O que é?

A obesidade é uma doença crónica e complexa, com uma prevalência crescente em todo o mundo e considerada pela Organização Mundial de Saúde como a epidemia global do século XXI.

O estudo Cosi, realizado em Portugal em 2008/2009, envolvendo crianças do 1º ciclo do ensino básico, detetou excesso de peso em 32%, com 14% de obesidade. Em 2012, o estudo EPACI, com crianças nos três primeiros anos de vida, encontrou cerca de 32% de crianças com excesso de peso e 6,4% com obesidade, logo aos 12 meses de vida. Esta elevada prevalência em Portugal e em idades tão precoces, tem sido alvo de atenção por parte dos profissionais de saúde, da educação e da sociedade em geral.

Sintomas

Infelizmente as complicações da obesidade surgem em idades muito precoces, sendo as mais frequentes a dislipidémia (aumento do colesterol e/ou dos triglicéridos), a hipertensão arterial, a intolerância à glicose com posterior evolução para diabetes tipo 2 (anteriormente esta patologia era rara em idade pediátrica), os problemas do sono, os problemas ortopédicos e, os muito preocupantes problemas psicossociais (sendo muitas vezes estas crianças vítimas de bullying). Muitas destas complicações são importantes fatores de risco cardiovascular, com um impacto negativo na saúde e risco de morte prematura.

 

Causas

Sabe-se que a obesidade resulta da acumulação excessiva de gordura por sucessivos balanços energéticos positivos, ou seja, a quantidade de calorias ingeridas é superior à quantidade despendida. Para tal contribuem não apenas os fatores genéticos, metabólicos e comportamentais, mas também os fatores ambientais (sociais e culturais).

 

Diagnóstico

Para saber se uma criança/adolescente é obesa é necessário avaliar o seu peso e a sua altura, para determinar o Índice de Massa Corporal (IMC). Com o IMC podemos verificar se existe um excesso de peso ou obesidade, mediante a utilização de tabelas apropriadas para a idade e sexo.

Tratamento

Quando instalada a obesidade, a resolução desta situação tem de passar pela reeducação alimentar e pela prática de mais exercício físico. A terapêutica farmacológica ou cirúrgica deverá ser considerada apenas em casos muito particulares.

 As crianças com excesso de peso/obesidade deverão, em primeiro lugar, ser identificadas e avaliadas pelo pediatra ou médico assistente. No entanto, se a obesidade persistir, deverão ser referenciadas a uma Consulta de Obesidade Infantil ou a uma Consulta de Endocrinologia Pediátrica, onde são estabelecidos objetivos (alimentares, exercício físico) adequados a cada criança, com apoio de equipa multidisciplinar (nutricionista, psicólogo).

Fontes

Ana Cristina Monteiro

Endocrinologista Pediátrica, Hospital CUF Descobertas