Ir ao médico na adolescência

Prevenção e bem-estar
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A morbilidade e mortalidade nos adolescentes estão em grande parte relacionadas com condições de saúde preveníveis.

Como nesta faixa etária se podem formar hábitos para toda a vida, é um momento crítico para implementar a promoção da saúde e estratégias preventivas. É importante tanto reduzir potenciais comportamentos de risco para a saúde, quanto reforçar comportamentos saudáveis.

Sendo o principal objetivo dos serviços de saúde, promover a saúde física e mental, e apoiar o crescimento e desenvolvimento físico, psicológico e social saudáveis do adolescente, são fundamentais os cuidados preventivos e a realização de rastreios de saúde periódicos aos adolescentes.

O programa nacional de saúde infantil e juvenil, recomenda a realização de consultas de vigilância (por rotina) a adolescentes, aos 10 anos, entre os 12 e os 13, e entre os 15 e os 18 anos de idade. No entanto existem muitas associações internacionais que recomendam que as consultas tenham uma periodicidade anual. Em qualquer caso, é fundamental assegurar acessibilidade à consulta, e a frequência das consultas deve ser adaptada a eventuais circunstâncias especiais de cada adolescente.

 

Consulta de vigilância

A consulta de vigilância do adolescente engloba várias vertentes, nomeadamente, a entrevista médica, a observação do adolescente, a realização de rastreios e atualização de vacinas. Na consulta é fundamental assegurar privacidade e confidencialidade, permitindo o atendimento do adolescente a sós.

Para obter informações para avaliação da saúde de adolescentes é realizada uma entrevista durante o exame de rotina. A entrevista pessoal pode ser complementada com questionários que podem também servir como meio de triagem inicial.

Os modelos de entrevista utilizados, são úteis para obter informações do perfil psicossocial do adolescente. Incluem temas relacionados com o lar e relações intra-familiares, escola ou profissão, atividades extra-escolares e amigos, consumo de tabaco, álcool e drogas, relações íntimas, suicídio e depressão, abuso sexual, e acidentes.

A informação (ou história) do adolescente deve também incluir: Histórico médico anterior - doenças e infeções na infância; internamentos e cirurgias, lesões significativas ou deficiências; medicamentos; alergias; vacinas; desenvolvimento antes e saúde mental; Histórico da família - estado de saúde e idade dos membros da família; doenças físicas ou mentais significativas; Revisão de problemas atuais relacionados com os vários orgãos ou sistemas, por exemplo se há queixas menstruais, queixas respiratórias, dor abdominal, dor de cabeça, etc; Hábitos alimentares, de atividade física, de sono e de saúde oral.

Durante a observação ou exame físico do adolescente, deve ser respeitada a sua intimidade e privacidade. Deve incluir: Altura, peso, frequência cardíaca, tensão arterial, grau de maturidade sexual; Exame geral completo - incluindo pele, dentes, garganta e pescoço, cardiopulmonar, abdominal, músculo-esquelético, exame de mama, neurológico e genitais.

O exame físico pode fornecer uma oportunidade adicional de comunicação e educação do adolescente acerca das mudanças do seu corpo, permitindo reforçar a sua normalidade. Por vezes, a verdadeira queixa principal (e motivo da consulta), que o adolescente não referiu anteriormente, é divulgada durante o exame físico.

Para rastreio de problemas específicos do adolescente, são necessários alguns exames laboratoriais. Podem incluir: Hemoglobina (deve ser realizado por rotina), vitamina D, colesterol, triglicéridos, pesquisa de infeções sexualmente transmissíveis, citologia para rastreio de cancro do colo do útero.

No fim da consulta, após recolha completa da informação e realização do exame físico, o médico deve fazer um breve resumo do(s) problema(s) encontrados, e trabalhar em conjunto com o adolescente, sobre um plano de atuação ou necessidade de realização de algum tratamento. As questões que devem ser discutidas com a família também devem ser abordadas neste momento. Os recursos necessários e disponíveis devem ser discutidos e deve ser combinado um follow-up de acordo com as necessidades. O adolescente também deve ter tempo para fazer perguntas finais. Nem sempre é possível completar todos os passos ou obter toda a informação necessária numa só consulta, sendo importante garantir ao adolescente acessibilidade para o seguimento.

 

Acompanhamento dos pais

Embora a maior parte da consulta de adolescentes possa ser passada com o adolescente sozinho, os pais, na maioria dos casos, são incluídos a determinada altura, e são discutidas também as suas preocupações. Isto pode ser, no início, no final ou em ambas as alturas da consulta, dependendo da idade do adolescente e a complexidade do problema. Geralmente no final da consulta, o médico resume os resultados (após acordo com o adolescente) que são discutidos com os pais.

Também pode ser importante questionar o adolescente se prefere a presença dos pais durante toda a consulta. Alguns adolescentes mais jovens preferem a presença dos pais. Mas os adolescentes mais velhos na maioria das vezes preferem não ter os pais presentes durante a consulta.

Publicado a 12/02/2019
Doenças