COVID-19: Explicar às crianças os cuidados a ter

Bebés e crianças
COVID-19
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Em tempo de pandemia, é importante dar a conhecer às crianças todas as precauções que devem ter para se proteger a si e também aos outros, sobretudo os avós.

Explicar às crianças o que é o coronavírus, como se transmite e todos os cuidados a ter em período de pandemia, não é uma tarefa fácil. Exige, antes de tudo, que a criança o veja como um exemplo a seguir. Por isso, evite, desde logo, mostrar-se ansioso, triste ou inseguro, fazendo um esforço para controlar estes sentimentos mais negativos. Depois, deve ter também consciência que, se tiver todos os cuidados de prevenção à frente da criança, como a frequente e correta lavagem e higienização das mãos, o uso da máscara, bem como seguir à risca a etiqueta respiratória, a criança assimilará mais facilmente esses gestos, que incluirá de forma mais espontânea na sua própria rotina.

Mas além de garantir que os seus filhos sabem os cuidados fundamentais, é preciso prepará-los para entender e enfrentar um isolamento profilático ou uma infeção confirmada, caso alguém próximo fique doente. Isto é particularmente importante porque, para algumas crianças, o período que vivemos pode desencadear ansiedade e uma enorme incompreensão: porque não posso ir à escola? Porque não devo estar com os avós? Porque não posso ir a um parque infantil? Porque anda toda a gente de máscara? É preciso ajudá-las a encontrar as respostas e estar particularmente atento a sinais como:

  • Alterações de humor e comportamento
  • Alterações nos hábitos alimentares
  • Dificuldade em adormecer
  • Preocupação excessiva associada a ansiedade e tristeza profunda

 

Não imponha regras, ensine-as de forma divertida

A partir de certas idades, é normal que as crianças queiram perceber melhor o que se passa e que surjam perguntas como "O que é a COVID-19?", "Como se transmite?", "Nunca vai desaparecer?", entre outras. Responda de forma sucinta, mas clara. Dando a informação necessária para apaziguar as dúvidas dos mais pequenos, sem soar a uma lição. Pergunte-lhe, em jeito de adivinha, tudo aquilo que já sabe sobre o novo vírus, de que forma é que se transmite a COVID-19 e o que se deve fazer para a prevenir. No caso de dúvidas ou de grande desconhecimento por parte da criança, pode fazer o contrário: pedir para ser a criança a lançar as perguntas, enquanto lhe responde com vocabulário simples e nunca incutindo medo ou preocupação excessiva. Pode fazer desenhos, escrever histórias, criar jogos de mímicas, inventar canções na hora de lavar as mãos ou outras atividades lúdicas para conseguir o seu objetivo. Não se esqueça que a brincar também se aprende.

 

Ensine às crianças os gestos obrigatórios para se protegerem da COVID-19

  • Lave as mãos com as crianças enquanto cantam uma música - explique ao seu filho que a melhor forma de prevenir a COVID-19 e até outras doenças é lavar muito bem as mãos. Faça-o de forma divertida e mostre-lhe como lavar todos os pontos das mãos, dos punhos aos nós dos dedos. Enquanto o faz, cante-lhe a sua música preferida e diga que só pode acabar a lavagem das mãos quando a música terminar.
  • Ensine-lhes o bê-a-bá da etiqueta respiratória - mostre à criança como cobrir a boca e o nariz sempre que tosse ou espirra, com o cotovelo flexionado ou com um lenço. Exemplifique e peça para ela repetir.
  • Explique-lhes a importância da distância mínima de segurança - pegue numa fita métrica e diga à criança para medirem as duas até dois metros na sua sala. Agarre numa das extremidades da fita métrica, enquanto a criança agarra na outra, explicando-lhe que é mais ou menos aquela distância que devem ter dos outros, sobretudo em espaços fechados.
  • Incentive-as a usar a máscara - a partir dos 10 anos a máscara é obrigatória. As crianças maiores de 2 anos podem usar a máscara, se a tolerarem, em transportes públicos ou espaços públicos fechados. Se a criança mostrar alguma reticência no seu uso, ponha a máscara, por exemplo, no seu peluche preferido e explique-lhe de forma simples como o seu uso pode evitar o contágio.

 

O que mais pode fazer para ajudar os seus filhos

Além dos gestos considerados básicos e obrigatórios, há outras ferramentas fundamentais para que os mais novos aprendam a lidar, da melhor forma, com a pandemia de COVID-19, nomeadamente:

  • Manter a calma - o seu estado de espírito vai influenciar os mais pequenos.
  • Respeitar o estado de espírito dos mais novos - não é por serem crianças que não se podem sentir ansiosos ou preocupados.
  • Mostrar que está disponível - diga aos seus filhos que, sempre que eles precisarem de conversar, estará lá para eles.
  • Ter cuidado com as conversas - evite usar a hora de jantar para falar da COVID-19 ou para ver noticiários. Não deve ocultar a realidade dos mais pequenos, mas também não tem de os expor à realidade de forma excessiva.
  • Promover a rotina - as crianças precisam de rotinas, é isso que lhes permite sentirem-se em controlo do que as rodeia. Por isso, ainda que em confinamento, mantenha as horas de deitar e acordar, defina tarefas ao longo do dia e também momentos de descontração em família.
  • Promover o uso das plataformas digitais - neste momento é a única forma de promover encontros e de garantir que os seus filhos mantêm o contacto com os amigos.

