Mais uma dose de reforço da vacina da COVID-19:

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COVID-19
Prevenção e bem-estar
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A diminuição da imunidade e as novas variantes são as principais razões que motivam a administração de mais um reforço da vacina da COVID-19.

Com o inverno a aproximar-se, além da gripe, é de esperar o surgimento de novas vagas de COVID-19. Justamente por isto, a nova campanha de vacinação tem como grande objetivo diminuir o impacto destas mesmas vagas, procurando combater nomeadamente as subvariantes da Ómicron, com uma resposta imunitária adaptada.

 

De acordo com um comunicado da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), espera-se que as novas vacinas agora disponíveis “ajudem a manter um nível de proteção ótimo contra a COVID-19, acompanhando a evolução do vírus”. Em Portugal, a primeira fase da campanha de vacinação outono-inverno 2022-2023 já começou e decorrerá até 17 de dezembro de 2022.

 

No final do ano passado, em Portugal, foram administradas doses de reforço ao plano vacinal primário da vacina contra a COVID-19 a alguns grupos mais expostos e mais vulneráveis da população.

Assim, o que explica a necessidade de administrar mais doses de reforço? São essencialmente dois fatores subjacentes a esta decisão: a circulação e a infecciosidade (e consequente aumento dos casos) da variante Delta e a diminuição dos níveis de imunidade decorrido algum tempo após terminado o esquema vacinal inicial. A estes dois fatores junta-se agora também o surgimento das novas variantes e subvariantes, como a Ómicron, que levou ao desenvolvimento destas novas doses de reforço. Este reforço é particularmente relevante se tivermos em conta que, desde o início de 2022, estima-se que mais de 98% das transmissões sejam da variante Ómicron e das suas subvariantes.

 

Diminuição da imunidade

A investigação sobre a COVID-19 - um vírus recente e sobre o qual ainda continuamos a aprender coisas novas - e sobre as vacinas é constante e os novos dados têm demonstrado que a proteção conferida contra o SARS-CoV-2 pode diminuir ao longo do tempo - cerca de seis meses após completar o esquema vacinal. Tendo esta informação como base, concluiu-se que a dose de reforço da vacina contra a COVID-19 pode maximizar o nível de imunidade e prolongar a sua duração.

Ainda não se sabe exatamente por que motivo os níveis de imunidade decrescem com o tempo, contudo, esta redução não significa que as vacinas não são eficazes. As vacinas contra a COVID-19 previnem a doença grave, a necessidade de hospitalização e até a morte, devido à maior capacidade de infeção das novas variantes: primeiro a Delta e depois a Ómicron.

No entanto, é importante ter em consideração que os níveis de imunidade não se medem apenas pelo número de anticorpos no sangue causados pela vacina relativamente a um determinado tipo de vírus. Existem outros fatores a ter em consideração, como a chamada imunidade celular.

 

Vantagens de uma dose de reforço

Os dados científicos obtidos até à data sugerem que a dose de reforço da vacina leva à produção de níveis de anticorpos que ultrapassam significativamente aqueles que são conferidos pelo esquema vacinal inicial (de uma ou duas doses iniciais, consoante a marca). Estas evidências sugerem, assim, que a dose de reforço pode ser benéfica do ponto de vista da prevenção da doença grave, da necessidade de hospitalização e também da morte em grupos mais vulneráveis.

A administração da dose de reforço é igualmente uma ferramenta importante para prevenir infeção e surtos em profissionais que, pelas suas tarefas, apresentam maior risco de exposição e de transmissão do SARS-CoV-2 a outras pessoas, sobretudo às mais vulneráveis.

Além disto, as atuais doses de reforço são específicas para o combate às subvariantes entretanto identificadas da variante atual, Ómicron.

 

Com que vacinas é feito o reforço e quando?

A dose de reforço deve ser feita com uma vacina mRNA, independentemente do esquema vacinal que tenha tomado anteriormente. Esta deverá ser dada quatro a seis meses após a toma da última dose do esquema vacinal completo (seja de duas ou de uma dose) ou da primeira dose de reforço ou de uma infeção por SARS-CoV-2.

