Sarampo
O que é?
O sarampo é uma das infeções virais mais contagiosas, podendo evoluir com gravidade. Transmite-se quando uma pessoa inala micro gotas que se encontram em suspensão no ar depois de terem sido expelidas por um indivíduo infetado.
Uma pessoa com sarampo é contagiosa entre dois a quatro dias antes que a erupção apareça e continua a sê-lo até ao seu desaparecimento. É quase sempre uma doença benigna embora, em alguns casos, possa ser grave ou mesmo fatal. As pessoas não vacinadas e que nunca tiveram contacto com o vírus têm uma elevada probabilidade de contrair a doença.
Sendo a transmissão desta doença exclusivamente inter-humana, e porque existe uma vacina eficaz largamente aplicada pelo mundo, é possível erradicar o sarampo.
Nesta perspetiva, a Organização Mundial da Saúde definiu o ano de 2007 como meta para a sua eliminação na Europa. Todavia, a adesão a movimentos anti-vacinas e a migração de populações não vacinadas fez gorar esta previsão. A Organização Mundial da Saúde divulgou um comunicado, em março de 2017, em que alertou para o agravamento da situação do sarampo em vários países da Europa. A ocorrência de surtos de sarampo em alguns países europeus, devido à existência de comunidades não vacinadas, colocou Portugal em elevado risco.
Portugal conseguiu o estatuto de eliminação do sarampo e da rubéola em 2017, mas ainda enfrenta desafios para manter essa conquista, como a vigilância de casos importados.
Para manter a proteção da comunidade e evitar a disseminação da doença, é fundamental que a taxa de vacinação seja alta, atingindo níveis que garantam a imunidade de grupo (95-98%).
Em 2025 identificou-se um surto de sarampo na região Norte do país, tendo sido confirmados 105 casos, sendo que 104 dizem respeito a adultos não vacinados ou com esquema vacinal incompleto.
Não há razões para temer uma epidemia de grande magnitude, uma vez que a larga maioria das pessoas está protegida porque foi vacinada ou teve anteriormente a doença.
A vacinação é a principal medida de prevenção contra esta doença e em Portugal esta é gratuita.
O Programa Nacional de Vacinação recomenda a vacinação com duas doses, aos 12 meses e aos 5 anos de idade.
Uma mulher que tenha tido sarampo ou que tenha sido vacinada transmite essa proteção ao seu filho e ela dura quase todo o primeiro ano de vida. Depois desse tempo, a suscetibilidade ao vírus é alta. No entanto, a primeira infeção protege a pessoa para o resto da vida.
Sintomas do sarampo
Os sintomas iniciais do sarampo são:
- Febre
- Congestão nasal
- Irritação na garganta
- Tosse seca
- Vermelhidão dos olhos
Após dois a quatro dias surgem minúsculas manchas brancas (manchas de Koplik) na boca, nem sempre detetáveis. Ao fim de três a cinco dias, o sarampo causa uma erupção na pele associada a comichão ligeira, sobretudo nas orelhas e no pescoço, com um aspeto de superfícies irregulares, planas e vermelhas que rapidamente se vão espalhando no sentido da cabeça para os pés. Após um ou dois dias, essa erupção espalha-se para o tronco, braços e pernas, e começa a desaparecer do rosto. No pico da doença, o paciente sente-se muito prostrado, a erupção é extensa e a febre pode ultrapassar os 40ºC. Ao fim de três ou cinco dias, a temperatura diminui, os sintomas aliviam e as manchas restantes desaparecem rapidamente.
Causas
O vírus que causa o sarampo é o Morbillivirus. O Homem é o único hospedeiro deste vírus, que é transmitido pela propagação de gotículas ou por contacto com as secreções do nariz e garganta de pessoas infetadas (tosse e espirros). A transmissão por via indireta é difícil devido à fraca sobrevivência do vírus fora do hospedeiro.
O tempo de incubação do sarampo é de oito a 14 dias. Assim, é possível ser-se portador do vírus sem o saber. O contágio ocorre aproximadamente seis dias antes e quatro dias depois do aparecimento das primeiras manchas avermelhadas na pele.
Mesmo em crianças saudáveis, o sarampo pode ser grave. Pode complicar-se com infeções bacterianas, como uma pneumonia (sobretudo nos bebés), ou com uma infeção no ouvido médio. Raramente, o número de plaquetas no sangue pode diminuir, surgindo hematomas e hemorragias.
A infeção cerebral (encefalite) é a complicação grave que ocorre em cerca de um em cada mil ou dois mil casos, causando febre alta, convulsões e coma, normalmente entre dois dias e três semanas depois de a erupção ter aparecido. Esta encefalite pode ser breve, recuperando ao fim de aproximadamente uma semana, mas também pode causar danos cerebrais irreversíveis ou até a morte. Uma forma de encefalite pós sarampo, denominada panencefalite esclerosante subaguda, pode surgir anos depois da infecção aguda.
Diagnóstico
O diagnóstico do sarampo baseia-se nos sintomas típicos e na erupção cutânea. Não se fazem exames especiais, a não ser em casos de dúvida, nos quais se pode recorrer a estudos laboratoriais.
Tratamento do sarampo
Não existem medicamentos específicos para tratar o sarampo. O objetivo do tratamento é proporcionar conforto e alívio até os sintomas desaparecerem, o que demora cerca de duas a três semanas. Assim, é importante controlar a febre e as dores musculares, recorrendo a acetaminofeno, paracetamol ou ibuprofeno, estar em repouso, ingerir muitos líquidos, usar humidificadores para alívio da tosse e tomar suplementos de vitamina A. Se surgir uma infeção bacteriana secundária, deve ser prescrito um antibiótico.
Prevenção do sarampo
A vacina é uma das imunizações que se aplicam sistematicamente na infância, geralmente em conjunto com a papeira e rubéola. Esta é administrada no músculo da coxa ou na parte superior do braço. Presentemente, recomenda-se a primeira dose aos 12 meses e a segunda aos cinco anos, antes da escolaridade obrigatória.
(informação atualizada a 22/04/2025)
Manual Merck online, 2013
Programa Nacional de Eliminação do Sarampo, Norma da Direcção Geral da Saúde, Abril de 2013.
World Health Organization, 2013
Healthline Networks, 2014