Talas utilizadas no tratamento da displasia da anca no bebé

Bebés e crianças
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A displasia da anca pode afetar 1 a 10 bebés em cada 1000. Conheça as diferenças entre a tala de Pavlik e a tala de Koszla, duas das opções de tratamento.

O tratamento da displasia da anca (Displasia de Desenvolvimento da Anca ou Doença Displásica da Anca - DDA) é maioritariamente conservador - ou seja, não invasivo. As talas (ou ortóteses) mais usadas para o efeito são a tala de Pavlik e a tala de abdução de Koszla. Conheça as diferenças entre estes tipos de tala e o seu papel no tratamento da displasia da anca no bebé.

 

O que é a displasia da anca no bebé?

A Doença Displásica da Anca é uma patologia com um espectro clínico que pode ir desde a displasia acetabular ligeira (encaixe da anca menos desenvolvido ou mais aberto que o desejável) à luxação da anca (anca fora da sua posição habitual).

A sua incidência é altamente variável - entre 1 a 10 casos por cada 1000 nascimentos por ano - e depende bastante da sua definição e dos métodos de rastreio utilizados.

A suspeição diagnóstica surge pelos fatores de risco, pelo exame físico e pelos exames realizados (ecografia ou raio-X).

Depois de estabelecido o diagnóstico e sua gravidade no espectro clínico, a opção de tratamento inicial passa geralmente por uma ortótese que mantenha os membros inferiores em flexão e abdução, com a anca posicionada corretamente no seu encaixe (o acetábulo).

 

Quais são as talas utilizadas para tratamento da displasia da anca?

 

Tala de Pavlik

A tala de Pavlik é a ortótese mais frequentemente usada a nível mundial para o tratamento da Doença Displásica da Anca. Esta tala com fitas foi desenvolvida nos anos 40 do século XX por Arnold Pavlik, com o objetivo de manter uma redução concêntrica e adequada das ancas o mais precocemente possível, mantendo algum movimento ativo nesta articulação.

Consiste num aparelho com fitas, que segura os pés, mantendo os membros inferiores na flexão que for pretendida, e com uma abdução ligeira (abertura das ancas).

É um tipo de imobilização que permite alguma mobilidade da anca e está mais adequada às ancas mais estáveis ou sem luxação, uma vez que não estabiliza as ancas em abdução.

Não está recomendada a utilização desta ortótese em lactentes com ancas luxadas com mais de 3 meses de idade.

A taxa de sucesso do tratamento com esta tala é geralmente superior a 75%.

 

Tala de Koszla

A tala de Koszla é uma ortótese de abdução desenvolvida nos anos 60 do século passado, em que a distância de abertura das ancas é regulável através de uma barra rígida moldável.

É frequentemente usada como primeira opção em detrimento da tala de Pavlik, e poderá, em alguns casos, conseguir uma estabilidade adicional em determinadas ancas instáveis.

Esta ortótese, mais estática, rígida em abdução, pode ser considerada para tratamento em alguns pacientes com história de tratamento falhado por tala de Pavlik.

 

Existem outras talas de abdução rígidas, que são geralmente usadas em fases posteriores do tratamento, quando já existe uma estabilidade razoável da anca. O objetivo será o tratamento de uma displasia residual, de uma forma mais prolongada e menos agressiva.

 

Como é feito o tratamento da displasia da anca com talas?

As ortóteses para o tratamento da Displasia de Desenvolvimento da Anca usam-se, na maioria dos casos, durante 6 a 12 semanas, e têm por objetivo manter a anca na sua posição correta, com os membros inferiores em flexão e abdução, de forma a permitir um melhor e mais rápido desenvolvimento da anca.

Depois de iniciado o tratamento com tala, a posição das ancas deve ser controlada num espaço de 3-4 semanas, por ecografia ou raio-X, para confirmar a correta posição das ancas.

No final do tratamento, estando a anca estável e o acetábulo com uma evolução adequada, o tratamento pode ser suspenso de forma imediata ou de forma mais gradual.

Quando o tratamento conservador com tala se mostra incapaz de posicionar de forma correta a anca, o tratamento passa para o campo cirúrgico, no bloco operatório. A opção seguinte pode ir desde a manipulação da anca sob sedação, com ou sem secção tendinosa, seguida por imobilização gessada, até à redução cirúrgica da anca, nos casos mais complexos.

Publicado a 17/02/2023
Doenças