Mas estas vacinas que agora serão administradas são diferentes das doses de reforço administradas no final de 2021. As vacinas que agora chegam a Portugal para a vacinação outono-inverno 2022-2023 são as aprovadas mais recentemente pela EMA e produzidas especificamente para as subvariantes da Ómicron: a BA.4 e BA.5.

 

Quais as vantagens de receber este reforço?

Como já referido, não é claro o tempo de proteção que as vacinas da COVID-19 conferem. Isto pode significar que pessoas que tenham terminado o esquema vacinal há seis meses possam já não possuir anticorpos.

Além disto, este reforço é ainda mais relevante se tivermos em conta que, neste ano de 2022, a variante que mais circula é a Ómicron e que estas doses de vacina agora lançadas são adaptadas especificamente para as subvariantes desta estirpe. Ou seja, este reforço ajudará a proteger especificamente da tipologia de SARS-CoV-2 que é agora dominante.

 

Quem deve ser vacinado?

De acordo com o SNS, estas novas vacinas podem ser administradas a todos os que tenham mais de 12 anos, mas nesta primeira fase da campanha de vacinação outono-inverno 2022-2023 deve ser dada prioridade à vacinação de:

  • Pessoas com idade igual ou superior a 60 anos de idade
  • Pessoas com 18 a 59 anos com comorbilidades de risco, nomeadamente nas áreas da neoplasia maligna ativa, transplantação, imunossupressão, doenças neurológicas, doenças mentais, doença hepática crónica, diabetes, obesidade, baixo peso, doença cardiovascular, doença renal crónica, doença pulmonar crónica, trissomia 21 e doenças lisossomais
  • Pessoas com 12 a 17 anos com comorbilidades de risco, nomeadamente nas áreas da neoplasia maligna ativa, transplantação, imunossupressão, doenças neurológicas, perturbações do desenvolvimento, diabetes, obesidade, doença cardiovascular, insuficiência renal crónica e doença pulmonar crónica
  • Profissionais de saúde e de outros serviços similares
  • Bombeiros que façam transporte de doentes
  • Profissionais e residentes em lares ou instituições similares
  • Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
  • Estabelecimentos prisionais

 

Efeitos secundários da vacina

Os efeitos secundários que pode sentir após a toma da dose de reforço da vacina da COVID-19 são temporários e semelhantes aos registados após a administração das doses anteriores:

  • Dor no local
  • Inchaço no braço
  • Febre
  • Dores corporais
  • Dor de cabeça
  • Fadiga

 

Habitualmente, os sintomas têm uma duração de 1-2 dias e ocorrem devido à resposta do nosso sistema imunitário à vacina.

 

Também devo ser vacinado contra a gripe?

A campanha de vacinação outono-inverno 2022-2023 pressupõe a dupla vacinação: além do reforço para a COVID-19, será administrada a vacina da gripe, sendo que, caso opte por receber as duas vacinas em simultâneo, o SNS aconselha que as vacinas sejam administradas em braços diferentes.

A vacina da gripe recomenda-se a pessoas com idade entre os 60 e os 64 anos e a grupos considerados prioritários, nomeadamente:

  • Grávidas
  • Pessoas com doenças crónicas ou imunitárias
  • Residentes ou internados por períodos prolongados em instituições de cuidados de saúde
  • Pessoas com 65 anos ou mais, particularmente se residentes em lares de idosos ou semelhantes
  • Coabitantes e prestadores de cuidados de saúde de crianças ou adultos que tenham risco elevado de complicações pós gripe
  • Profissionais de serviços de saúde e outros serviços prestadores de cuidados, como bombeiros, profissionais de estabelecimentos de ensino
  • Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados
  • Profissionais e reclusos em estabelecimentos prisionais
  • Residentes em lares de idosos, de apoio, residenciais e centros de acolhimento temporário
  • Utentes de serviço de apoio domiciliário ou apoiadas no domicílio
  • Doentes internados em unidades de saúde com doenças crónicas
Fontes:

Centers for Disease Control and Prevention, novembro de 2021

Cleveland Clinic, novembro de 2021

Direção-Geral da Saúde, novembro de 2021

Johns Hopkins Medicine, novembro de 2021

SNS24, setembro de 2022

The Lancet, setembro de 2022

Informação atualizada a 19/09/2022

 

Data original de publicação:

Publicado a 29/11/2021
Doenças