 

E se alguém na família ficar doente?

Se, na sequência de um contato direto e de risco, a sua família for obrigada a um isolamento profilático, deverá explicar aos seus filhos que terão de ficar em casa, mas que estão todos bem de saúde, e que tentará encontrar maneiras de os distrair e ocupar.

Caso o seu filho acuse positivo para COVID-19, e tendo em conta a maioria dos casos, o mais provável é que não apresente qualquer sintoma. No entanto, é possível que se sinta assustado - garanta-lhe que estará sempre acompanhado. Comece por explicar-lhe que, caso ele comece a manifestar sintomas, vão proceder como sempre fazem quando ele não se sente bem, entrando em contacto com o seu médico assistente. Depois, este profissional de saúde poderá prescrever a realização de um teste diagnóstico da COVID-19, cujos resultados poderão demorar cerca de um dia. Durante este período, a família terá de permanecer em casa. Caso o resultado do teste seja positivo e a criança se sinta suficientemente bem para ser acompanhada em casa, explique-lhe que terão todos de permanecer em isolamento até que o médico lhes diga que já podem sair. Sublinhe que essa medida é muito importante para evitar que outras pessoas fiquem doentes.

Se for outro elemento da família a ficar infetado - pais, avós, tios... - e que desenvolva sintomas ou possa até implicar um internamento, não esconda o que se passa e, se possível, promova o contacto via equipamentos eletrónicos ou telefone, para que possam ver as pessoas que mais amam.

 

Como explicar à criança que um dos pais está em isolamento?

Os pais podem explicar que a COVID-19 é uma doença contagiosa, que se transmite entre pessoas, através da fala, do riso, da tosse, dos espirros. Por isso, as pessoas doentes devem afastar-se dos outros para que o resto da família lá em casa não fique também doente. Explique ainda que rapidamente a mãe / o pai ficará bem e poderão juntar-se todos de novo. Nesse período, pode sugerir que as crianças façam desenhos para o progenitor isolado e contactem com ele através de telefone ou por videochamada.

 

Ter aulas em casa não é o mesmo que estar de férias

Há períodos em que pode haver indicação para que as crianças tenham aulas a partir de casa, por videochamada. Nestes casos, os pais podem explicar aos filhos que, por causa do novo coronavírus, as escolas, as lojas e muitos trabalhos tiveram que fechar para que o vírus não continuasse a ganhar e a deixar mais pessoas doentes. Mas, apesar de não haver escolas abertas, não significa que em casa seja só tempo de brincadeira. Há momentos (muitos) para brincar, incluindo com os pais e irmãos, mas é importante as crianças seguirem os conselhos dos professores, assistirem às aulas no computador e praticarem os exercícios. É também importante reforçar que logo que possível vão voltar à escola e aos amigos e continuar a aprender coisas muito divertidas.

Neste período de confinamento, é fundamental tentar manter rotinas. De qualquer forma, é um período frustrante para todos, crianças e adultos, pelo que é normal que elas se sintam tristes, zangadas, receosas ou mais ansiosas. Os pais devem dar sempre espaço para que as crianças expressem os seus sentimentos e angústias e ir esclarecendo dúvidas, com linguagem adequada à idade, limitando a exposição a notícias.

 

Quando a criança não pode ir à escola

Quando as escolas voltam a abrir, os pais podem explicar aos seus filhos que significa que estamos a ganhar à COVID-19, mas que o jogo ainda não acabou. Para o vírus não continuar a crescer, temos que respeitar algumas regras. Assim, se alguém de casa ficar doente, não podem ir à escola para proteger os amigos e os professores. E se algum amigo da sala ficar doente, pode ser preciso voltarmos para casa e ter mais uns dias de escola online.

Caso seja o seu próprio filho a testar positivo à COVID-19, explique-lhe com calma que vai correr tudo bem, mas que não pode ir à escola durante uns dias para proteger os amigos e os professores. Diga que às vezes o vírus não dá nenhum sintoma, mas noutras pode dar febre, dores no corpo, tosse e mal-estar.

Se se sentir capaz, a criança pode acompanhar as aulas e matar saudades dos amigos pelo computador. Pode aproveitar o mimo dos pais ao máximo e brincar mais se lhe apetecer. Rapidamente, estará de volta à escola.

 

Atenção

Fique atento a quaisquer sinais ou sintomas da sua criança. Se a vir tossir, com febre ou cansada, acompanhe de perto a evolução destes sintomas e se persistirem contacte o seu médico assistente ou a Linha SNS 24 (808 24 24 24). Outros sintomas como dor de barriga e falta de ar também são indicadores de que deve procurar assistência médica.

Publicado a 04/03/2021