Antidepressivos: para que servem e como atuam

Cérebro e saúde mental
5 mins leitura

Os antidepressivos são medicamentos usados no tratamento da depressão, mas também de outras condições psicológicas.

Os antidepressivos são dos medicamentos mais utilizados para tratar a depressão. Estes fármacos ajudam a reduzir os sintomas da doença, como a tristeza, a angústia, a falta de energia, concentração e interesse, as alterações de sono e de apetite e os pensamentos negativos, normalizando o humor. Também podem ser utilizados no tratamento de outras condições do foro psicológico, como o distúrbio obsessivo-compulsivo, a ansiedade ou perturbação de stress pós-traumático. Por vezes, os antidepressivos também podem ajudar a tratar a insónia e a dor crónica.

Ao contrário dos psico-estimulantes, os antidepressivos não causam dependência, uma vez que não fazem efeito quando o estado de humor é normal e a sua ação terapêutica resulta do reequilíbrio da perturbação depressiva.

 

Como é que os antidepressivos atuam?

Os antidepressivos atuam no sistema nervoso central, alterando e corrigindo a transmissão neuroquímica nas áreas do cérebro que regulam o humor. Os antidepressivos aumentam os níveis de neurotransmissores, como a serotonina e a noradrenalina, que estão relacionados com as emoções e o humor. O tempo de início de ação dos medicamentos é relativamente lento e os pacientes podem começar a sentir os efeitos positivos ao fim de cerca de duas semanas.

Contudo, é importante ressalvar que este tipo de fármaco ajuda a tratar os sintomas da depressão, mas não as suas causas. Por esse motivo, o tratamento habitualmente inclui a combinação de antidepressivos com outras terapias.

 

Que tipos de antidepressivos existem?

Existem vários tipos de antidepressivos, que atuam de formas diferentes, e têm também efeitos secundários distintos. Estes são, geralmente, divididos nos seguintes grupos:

  • Inibidores seletivos da recaptação de serotonina: são o tipo de antidepressivo mais comummente prescrito, uma vez que causam menos efeitos secundários.
  • Inibidores da recaptação de serotonina e norepinefrina: funcionam de uma forma semelhante aos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, mas tendem a ser mais eficazes.
  • Antidepressivos tricíclicos: são recomendados em casos muito específicos, uma vez que causam mais efeitos colaterais do que os dois tipos de antidepressivos anteriores. São sobretudo utilizados no tratamento da depressão profunda e também no tratamento de outras condições psicológicas como o distúrbio obsessivo-compulsivo e a bipolaridade.
  • Noradrenalina e antidepressivos serotoninérgicos específicos: são utilizados quando o paciente não pode tomar inibidores seletivos da recaptação de serotonina.

 

Encontrar o antidepressivo certo

Uma vez que existe uma grande variedade de antidepressivos, que atuam de formas diferentes, a escolha do medicamento certo, por parte do médico psiquiatra, deve ter em conta alguns critérios, incluindo:

  • Os sintomas do paciente
  • Possíveis efeitos secundários
  • O facto de já ter sido usado no passado pelo paciente e ter sido eficaz
  • Condições de saúde, como gravidez e amamentação
  • Condições de saúde coexistentes crónicas como doença cardiovascular e diabetes.

 

As pessoas não reagem todas da mesma forma aos mesmos tipos de antidepressivos. Por isso, pode ser necessário utilizar-se vários fármacos até se encontrar o que melhor se adequa ao paciente.

 

Os antidepressivos são sempre eficazes?

Os antidepressivos tendem a ser eficazes em pacientes com depressão moderada a severa. Contudo, há situações em que o paciente poderá ter de associar os antidepressivos com outros fármacos que potenciam os seus efeitos. Em situações em que existe uma doença física ou abuso de álcool ou drogas, os antidepressivos podem não ser tão eficazes sobre os sintomas da depressão.

 

Possíveis efeitos secundários

Como qualquer outro medicamento, também os antidepressivos podem causar efeitos secundários. Estes diferem consoante o tipo de antidepressivo e podem incluir:

  • Sentimentos de ansiedade
  • Indigestão, náuseas ou dor de estômago
  • Diarreia ou obstipação
  • Perda de apetite
  • Boca seca
  • Tonturas
  • Insónia
  • Dores de cabeça
  • Visão desfocada
  • Disfunção sexual
  • Aumento de peso
  • Arritmia e taquicardia

 

Os antidepressivos têm também alguns riscos para a saúde, já que podem causar doenças, como síndrome serotoninérgica (quando os níveis de serotonina no cérebro são demasiado elevados), hiponatremia (quebra repentina dos níveis de sódio) ou diabetes.

Raramente, alguns pacientes podem desenvolver pensamentos suicidas quando começam a tomar antidepressivos.

 

Parar a toma de antidepressivos

A toma de antidepressivos não deve ser subitamente interrompida. Parar o tratamento mais cedo do que o recomendado faz com que a medicação não tenha tempo de atuar e pode causar o reaparecimento da depressão, além de sintomas de abstinência, como:

  • Problemas de estômago
  • Sintomas semelhantes à gripe
  • Ansiedade
  • Tonturas
  • Convulsões

 

Atenção: a interrupção do tratamento deve ser decidida pelo médico e feita de forma gradual, reduzindo-se a dose ao longo de algumas semanas.

 

O que acontece se tomar doses a mais ou a menos de antidepressivos?

Tomar as doses tal como recomendadas pelo médico é fundamental para a eficácia do tratamento. Se o paciente se esquecer de tomar uma dose, deve fazê-lo logo que possível, a não ser que já esteja perto da hora de tomar a dose seguinte. Não se deve nunca tomar doses duplas para compensar a que se falhou. No caso de tomar uma dose a mais, o paciente deve contactar o médico assistente ou os serviços de urgência.

Fontes:

American Psychiatric Association, novembro de 2022

Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, novembro de 2022

Mayo Clinic, novembro de 2022

Medical News Today, novembro de 2022

NHS, novembro de 2022

NHS Inform, novembro de 2022

Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental, novembro de 2022

Publicado a 21/03/2023