais profunda. Além disso, o dente que deveria ter contacto com o dente em falta tende a apresentar-se em sobre-erupção (isto é, mais saído da gengiva), consequência de o seu trajeto não ter sido intercetado por este contacto.

 

Há dentes que são mais afetados pela agenesia dentária, mas não se conhece ainda a causa. Os dentes mais afetados por este problema são:

  • Segundos pré-molares inferiores
  • Incisivos laterais superiores
  • Segundos pré-molares superiores
  • Incisivos centrais inferiores

 

Há duas associações frequentes em casos de agenesia dentária:

  1. Falta de incisivos laterais e segundos pré-molares superiores bilateralmente.
  2. Falta de incisivos centrais e segundos pré-molares inferiores bilateralmente.

 

Quais são as causas deste problema?

A falha na formação inicial do germen dentário (conjunto de células que dá origem ao dente) leva à ausência permanente do dente. As causas para este acontecimento são multifatoriais, envolvendo regulação genética e fatores ambientais. Consideramos fatores ambientais tudo o que afeta o ambiente em que o dente é formado, tais como:

  • Ocorrência de trauma
  • Presença de uma infeção
  • Ação de toxinas que podem levar à ocorrência de agenesia
  • Tratamentos de radio e quimioterapia na infância

 

As próprias condições intrauterinas podem estar envolvidas na etiologia da agenesia. Durante a gravidez, a ocorrência de uma infeção por rubéola ou o alcoolismo podem ser causadores deste problema.

 

A agenesia dentária é mais frequente em mulheres.

 

Uma etiologia de agenesia familiar carece ainda de explicação científica, embora se saiba que há uma herança multifatorial que inclui mutações em genes específicos.

 

Possíveis complicações

A agenesia dentária contribui para uma oclusão (mordida) imperfeita e está frequentemente associada a vários problemas noutros dentes:

  • Atraso no desenvolvimento
  • Erupção ectópica (erupção de um dente numa posição diferente daquela que seria suposto)
  • Redução da dimensão e morfologia dos dentes
  • Raízes curtas
  • Taurodontia (problema no desenvolvimento do dente, caracterizado por uma coroa longa, câmara pulpar grande e raízes pequenas)
  • Hipoplasia de esmalte (doença que pode provocar sensibilidade dentária)

 

Nos dentes adjacentes, verifica-se um atraso no desenvolvimento de cerca de seis meses e no sexo feminino existe uma associação entre o número de dentes em falta e a severidade do atraso.

 

O impacto da agenesia dentária

A agenesia pode ter um impacto negativo na qualidade de vida do doente. As queixas mais frequentes são a existência de espaços entre os dentes, desagrado com a aparência estética e a consciência da falta de dentes. Um diagnóstico tardio do problema pode ter impacto no desenvolvimento social e educativo destes doentes.

 

A agenesia dentária contribui também para uma maior dificuldade em mastigar.

 

Em que consiste o tratamento?

O tratamento de situações de agenesia dentária pode ser demorado e carece de um planeamento rigoroso. A reabilitação destes casos deve ser cuidadosamente avaliada por uma equipa multidisciplinar e especializada.

 

Restaurar o espaço provocado pelo(s) dente(s) em falta tem como primeiro desafio a posição incorreta dos dentes adjacentes. Por isso, é frequente que o tratamento comece pela utilização de um aparelho ou alinhador ortodôntico. Nos casos de agenesia do segundo pré-molar inferior, a melhor altura para iniciar este tratamento é no início da adolescência.

 

Nos casos em que a ortodontia não é suficiente para fechar os espaços existentes na dentição e garantir um resultado funcional e estético adequado, pode ser necessário acrescentar os dentes em falta à dentição. Para isso, poderá estar indicada a colocação de implantes dentários e coroas.

 

Cuidados a ter no dia a dia

Estando a hipodontia associada a uma posição inadequada de outros dentes, é possível que haja dentes apinhados ou espaços onde há maior acumulação de restos alimentares. Por esta razão, além dos cuidados de higiene oral normais, os doentes com agenesia dentária devem ser ainda mais rigorosos na limpeza interdentária, através do uso de fio dentário e/ou escovilhão.

Publicado a 24/08/2021